Fotografia ©Carlos Manuel Martins/Global Imagens
«Aos amigos, acolhemos calorosamente, mesmo quando o último encontro já tenha sido há um par de anos. Foi o caso dos The National, que esta quinta-feira à noite regressaram a Lisboa.
Numa sala grande, como o Meo Arena, que não esgotou, o vinho e a conversa compuseram o encontro de velhos amigos, que conhecem as histórias de cor e salteado, completam as frases, cantam por cima e acompanham com aplausos e emoção as palavras encorpadas - ou berradas. Há festas assim!
Entre maio de 2011, no Campo Pequeno, e agora, fomos recebendo notícias vertidas nas canções novas de "Trouble will find me". Ouvidos esta noite, os temas do álbum lançado em maio passado ainda se estranham aos primeiros acordes, mas já se entranham, como nas duas canções que abriram a noite: "Don't Swallow the Cap" e "I Should Live in Salt". Mas a empatia é maior ao anúncio de Matt Berninger de uma "old song" que aí vem - e de uma assentada ouvem-se "Secret Meeting" e depois "Bloodbuzz Ohio".
O rapaz que canta de copo de vinho na mão, que salta para o meio da plateia e se faz voar por entre o público (já no "encore") não falhando uma nota nem os braços e as cabeças que o apoiam, é mestre de uma cerimónia que admite pequenos crimes entre amigos. Os estalidos do microfone ou a amálgama de uma acústica que nunca foi famosa e que quase faz perder, por instantes, a harmonia dos sopros e das guitarras, mesmo quando as canções aceleram.
"Pause", "play", "fast forward", é assim que em palco a banda americana insiste em cantar o que de novo fez, com "Demons", "Sea of Love" e "Hard to Find". Há também tempo para "Lean", da banda sonora de "Hunger Games" ("É bom? Ainda não vi", diz Matt). E para voltar a outros discos anteriores, aqueles que foram construindo o sucesso de culto em Portugal e que os trouxe pela 11ª vez a palcos nacionais.
A hora e meia de concerto e de 20 músicas, antes do regresso ao palco para mais quatro canções no "encore", encerra-se com um quarteto de luxo: "England", "Graceless", "About Today" e "Fake Empire".
Os amigos quando se sentem bem acolhidos sabem retribuir e Matt explica como gosta de regressar a Portugal - "vocês já prestavam atenção quando mais ninguém nos prestava atenção". Mais ainda quando "Sorrow", "Mr. November", "Terrible Love" e (numa versão já conhecida, quase 'a capella') "Vanderlyle Crybaby Geeks" encerra mais um encontro em que tantos saem a cantarolar as velhas e novas histórias daqueles amigos, velhos conhecidos.» [a minha crónica do concerto, publicada no DN]