Janeiro 27, 2014
Perplexidades. Dos telejornais destes dias
Miguel Marujo
1. Condenar a praxe e mostrar a violência da praxe têm de ser autónomas de qualquer investigação à tragédia do Meco. Infelizmente, como noutras tragédias-casos-de-polícia, a comunicação social prefere condenar em vez de questionar.
2. As autoridades ameaçaram retirar Daniel à família. O bebé que esteve desaparecido teve hoje alta, mas durante estes dias alguém soprou aquela possibilidade para os jornais. Das duas, uma: ou a família teve responsabilidades no desaparecimento, e aí deve questionar-se a tutela familiar, ou o facto de se ser pobre não deve ser razão para retirar uma criança à família. O Estado que rejeita a coadoção para casais homossexuais, gosta muito de tutelar esta "pobreza".
3. Nunca entenderei o tratamento da "cultura" nos telejornais: não percebo os critérios de notícia. Telejornais que ignoram sistematicamente o lançamento de novos discos e filmes, correm a divulgar peças por insondáveis mistérios. Exemplo? Ontem, na SIC, tivemos direito a notícias sobre o novo disco de... Kátia Aveiro; e sobre o filme Um Lobo em Wall Street, já em exibição há um par de semanas.
4. Mais insondável: um jornalista-pivô terminar o noticiário dando conta de que "já a seguir" pode ver um programa de cantorias no mesmo canal. Como se fosse uma qualquer notícia ou como se se tratasse de um locutor de continuidade.