Agosto 08, 2014
A crise de que não saímos bem
Miguel Marujo
«Desde que este governo tomou posse, a Segurança Social cortou apoios a 170 mil pessoas. O rendimento social de inserção perdeu 1/3 dos beneficiários em plena crise económica, o que configura uma anormalidade na resposta social – a menos que acreditemos que todos aqueles a quem foi cortado tinham automóveis de 100 mil euros, como chegou a afirmar o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, num regresso à sua campanha eleitoral típica de pôr pobres contra pobres. A segunda prestação que mais desceu foi o complemento para idosos – outro dos grupos sociais mais afectados pela crise. Resta o subsídio de desemprego a subir, em correlação óbvia com o desemprego galopante (ainda que a taxa oficial dê agora sinais de redução). Esta crise sistémica, a da decadência do Estado enquanto promotor dos mínimos de igualdade, está no seu esplendor. A aceitação generalizada de que as pessoas podem – e devem – falir é a miséria do nosso tempo.» Ana Sá Lopes, in jornal i.