Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Junho 30, 2011

800 milhões

Miguel Marujo

É quanto o Governo quer arrecadar com o novo imposto extraordinário. Mas diz que ainda tem de estudar como o fará. Ora: na minha terra chega-se a um resultado final fazendo contas. Se as contas estão feitas porque diz então o Governo que precisa de 15 dias para anunciar a modalidade de pagamento do novo imposto?! O marketing socrático fez escola.

Junho 30, 2011

Tiram-nos 50%

Miguel Marujo

por Luís Menezes Leitão
«Mudou-se o Governo, mas o assalto aos rendimentos dos cidadãos continua exactamente da mesma forma, sem qualquer respeito pela Constituição. Já aqui tinha dito o que pensava sobre a tentativa de criar uma "contribuição especial" sobre os rendimentos dos pensionistas. Agora o novo Primeiro-Ministro anuncia uma nova "contribuição especial" — que nada tem a ver com esse conceito, diga-se — em ordem a retirar metade do subsídio de Natal através do aumento do IRS já em 2011. Como isso vai ser feito, ainda não se sabe, mas é manifesto que só pode ser feito criando um imposto escandalosamentre retroactivo, contra o que a Constituição expressamente determina. Na verdade, os rendimentos de 2010 já foram tributados, pelo que se o novo imposto for criado sobre esses rendimentos, haverá uma escandalosa dupla tributação, estando-se a lançar pela segunda vez impostos sobre rendimentos que os contribuintes já pagaram. Já se o imposto recair sobre rendimentos de 2011 — por exemplo, aumentando brutalmente a retenção na fonte sobre o 13º mês ou sobre os meses que faltam até ao fim do ano — estar-se a desvirtuar completamente a figura da retenção na fonte. Em qualquer caso, parece-me evidente que haverá uma séria lesão da confiança dos contribuintes, que vêem as suas obrigações fiscais permanentemente alteradas. Mas seguramente o Tribunal Constitucional lá deixará passar mais uma vez esta gritante inconstitucionalidade. O que me choca é que quem ganhou as eleições prometendo que haveria reduções de despesa e não aumento de impostos, a primeira coisa que faça seja aumentar os impostos.
Na área da justiça, pareceu-me ainda haver uma inversão de prioridades no discurso do Primeiro-Ministro, quando disse que pretendia agilizar os processos de insolvência. Ora, os processos de insolvência são dos mais ágeis que existem, tanto assim  que todos os dias inúmeras empresas e cidadãos são declarados insolventes. O bloqueio no sistema de justiça está antes na acção executiva. É esta que tem que ser urgentemente reformada.»
(in Albergue Espanhol, publicado também no Lei e Ordem).

Junho 29, 2011

Há um ano (razões)

Miguel Marujo

Há um ano escrevi que um dos "[problemas] que levou ao fecho do 24horas" era "uma suicida ausência da internet, que até podia ter contribuído para acabar com o mito que fez caminho agora com o seu encerramento..." Um ano depois, que hoje se passa, vejo que as notícias mais lidas nos sites do Público, Expresso e DN são relacionadas com a morte de Angélico. Um ano depois, mais confirmo a minha tese: foi suicida a ausência do 24horas da internet.

Junho 29, 2011

Há um ano (todos os nomes)

Miguel Marujo

Ana, João, Luís, Marisa, Hugo, Sofia, Nuno, Ricardo, Gonçalo, Pedro, Raquel, Patrícia, Mónica, Rute, Duarte, Francisco, Joaquim, Marco, Andreia, Fernanda, Paula, Olga, Dília, Alexandre, António, Alexandra, Fernando, Catarina, Vitor, Natália, Diana, Cynthia, Miguel, André, Carla, Vânia, Susete, Valdemar, Filomena, Lina, Carlos, Sónia, Vanda, Júlio, Rui, Luís, Sandra, Rogério, Guida – e mais uns quantos, sim. Pediram-me que registasse um momento que marcou estes meus 1142 dias de 24horas; prefiro registar os nomes de quem os fez.

 

[na última edição do 24horas, a 29 de Junho de 2010, foi publicado este meu texto; há um ano...]

Junho 29, 2011

Marcelices

Miguel Marujo

1. No domingo, Marcelo acertou na hora e dia da tomada de posse dos secretários de Estado. Mas pelos vistos falou demais sobre Bairrão. Sabe-se que acertou em cheio também no nome.

 

2. Na quinta-feira, Marques Mendes deu o nome de Marco António Costa para a Secretaria da Segurança Social. Percebeu-se que não se desconvida o "vice" do partido, que manda no aparelho.

 

3. Pedro Martins era dado há vários dias como secretário de Estado na Economia. Outro que ninguém desconvidou. Afinal Passos não gosta de ver só alguns nomes na praça pública.

 

4. Vem aí o PEC V, travestido de (suposta) derrapagem (parcelar) do défice. Afinal as desculpas dos outros servem.

 

5. Privatiza-se muito. Seria de bom tom conhecer os interesses empresariais actuais e antigos de governantes para que estas privatizações não venham a ser os tottas, que Belém tão bem conhece, do século XXI.

 

6. Mantêm-se a RTP/RDP África e Internacional, vende-se quase tudo o resto: nunca é demais garantir os votos das comunidades emigrantes, porque os votos do Rio podem atrapalhar.

 

7. Vivemos uma situação explosiva, insiste Cavaco. O senhor continua a falar do passado, cultivado logo a abrir em 1987, com as pescas e a agricultura destruídas. E no presente quer que compremos produtos nacionais. Eu gostava de ver o talão de compras do supermercado lá de casa. Só para confirmar o nacionalismo saloio...

Junho 22, 2011

Primeiro dia do Verão

Miguel Marujo

- E o que é o casamento? É partilha, significa cada um ceder um bocadinho.

 

O CPM inesperado no banco do Jardim da Parada era debitado com um sorriso convincente pela mulher nos seus setentas. O casal formando, em pé, bebia cada conselho, com um sorriso quase enamorado, mesmo que já andem pelos oitentas.

Junho 21, 2011

Nobre*, exemplo

Miguel Marujo

Mário Soares foi candidato ao Parlamento Europeu depois de ter sido Presidente da República. Prometia-se a presidência do PE para acomodar um ex-Chefe de Estado, que tinha uma história que falava por si. Não falou, e não ajudou ter chamado dona de casa à que sairia vencedora, Nicole Fontaine. Soares foi derrotado, mas exerceu o seu lugar de deputado (contrariando o que insistentemente repetia Pacheco Pereira, cabeça-de-lista no PSD, na campanha eleitoral, que Soares abandonaria o barco à primeira oportunidade). Ontem, Nobre perdeu e tratou de dizer que assume o lugar de deputado (é o que é suposto, dizemos nós), mas logo acrescentou enquanto entender que "é útil ao país". Será rápido, apostamos.

 

 

 

* - Mário Alberto Nobre Lopes Soares

Junho 21, 2011

Nobre, salsicha

Miguel Marujo

O nobre povo representado na câmara deu um tiro no nobre: caiu ao segundo disparo, sem alcançar os 116 votos necessários, nem mesmo os 108 votos que só os seus pares garantiam. O nobre caído não é um independente que foi sacrificado por isso. Pelo contrário: era um independente que se vestiu de camisa de varas para pedir uma única coisa, a cadeira que ontem lhe negaram. E não foi ontem que o nobre outrora dito independente a perdeu, foi numa serena manhã de um sábado quando disse que só concorria à procura do lugar.

 

Junho 16, 2011

Luas

Miguel Marujo

 

Há tempos a lua inchou. Esta noite eclipsou-se. Quer-me parecer que a senhora é dada a comentar a política portuguesa.


Junho 15, 2011

Da aprendizagem da impunidade

Miguel Marujo

Da Lusa: «Um copianço generalizado num teste do curso de auditores de Justiça do Centro de Estudos Judiciários (CEJ) levou à anulação do teste, mas a direção decidiu atribuir nota positiva (10) a todos os futuros magistrados. Num despacho datado de 01 de junho e assinado pela diretora do CEJ, a desembargadora Ana Luísa Geraldes, a que a agência Lusa teve acesso, é referido que na correção do teste de Investigação Criminal e Gestão do Inquérito (ICGI) "verificou-se a existência de respostas coincidentes em vários grupos" de alunos da mesma sala.»

Junho 14, 2011

Grã-Cruz da Ordem de Cristo (reflexo)

Miguel Marujo

«O Portugal de Cavaco deixou nessas terras esquecidas o bilhete postal que hoje se exibe: pobreza, miséria e abandono. E é preciso ter uma grande lata para vir agora falar nestas gentes entregues à sua sorte e dizer que a «frugalidade e o seu espírito de sacrifício são modelos que devemos seguir». A narrativa sobre o País rural e honrado, pobrezinho e remediado, vem de longe. É uma narrativa velha e relha, com autores conhecidos, agora reciclada para efeitos de austeridade e remedeio.» (Miguel Carvalho)

Junho 14, 2011

Grã-Cruz da Ordem de Cristo

Miguel Marujo

(concedida por destacados serviços prestados no exercício das funções da Administração Pública)

 

«para salvar Portugal de um procedimento comunitário por défices excessivos em 2003, o Governo de Durão Barroso titularizou dívidas fiscais, para receber do Citigroup, de uma só vez, a quantia de 1760 milhões de euros. Mas a ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite nunca especificou qual seria o "preço" a pagar pelo Estado. A auditoria do Tribunal de Contas (TC) à operação de titularização, ontem divulgada, refere que, só até Fevereiro de 2010, o custo em juros e despesas de operação foi de 300 milhões de euros».

Junho 14, 2011

Regressar

Miguel Marujo

Aqui estou de regresso. Em Estocolmo, eram escassos os ecos de um país em transição, agrilhoado entre um empréstimo de juros irresponsáveis e umas eleições que abrem a porta a muitas soluções que vão doer ainda mais. Muito mais. Mas ficámos todos mais sossegados com uma Grã-Cruz da Ordem de Cristo para Ferreira Leite e um discurso de António Barreto agora investido de uma moral intocável sabe-se lá porquê. Cinco dias longe de quase tudo ajuda a respirar. Mas no conforto de outros países também nos confrontamos com as nossas supostas fragilidades, para "descobrirmos" que Portugal não é tão mau como o pintam estes barretos do restelo, nem o mundo dito primeiro é exemplo em tudo. Uma nota, pois (sem presunção): fôssemos todos mais viajados, não vivêssemos tão acantonados e o nosso país seria melhor, muito melhor.

Pág. 1/2