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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 13, 2014

A Argentina

Miguel Marujo


[fotos de imigrantes chegados a Buenos Aires, entre finais do século XIX e inícios do século XX. Museu da Imigração de Buenos Aires, Argentina, foto MM, Dez. 2004]

 

Quando o Avô João saiu com a promessa de que ia à feira de Março comprar o cavalo branco ao filho, o meu Pai, foi a maneira simples de lhe dizer - aos 4 anos - que ia atravessar o oceano Atlântico e tentar a vida que o Portugal dos anos 1930 não lhe dava. Tentar a vida numa Argentina que acabou sempre por ser, para mim, um território tão próximo e tão longínquo, mesmo depois de eu ter conhecido aquele homem já velho que dizia caracoles e a quem aprendi a chamar avô. Talvez por isso, hoje, me sinta muito mais próximo da Argentina, num dia assim, mesmo que seja fácil querer a derrota de Merkel na bancada ou mesmo que seja fácil amar um país que tem Buenos Aires e El Ateneo e tango e Piazzolla e Borges e Cortázar e Valeria Mazza e La Bombonera e Maradona e San Telmo e El Caminito. Mas hoje o meu Avô João também entraria em campo. E eu jogaria com ele e com o meu Pai. E Messi, pois.

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