Abril 22, 2020
Dez discos que influenciaram o meu gosto musical. 3
Miguel Marujo
Pediram-me para escolher 10 álbuns que influenciaram o meu gosto musical. Um álbum por dia, 10 dias consecutivos. Pediram-me sem ordem cronológica, sem explicações, sem críticas, apenas as capas de álbuns. Mas não consigo deixar de contar um pouco da (minha) história de cada um deles. E à boleia acrescentar outras influências que nasceram daqui.
Virginia Astley: Hope In a Darkened Heart
Não me recordo o que me fez comprar este que foi o primeiro disco que comprei com dinheiro amealhado por mim. Talvez uma crítica lida num jornal, talvez a breve audição na rádio ou mesmo na loja de Some Small Hope, a canção que Virginia Astley canta com David Sylvian, envoltos em teclas que nos soam a sinos.
Sei que ouvi Hope In a Darkened Heart intensamente e o vinil revela hoje as marcas desses tempos de escuta extasiada — e que este álbum me levaria à descoberta da escassa discografia da britânica, sobretudo dessa obra-prima que é From Gardens Where We Feel Secure.
O dueto com Sylvian transportou-me para outra descoberta absolutamente fundamental que é o universo do antigo frontman dos Japan e que influenciaria em absoluto o meu gosto musical. Por isso, o superlativo Secrets of the Beehive é um dos discos da minha vida, sempre ouvido com renovado prazer, mas também por isso me deixo sempre fascinar pelas sonoridades e texturas mais ou menos experimentais de quem arrisca uma Pop Song que é uma “antipopsong” ou nos conduz pelas Forbidden Colors com Ryuichi Sakamoto — e o japonês, que esteve na produção do disco de Virginia Astley, é também ele uma descoberta desta época. Santíssima trindade!