Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Abril 28, 2020

Dez discos que influenciaram o meu gosto musical. 8

Miguel Marujo

U2JoshuaTree.jpg

Pediram-me para escolher 10 álbuns que influenciaram o meu gosto musical. Um álbum por dia, 10 dias consecutivos. Pediram-me sem ordem cronológica, sem explicações, sem críticas, apenas as capas de álbuns. Mas não consigo deixar de contar um pouco da (minha) história de cada um deles. E à boleia acrescentar outras influências que nasceram daqui.

U2: The Joshua Tree

No tempo dos telediscos, em que a música também se via, aqueles rapazes divertiram-me em cima de um prédio até serem chamados pela polícia. Já disse que se ganha quando se é o irmão mais novo – e se ouvem coisas que os mais velhos trazem para casa. Foi o caso com os U2: Sunday Bloody Sunday e Bad já eram hinos para mim quando chegou um novo álbum, The Joshua Tree.

É o álbum da América, depois de The Unforgettable Fire, é a descoberta de uma América que os U2 nos apresentaram há 33 anos, quando a 9 de março de 1987 chegou às lojas esta carta de amor pelos Estados Unidos e que nos fez também apaixonar por essa América, de espaços a perder de vista.

É também para muitos o derradeiro disco que vale a pena ouvir dos irlandeses, esquecendo esses muitos que a banda se soube reinventar como poucos em Achtung Baby e Zooropa, o genial díptico berlinense, do início dos 90, e que nunca baixou a guarda, fosse no extraordinário Original Soundtracks 1, com Brian Eno, em Pop ou No Line on the Horizon, ou no modo inventivo como souberam transportar cada um dos álbuns, incluindo os menos conseguidos e mais fustigados pela crítica, para os palcos, como as derradeiras digressões de Songs of Experience e Songs of Innocence o demonstram.

Bono, The Edge, Adam Clayton e Larry Mullen Jr. já nos contaram a sua história em 14 discos originais e muitas outras obras ao vivo ou em participações especiais e deixaram uma marca de génio que tanto moldou o meu gosto musical.

Foi a partir deles – e isto soará a sacrilégio para muitos! – que descobri os universos sonoros de Brian Eno e Daniel Lanois, que me embrenhei mais na América de Bruce Springsteen e Bob Dylan ou na poesia de Leonard Cohen (os irmãos também já tinham ajudado, mas os U2 convenceram-me), que me apaixonei pela voz de Johnny Cash e que me rendi a Lou Reed e a Siouxsie and the Banshees. Foi no deserto que encontrámos o amor.