Dezembro 19, 2014
Como erraram num, já preparam a sucessora
Miguel Marujo
Tomem nota nesta prosa do historiador do regime: «As velhas lideranças falharam e perderam alguns dos meios com que controlavam o país. Há lugar para novos protagonistas. E esta semana, Maria Luís Albuquerque deixou o aviso: pode não se ir embora.»
E agora recuem a 2009-2011, leiam os mesmos blogues, os comentadores-militantes de ontem e hoje e os mesmos ruis ramos desta vida. Nem mais: aqueles que agora empurram Maria Luís para a liderança do PSD, são exatamente os mesmos que levaram ao colo Pedro Passos Coelho nos meios de comunicação social até este chegar a presidente laranja, primeiro, e primeiro-ministro depois.
Apesar de manterem o elogio cego numa governação que espelha o mais absoluto autismo perante a realidade, os senhores que dominam a opinião publicada em Portugal (num desequilíbrio direitista que não é de agora, apesar de também eles apregoarem o perigo esquerdalha nas redações portuguesas), eles sabem que Passos falhou em toda a linha porque não soube convencer os portugueses de que vivem melhor do que quando da suposta bancarrota de 2011: a pobreza aumentou, o desemprego é imenso (e disfarçado com estatísticas que limpam os números), o défice não desce e a dívida não para de crescer. E perante a evidência que a austeridade não funcionou, a rapaziada ensaia uma fuga em frente com um novo nome para a sua obsessão neoliberal de reduzir o Estado a uma sopa dos pobres e alimentar os negócios privatizados para amigos tecnofórmicos e capitais de duvidosa reputação (mas o problema eram os magallanes para o Chávez).
Maria Luís é a dama de ferro (que «gosta de política», que «tem uma atitude distintiva», que «não vê drama nenhum em estar à direita», que «é relativamente jovem») com que sonham para rematar o seu programa, mesmo que para isso matem o protagonista que eles alimentaram em anteriores "compromissos Portugal". Mas voltem a 2009-2011: Passos Coelho era isto tudo, gostava de política, distinto, sem problemas em se afirmar liberal, relativamente jovem. Mas, hoje, Pedro já era, a ministra das Finanças é a senhora que querem (a) seguir.