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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Abril 13, 2022

Há algoritmos que não perco por nada

Miguel Marujo

TinyVipers2.jpeg

 

Há algoritmos que contaminam os nossos dias com prazer, já escrevi em tempos. E estes dias com mais tempo permitem-me deixar o algoritmo ir navegando por ele, alinhavando canções e vozes que aqui e ali me surpreendem. Falta tempo é para parar em cada uma das propostas e ir ouvir tudo o mais que ali mora — e o Spotify, no caso, multiplica-se por mil, desvelando um oceano de música que nunca estaria ao nosso alcance de outro modo (sim, não ignoro como pagam mal aos autores que lhes valem todo o tráfego do mundo, mas esta montra já me levou a vários sites de artistas e a lojas para comprar aquele disco em que tropecei).

Estes dias têm-se feito sobretudo no feminino, a partir de uma canção que me era proposta nas “descobertas da semana” — e não há classificação mais enganadora, porque não se trata necessariamente de música recente: por exemplo, a tal canção de que falo é de um álbum de 2020, e depois apanhei-me viciado numa outra cantora, Tiny Vipers, cujos discos disponíveis vêm de 2007 e 2010 (mas já fui à sua conta no Bandcamp, na qual ouvi as coisas mais recentes e mais antigas…). 

 

Dizia: a partir de Monk’s Robes, de Deradoorian, do álbum Find The Sun, vi-me a navegar num mar muitas vezes enganadoramente calmo. Volto a Tiny Vipers (na foto), ou melhor, Jesy Fortino, por exemplo, e descubro na sua biografia disponibilizada no Spotify que colaborou com Grouper (um projeto de Liz Harris), outra favorita recente. Daí já ouvi em loop nomes atrás de nomes, alguns já bem familiares — como Marissa Nadler ou Brendan Perry —, a maioria completas novidades, sem que alguma vez me tenha visto a carregar para a canção seguinte, e várias vezes tenha ido espreitar quem canta, e ouvir discos inteiros. Falta-me vida e tempo para isto. Talvez alguém queira financiar este meu trabalho de prospeção. 

 

Tomem nota, numa amostra breve e apressada: Deradoorian, Tiny Vipers, Emily Jane White, Heather Woods Broderick, Yowler, Gyða Valtýsdóttir, Hilary Woods, Gareth Dickson, Sarah Davachi (e a lista vai crescer certamente). Há algoritmos que não perco por nada. Não têm de quê.

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