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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Dezembro 24, 2015

Os meus melhores discos de 2015

Miguel Marujo

[originalmente publicado na Máquina de Escrever, com ligeira edição aqui] 


A minha lista é sempre impressionista – feita de afetos e sobressaltos. Depois de ter fechado estes dez nomes todas as dúvidas e muitos outros discos me assaltaram o pensamento e os ouvidos: Panda Bear, Björk, Bob Dylan, Robert Forst, John Grant, Father John Misty, Courtney Barnett (e o segundo dos Beach House), ou noutras paragens Max Richter, Tigran Hamasyan & The Yerevan State Chamber Choir, Anouar Brahem e Gidon Kremer…

E os portugueses, claro, como Aldina Duarte a duas vozes no seu mais recente trabalho, os frescos GNR (em estúdio, com Caixa Negra, e ao vivo, em Afectivamente), o mar de Medeiros/Lucas, os senhores Sérgio Godinho + Jorge Palma, o finalmente em português David Fonseca e as origens arqueológicas de Balla.

No posto de música, escolhi estes dez. Não me peçam que me explique, peço-vos que ouçam.

1. Benjamin Clementine, At Least For Now
2. Sufjan Stevens, Carrie & Lowell
3. Julia Holter, Have You In My Wilderness
4. Ibeyi, Ibeyi
5. Blur, The Magic Whip
6. Songhoy Blues, Music In Exile
7. Daniel Knox, Daniel Knox
8. Beach House, Depression Cherry
9. Kendrick Lamar, To Pimp a Butterfly
10. Tame Impala, Currents

 

PS: Dos filmes, vi poucos; das séries, faltaram-me muitas; dos livros, ando a recuperar há anos… Mas registo Inside Out (Divertida mente), Coração de Cão e As Mil e Uma Noites (ainda que visto de forma incompleta) nos cinemas; Narcos, House of Cards e Jessica Jones no pequeno ecrã; e Finalmente o Verão, O Dicionário do Menino Andersen e O Independente – A Máquina de Triturar Políticos nas leituras (e resisto a falar da aventura que foi escrever um livro e dar-lhe forma). Bom 2016.

Dezembro 04, 2015

À mesa

Miguel Marujo

Há um olhar que se demora nos que ocupam as outras mesas. A velhinha que almoça uma torrada e leite, a rapariga de beleza eslava que demora o brilho dos olhos no ecrã do telemóvel, a mãe idosa e a filha de meia idade que trocam banalidades sem outras preocupações, aqueles dois homens, branco velho, negro novo, estranha figuração de não-ditos, e o empregado que se pendura no escadote a fixar o anjo. Não há anjos na minha mesa.