Junho 05, 2003
DEUS NA CONSTITUIÇÃO EUROPEIA
Miguel Marujo
Ora bem... de que vamos falar?
Retomemos o espírito cibertúlico.
Li hoje no Público uma peça bastante polémica, do Pacheco Pereira, de que retiro um naco: «Deixo aqui de parte a polémica sobre se a Constituição devia ou não incluir o nome de Deus, mas, se neste "preâmbulo", se pretende fazer uma síntese das grandes correntes civilizacionais da Europa, a ausência do cristianismo só pode ser ideologicamente motivada. Percebe-se melhor o sentido dessa ausência pela valorização directa do papel daquilo a que se chama as "correntes filosóficas do Século das Luzes". Não é difícil reconhecer a vulgata da Revolução Francesa, como fundadora da contemporeneidade da história, tal como é descrita pela tradição jacobina e "progressista" do positivismo e racionalismo francês.
Eu sou agnóstico e defendo a separação da Igreja e do Estado, mas conheço o pouco de história necessária para saber que a Europa, enquanto unidade política, é muito mais um resultado do cristianismo do que de qualquer outra coisa.»
Fecho a citação [texto completo aqui].
Confesso que há dias me apeteceu assinar uma petição contra qualquer referência "cristã". O texto é do Partido Radical europeu - e está disponível no site deles. Mas, hoje, depois de ler o Pacheco fiquei com dúvidas. Até que ponto invocamos a laicidade da Europa para fugirmos ao medo de assumirmos uma identidade que nos é própria - no caso a cristã, para quem é cristão.
Fica o desafio cibertúlico. Prometo ir falando.
Retomemos o espírito cibertúlico.
Li hoje no Público uma peça bastante polémica, do Pacheco Pereira, de que retiro um naco: «Deixo aqui de parte a polémica sobre se a Constituição devia ou não incluir o nome de Deus, mas, se neste "preâmbulo", se pretende fazer uma síntese das grandes correntes civilizacionais da Europa, a ausência do cristianismo só pode ser ideologicamente motivada. Percebe-se melhor o sentido dessa ausência pela valorização directa do papel daquilo a que se chama as "correntes filosóficas do Século das Luzes". Não é difícil reconhecer a vulgata da Revolução Francesa, como fundadora da contemporeneidade da história, tal como é descrita pela tradição jacobina e "progressista" do positivismo e racionalismo francês.
Eu sou agnóstico e defendo a separação da Igreja e do Estado, mas conheço o pouco de história necessária para saber que a Europa, enquanto unidade política, é muito mais um resultado do cristianismo do que de qualquer outra coisa.»
Fecho a citação [texto completo aqui].
Confesso que há dias me apeteceu assinar uma petição contra qualquer referência "cristã". O texto é do Partido Radical europeu - e está disponível no site deles. Mas, hoje, depois de ler o Pacheco fiquei com dúvidas. Até que ponto invocamos a laicidade da Europa para fugirmos ao medo de assumirmos uma identidade que nos é própria - no caso a cristã, para quem é cristão.
Fica o desafio cibertúlico. Prometo ir falando.