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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Março 30, 2010

Perigo

Miguel Marujo

 

 

 

Nas proximidades de algumas igrejas... Este sinal é sinal de humor. Mas também sinal para uma reflexão séria que (ainda) não vejo a acontecer. Como quase sempre a Igreja prefere reservar-se ou acicata-se, sem cuidar do debate que deve ser feito. E da acção que deve promover com celeridade.

 

[imagem recebida por mail]

Março 30, 2010

Um texto também sobre o jornalismo

Miguel Marujo

Abriu a caça aos padres: «Há razões para escândalo internacional com a pedofilia na Igreja Católica. Há casos que foram provados e a sua hierarquia, para evitar a vergonha, não denunciou padres culpados, mesmo pondo em perigo outras crianças com essa omissão. Tudo isso é verdade, mas só é verdade inteira se acrescentarmos: houve casos em que assim foi. Casos. Dir-me-ão: mas não é claro que ninguém generaliza à Igreja Católica os abusos sexuais a menores? Não, não é claro. Jeff Anderson, o advogado americano especializado em processos à Igreja Católica por abusos de menores, considera que esse problema, a pedofilia, é "verdadeiramente endémico na cultura clerical [católica]" (Le Monde, ontem). Endemia: doença que grassa num povo ou numa região, e que depende de causas meramente locais. Na minha vida, dei com alguns padres repugnantes (e jornalistas também, mas estes não vêm ao caso). Ora, essa tal doença endémica nos padres, escapou-me, a mim, ateu desde sempre. Mas o que não me escapa agora é a caça ao padre. Já começou, e vai continuar. Vai, vai. É uma fé que tenho: acredito na má-fé dos imbecis. Imbecis, porquê? Quem em nome de uma causa (combater a pedofilia) atira a torto e a direito, serve aqueles que combate porque banaliza os pulhas e até acaba por os ocultar. Imbecis, portanto.» [Ferreira Fernandes]

Março 29, 2010

Costas largas

Miguel Marujo

Com algumas notícias a saltarem para as páginas dos jornais, por alegados abusos sexuais de menores por padres, os bispos portugueses estão todos a chutar para canto: manifestam surpresa, repúdio e depois refugiam-se nas ideias do Papa em "reconhecer a verdade e auxiliar as vítimas; reforçar a prevenção e colaborar construtivamente com as autoridades". Esquecem-se do óbvio: confirmar se esses casos existem e dizer como actuaram perante esses casos. É isto que fiéis (sim, falo de nós, povo de Deus, que a mim me importa pouco o que outros dizem) querem saber. Não me venham com lérias piedosas de construtivamente actuar. O pecado já não mora ao lado.

Março 26, 2010

Tesourinha deprimente

Miguel Marujo

A senhora agarrou-se à tesoura, suspendendo-se do que ali se discutia. Aquilo nunca foi para ela, aturar a maralha, e os comicieiros que queriam pão e vinho, mesmo que só lhes dessem água. Agarrada à tesoura, com saudades de poder cortar a eito, desbaratar a educação e as finanças, como tinha feito no tempo em que o seu amigo mandava, mas em poder absoluto sem cuidar dos que ficavam para trás. Entretida, a cortar papelinhos, agora dizia poder fazer o discurso do eu bem avisei esquecendo-se quando nos trouxe as suas péssimas políticas.

 

A tesoura, a mão, o rosto: está tudo aqui. Na foto de uma mulher que desgovernou o partido como antes não tinha sabido nunca governar para o país. Qual é a surpresa de tantos que pularam agora do barco? Nunca a tinham visto de tesoura? Já. Só que se chamava orçamento. Suspende-se hoje, sem saudade.

Março 25, 2010

Verde código verde

Miguel Marujo

Bater os passeios atrás da farmácia de serviço, o frio a voltar, o senhor a atender por trás de uma porta de vidro com oráculo em que a confissão é o número do multibanco que se segreda porque ainda não têm terminal portátil.

Março 25, 2010

Vampiros

Miguel Marujo

Os vampiros existem, anuncia o spot da série teen na têvê. Eles comem tudo, vem à memória uma canção certeira. À medida que se destapa o PEC (plano estraga contas) percebemos que a esquerda caiu da cadeira no Governo. Não admira que o maior entusiasta da coisa seja Durão. Apre.

Março 24, 2010

São estes senhores que dizem que somos maus

Miguel Marujo

Dito em 2008. Antes da crise. Antes do berro da...

Lehman Brothers Holdings Inc. (Lehman) ratings reflect a globally diversified franchise in equity and fixed income sales and trading, improved market share in investment banking and a building asset management business. Fitch upgraded Lehman's long-term Issuer Default Rating to 'AA-' in June 2007 based on its improved diversification in business and revenues. [sublinhado nosso]

Março 23, 2010

O estado da universidade

Miguel Marujo

Há um rapazola que se assina "sociólogo" no Diário de Notícias. Diz nos seus textos, linha sim, linha sim, inanidades e disparates. Também de quando em vez Maria Filomena Mónica sai de frente do seu croissant com vodka para se proclamar "socióloga". Perante isto, só uma conclusão reforçada: a culpa do estado a que chegaram as universidades tem uma explicação bem simples - é estes sociólogos verem-se ao espelho.

Março 22, 2010

Comportamentos

Miguel Marujo

A América tem coisas assim: um desportista que cai em desgraça por causa de assuntos privados - com quem ele dormiu. É a mesma América que preferiu tentar destituir um Presidente por causa de um vestido sujo e não por causa das mentiras que levaram o País para uma guerra. Em Portugal, a coisa vai passando, mas há um certo jornalismo que adopta o tom moralista da comunicação social americana. Hoje, na SIC Notícias, a jornalista falava do "comportamento condenável" de Tiger Woods. Não consta que fosse a mulher traída, mas enfim...

Março 21, 2010

Limpar, purificar a sexualidade

Miguel Marujo

O Papa tem oportunidade de ficar na história, se encarar a questão da pedofilia sem desculpas. Os remorsos servem para acabar de vez com pouca vergonha de gente que devia estar presa. Chamem-se padres, bispos, cardeais. E em Portugal, os bispos em vez de assobiarem para o Vaticano, deviam já limpar o que tiver de ser limpo. Depois: redefinir de uma vez por todas a questão da moral e da sexualidade. Talvez se corrija muita coisa.

Março 20, 2010

Síntese

Miguel Marujo

Tenho pena que a fúria sonora de deputados socialistas a fecharem as tampas dos seus computadores não tenha sido contra o PEC de Teixeira dos Santos. Aí sim, seria uma atitude socialista - e não uma birra egoísta.

Março 18, 2010

Eu assino por baixo, sem qualquer reserva

Miguel Marujo

«Estado de choque

Fica aqui uma promessa de regressar ao tema, mas não posso deixar de considerar chocante o plafonamento da despesa com o rendimento mínimo prevista no PEC. Há certamente muitas dimensões em que é possível (e é necessário) aprofundar a fiscalização e as condições de atribuição e renovação da prestação, mas uma coisa radicalmente diferente é fixar administrativamente, sem se perceber com base em quê, um tecto para a despesa. Fica assim provado que o programa eleitoral do PS foi uma brincadeira e que o Governo incorporou as críticas mais ferozes ao RSI (ou seja, o que era a demagogia recente de Paulo Portas passou a ser a norma do executivo - o que, por exemplo, fere a identidade política do PS, desde 1995 com António Guterres, designadamente a prioridade ao combate da pobreza mais severa). Mas, ainda assim, o mais dramático serão as consequências sociais da opção. Num contexto em que o desemprego previsto para 2013 será superior a 9% e em que o desemprego subsidiado terá diminuído muito, o natural seria que houvesse mais despesa com o RSI (no fundo, a rede de mínimos que seria o que sobraria para milhares de famílias). O que o Governo propõe é pura e simplesmente retirar toda a protecção a milhares de famílias, designadamente a protecção não-contributiva. Temo dizê-lo, mas o esforço de consolidação orçamental tem, de facto, de ser alcançado, mas, por isso mesmo, para que seja possível fazê-lo, é preciso criar uma rede de mínimos coerente e eficaz. E que tal cortar os 130 milhões de euros que se quer cortar com "os malandros do rendimento mínimo" em prémios e salários no sector empresarial do Estado ou, em alternativa, incluir já no OE para 2010 a tributação das mais valias bolsistas. Suspeito que a receita seria bem superior à despesa que agora se quer poupar. É mesmo uma questão de prioridades e estas não são mesmo as minhas.

 

(entretanto subscrevo integralmente o que o Paulo aqui escreve sobre o mesmo assunto)» Pedro Adão Silva

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