Julho 17, 2006
Profissão de fé
Miguel Marujo
Não tenho vocação de evangelizador, apesar de me dizerem que essa é condição de crente. Devo por isso corrigir: não tenho vocação para impor aos outros o meu ponto de vista, a minha verdade, no campo da fé. [No campo das ideias e dos gostos, é diferente: o debate e a aprendizagem podem ajudar que o outro se aproxime de nós.] Falha-se-me a teologia, esqueço-me das palavras que podem ser adequadas. Mas o mais difícil é sermos inquiridos por uma vocação que não é nossa. Se o Papa insiste em defender a sua família, diferente da minha, porque tenho de ser chamado a defender ou desculpar ou atacar ou criticar (ou outro qualquer verbo politicamente correcto) a posição da Igreja oficial de Roma? Não tenho. Mas isto, e deixem-me baralhar de novo, também é parte de mim. Ser desta Igreja, viver destas contradições. Não é fácil, já se vê. Mas sabe bem. Não tenho é vocação para pregador.