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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 29, 2011

O Governo que veio cortar na despesa (mostra)

Miguel Marujo

«Segundo a lista, ainda por actualizar, foram feitas até ao momento 235 nomeações. Pedro Passos Coelho fez 38 e Miguel Relvas, ministro dos Assuntos Parlamentares, nomeou 52 elementos. Entre todos, o que mais ganha é Rodrigo Marques Guimarães, chefe de gabinete do ministério das Finanças, com 4791 euros mensais brutos - há ainda uma adjunta do secretário de Estado da Cultura que ganha mais de 4700 euros brutos.

Entre os salários mais baixos está o de um motorista, que ganha 583 euros brutos por mês. Destaque ainda para o facto de o primeiro-ministro ter 14 motoristas, nove secretárias, oito assessores e sete adjuntos.

No Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, de Assunção Cristas, foram feitas 50 nomeações. No ministério das Finanças registaram-se 37. Há ainda nomeações para os Ministérios da Defesa (20), da Saúde (18), para o secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro (1) e para o secretário de Estado da Cultura (19). No total são 235.»

 

[in DN.pt, sublinhados nossos]

Julho 28, 2011

A vida reciclada

Miguel Marujo

O rosto enrugado pela rua, o cabelo de granito, as mãos duras, a pele tingida de sol, o cheiro intenso. E a vida embalada em três sacos de plástico velhos e sujos e um contentor de reciclagem, conduzido com todos os cuidados. A vida dele reciclada ali - quando, para quem passa, só se vê lixo.

Julho 25, 2011

Sigh

Miguel Marujo

Recupero um comentário no Jugular a um post, mais um (de Palmira), que a cada atentado no mundo lança-se sempre na sua cruzada anti-religiosa, supostamente ancorada numa cientificidade das suas fontes e argumentices. O curto comentário diz o óbvio:

«1. O objectivo do atentado foi estritamente político. Basta verificar quem foram os alvos.
2. A diferença entre o cristianismo e o islamismo constata-se logo pela substituição da congratulação dos ataques em críticas severas

[permito-me uma discordância: também no islamismo há quem logo se desmarque e critique os atentados]

 

O meu ponto é o de sempre: a motivação "católica" do IRA é, sempre foi, política. Essa motivação deu-lhes apenas argumentos para manterem vivos actos terroristas bárbaros de dissonância com o "ocupante". A política explica sempre muito mais qualquer atentado que a religião. Porque, se ler o manifesto do louco da Noruega, devo considerá-lo um fundamentalista churchilliano ou maçónico?! E no dia em que um ateu se fizer explodir à porta de uma sinagoga ou de uma igreja, devemos falar em quê?! Ou os regimes "ateus" da Albânia, de Cuba, da China e da Coreia do Norte devem ser considerados como fundamentalistas teus totalitários?!

 

Daí, insistir: o terror tem um único adjectivo - bárbaro. Não é suficiente para lutar contra ele?!

 

 

* - o título do post remete para a clássica reacção de Palmira a comentários dissonantes do seu pensamento.

Julho 22, 2011

A aberração da Caixa

Miguel Marujo

Num país onde a banca é poupada ao sacrifício ou mesmo a pagar a taxa que qualquer outra empresa paga, a Caixa, o banco pago por todos nós, anunciou a remodelação da sua administração para criar não uma, mas duas equipas: Faria de Oliveira sai de presidente, mas fica presidente não executivo, cargo que não existia, e chama-se um vice-governador do Banco de Portugal para presidente executivo.

 

Alguém explica este crescimento de sete para 11 administradores, quatro não executivos? E quanto ganharão estes não executivos?

 

Outro pormenor: como se escreveu no post anterior, Nogueira Leite, "vice" de Passos, é novo "vice" da CGD. Fosse com Sócrates e um socialista e a direitalha dos blogues rasgava as vestes pelos boys socialistas, como é com este governo, a coisa passa. Deve estar no memorando da troika.

Julho 21, 2011

O mesmo de sempre, os mesmos de sempre

Miguel Marujo

Os bilhetes e passes sociais vão aumentar em média 15% a partir do próximo mês. Alguns sobem 25%.

 

Sempre o disse e mantenho: quem usa os transportes públicos devia ser premiado e não castigado. Mas, sabendo-se quem utiliza os transportes públicos, chegamos à conclusão que este Governo gosta de malhar nos mesmos de sempre! Os que menos têm, os que mais se sacrificam...

Julho 20, 2011

Dezoito mil

Miguel Marujo

Este blogue em dois dias teve cerca de 18 mil visitantes. Tudo porque o pessoal do Sapo (thanks!) colocou em destaque entre ontem e hoje o texto-provocador do meu irmão sobre o vestuário da Católica. Estas visitas valeram quase 200 comentários (a esta hora) só a esse post. Mas é duvidoso que 99,9% dos visitantes regressem, o que será um alívio...

Julho 19, 2011

Cristo entraria na Católica?

Miguel Marujo

António Marujo (Público, 19.7.2011)

 

«Seria um homem andrajoso, vestido com uma túnica, usada, suja e cheia de pó, de quem andava muito a pé pela Galileia, barba e cabelos desalinhados. Doze séculos depois, outro homem, um saco de serapilheira castanha escura, toscamente cozida, vagueava pelas terras da Úmbria italiana, falando sobre a importância do despojamento. Seriam assim Jesus Cristo e Francisco de Assis (a túnica usada pelo Poverello pode ser vista, aliás, em Assis).

Mais recentemente, outros tinham a mesma atitude: o Abbé Pierre, que morreu em 2007, usava vestes pobres, mas mesmo assim foi exemplo para muitos. Algum deles poderia ser professor ou aluno da Universidade Católica? Sem vestuário “digno e conveniente”, talvez tivessem que ficar à porta.

Uma universidade não é uma praia, claro. Por isso usamos roupa diferente em diferentes situações. Trata-se de bom senso. Mas nunca entendi a ditadura segundo a qual um homem só está bem vestido com fato e gravata (as mulheres têm mais liberdade), nem os Estados que querem impor códigos de vestuário — sejam os talibãs afegãos ou a laica França.

Espera-se, assim, que prevaleça a “chamada de atenção” referida pelo reitor. Mas há uma ideia perversa: a de que cada um vigiará a “salvaguarda do ambiente e da imagem” da UCP, “devendo chamar a atenção dos que se apresentarem de maneira imprópria”. O gosto pessoal dita a regra do alheio? Quem diz o que é “impróprio”?

O Conselho Académico de uma universidade católica poderia concentrar-se, por exemplo, na importância de criar alternativas à ditadura financeira dominante. E em que nela se ensinassem mais valores de acordo, por exemplo, com os apelos do Papa à “refundação do sistema financeiro” e menos com a formação de elites que reproduzem o desejo de lucro dos “mercados”.»

Julho 16, 2011

Elevador (avaliação política da semana)*

Miguel Marujo

^

ASSUNÇÃO CRISTAS

Ministra do Ambiente

 

É uma medida mais do que simbólica. É desempoeirada – e efectiva: tire-se a gravata, dispa-se o casaco e baixe-se os consumos do ar condicionado, logo a factura da luz. Pena não ser alargada já a toda a administração pública.

 

«

ASSUNÇÃO ESTEVES

Presidente da Assembleia da República


Depois das boas intenções e das promessas de muito trabalho, a realidade imposta pela conferência de líderes parlamentares: duas semanas de férias em Agosto, talvez três. Neste caso, pede-se uma medida mais do que simbólica.

 

v

ANTÓNIO JOSÉ SEGURO e FRANCISCO ASSIS

Candidatos à liderança do PS

 

O debate entre os candidatos à sucessão de Sócrates foi pouco esclarecedor. Sem grandes diferenças que os separem, a discussão sobrou para quem ama mais os socialistas. Afectos em tempos de crise.

 

v

VÍTOR GASPAR

Ministro das Finanças

 

Diz o ministro que 65% das famílias não serão afectadas pelo novo imposto – isto diz mais do País do que da suposta justiça social da medida. Afinal, 75% da nova taxa é suportada pelos que trabalham por conta de outrem. E os rendimentos de capital ficam de fora.

 

* - no DN de hoje

Julho 14, 2011

Regime especial

Miguel Marujo

Um trabalhador por conta de outrém quando se emprega tem de, para gozo de férias, dar seis meses à casa, e a partir daí pode ter dois dias por cada mês. Os deputados que iniciaram funções há duas semanas, e entretanto com muitos dias de descanso pelo meio, vão parar duas semanas em Agosto, possivelmente três. Demagogia? Não. Não fui eu que andei a dizer durante semanas que não havia férias porque havia muito a fazer. (E vai ser curioso ver os ministros.)

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