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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 07, 2004

A ópera de São Bento

Miguel Marujo

No zapping nocturno, à espera de mais um longo dia de Jack Bauer, tropeço no improvável Canal Parlamento, agora transformoraisado em AR Tv, onde perora um senhor de fato e gravata sobre as virtudes dos grandes oradores parlamentares do século XIX.



Já não vou a tempo de confirmar se ali se fala de José Estêvão (colocado nas traseiras do Palácio de S. Bento e filmado quando a linha de texto se refere a João Franco), mas o tom entusiasta do historiador Rui Ramos - descubro depois - leva-nos para um tempo de excelência, que é o da Regeneração.



As galerias de São Bento, conta-nos, enchiam-se de populaça - como carinhosamente dizia D. Carlos, o quase-último - para ouvir aqueles debates, um espectáculo operático digno do Teatro São Carlos. O carro eléctrico já subiria penosamente a Calçada do Combro para fazer a ligação entre estes dois palcos? Não sei, confesso. Mas hoje a ligação mais directa passa por um livro de ponto que é justificado com finais em Sevilha e golpes na secretaria para substituir jogadores que nem são do plantel.




estátua de José Estêvão, em Aveiro




O documentário de 2003 comemorou os 100 anos da restauração do Parlamento, depois da ditadura franquista (também a tivemos). Com a locução viva de Fernando Alves e Mário Dias, o texto era por vezes "cifrado" e as imagens nem sempre adequadas. Mas soube bem esta pincelada de história política. Por vezes, fechando os olhos, parecia um noticiário da TSF dos dias de hoje.