"Our communities have been deeply enhanced by immigration, be it of Irish Catholics across the constituency or of Muslims from Gujarat in India or from Pakistan, principally from Kashmir. While we celebrate our diversity, what surprises me time and time again as I travel around the constituency is that we are far more united and have far more in common with each other than things that divide us." - Jo Cox, deputada do Partido Trabalhista, morta esta quinta-feira.
Olhem para as mãos, reparem bem nas mãos longas, dedos esguios, o piano subserviente a essas mãos, a esses dedos, soltando os tons fortes que fazem da voz (e que instrumento senhores!), que fazem da voz, dizíamos, um templo, de um homem de quem os deuses se esqueceram, eu lembro-me de onde vim, eu vim do nada, até alguém ouvir como aquela voz falava de deus - aquele que tem amor no nome.
Olhem para as mãos e entenderão a voz. Esguia, linda, forte, grave, aguda, sussurrada, é esse o homem que se apresenta no palco do Coliseu, quase despojado como quando vivia nas ruas agarrado a um piano que o agarrou à vida. A acompanhar esta voz e piano, a percussão, forte e sincopada, que faz dançar as histórias que Benjamin Clementine canta. E também um quinteto de cordas que não é decorativo, também ele a tomar corpo nas palavras do contador de histórias - e como ele as conta entre as canções, ou nas letras das canções, com um humor inesperado numa noite quente, ainda bem, já estava farto do tempo de Londres.
O humor é também arma para melhor homenagear um público que bebe palavras e acordes sedento, indo buscar Seu Jorge, num português-clementine tão humilde e desarmante que tudo se perdoa. Ou Adiós, repetido em a cappella, para deixar então o palco, depois de dois encores exigidos por um Coliseu sedento (já dissemos), que termina em variação para um derradeiro e cantado obrigado. Olhem para as mãos e ouvirão a voz.