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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Setembro 03, 2015

A onda de indignação

Miguel Marujo

SantaCruz.jpg

Durante anos, Timor-Leste era a luta de uns guerrilheiros nas montanhas, de timorenses no estrangeiro e de alguns movimentos e pessoas que, sobretudo em Portugal, mantinham acesa a chama pela autodeterminação e independência deste povo. Durante anos, tudo parecia falhar para mobilizar a opinião pública, até que a prova de mais um crime indonésio rompeu o isolamento internacional a que estava votado Timor-Leste e o massacre de Santa Cruz tornou-se a imagem que faltava para despertar consciências. Estes dois rapazes filmados por entre sons confusos de sirenes, gritos e tiros, ajudaram a que uma onda de indignação agitasse as sociedades civis e, finalmente, os governantes um pouco por todo o mundo que tinham como inevitável a ocupação indonésia começaram a questioná-la. A história é conhecida: em 1999, os timorenses foram por fim chamados a decidir do seu destino, votaram esmagadoramente pela independência.

Se tivéssemos desdenhado do poder destas imagens - porque só ao fim de 20 e poucos anos o mundo acordava para a causa timorense, com imagens que retratavam algo que se passava há anos e anos e que toda a gente parecia ter descoberto então - e não tivéssemos cavalgado essa onda de indignação, Timor-Leste talvez ainda fosse (como ainda é o Sara Ocidental) um território ocupado.