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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Setembro 07, 2012

Este é o professor que está a mais

Miguel Marujo

 

Diz hoje Nuno Crato que há "professores a mais". Tenho sempre muita dificuldade em falar das pessoas como estando "a mais". Vamos fazer o quê com as pessoas a mais? Eugenia? Deixá-las à fome? (Aqui, pelos vistos, eles já começam a tentar.) Agora: o número médio de alunos por turma é qual? Quem o aumentou descaradamente? Crato. Que diz que há alunos a mais. Se ele começasse por reduzir o número de alunos por turma para padrões europeus de qualidade teríamos certamente menos professores supostamente sem nada.

 

Contas da Pordata dizem-me que em Portugal seriam 13,3 alunos por professor em 2000; e 11,2 em 2010. Na Alemanha para este mesmo ano são 12, na Áustria e Bélgica 11,1 e na Dinamarca 7,1! (Ainda dados da Pordata)

Como se vê: é um disparate dizer que há professores a mais. O que há é política de educação a menos e vontade séria de rever o ensino. Se calhar, deteriorando a escola pública mais se consegue empurrar muitos para o privado. E ficamos com os "carpinteiros" e "eletricistas" no público. Deve ser essa a filosofia de Crato. O único professor que está a mais, já se percebeu.

Setembro 07, 2012

Estados relativos das coisas

Miguel Marujo

Em férias, chegam ecos difusos do que acontece (porque os jornais entram mas a sua leitura é mais solta) e por aí a indignação com este estados de relativismo das coisas se esvai nas ondas do mar. Mas choca-nos este relvado imenso que se estende a uma clique angolana por interpostos testas de ferro que fazem a ponte ou empresas que são vendidas porque a profissão mais velha do mundo não larga os negócios deste Estado.

Choca-nos a relativização da segregação social que se quer impor logo nos primeiros anos de escolaridade com a desculpa de uma maior justiça social.

Choca-nos o passa-culpas entre irresponsáveis que insistem que mandam na Europa e neste país, sem que tenham mandato pelo povo.

Choca-nos que se venda tudo sem qualquer justificação só porque se acha que estão mandatados pelo povo (omitindo as mentiras que já sancionaram depois desse mandato).

Choca-nos que, para os que nada podem fazer, a mão é sempre pesada, e que para os de sempre haja fundos e mundos.

As férias só diluem a nossa passagem por aqui porque, de resto, não calam a nossa indignação perante os atropelos à vida que todos os dias os senhores deste país cometem - com a complacência relativista de tantos que ainda há pouco mais de um ano rasgavam vestes com coisas menos graves.