Cibertúlia

Depois da Maitê, agora a indignação no Facebook é "contra a vacinação obrigatória". Duas coisas: a vacinação não é obrigatória; qualquer vacina pode ter efeitos secundários, mas qualquer risco associado a uma vacinação é menor do que os danos causados à comunidade com uma epidemia em larga escala.

Um exemplo: M. recebe no hospital, muito de quando em vez, famílias em que os filhos não têm um conjunto de vacinas, como a do sarampo. Hoje, o sarampo está erradicado do nosso país, graças a uma forte campanha de vacinação nos anos 70 e 80. É por isso que os riscos de contrair a doença são praticamente nulos, mas aquela minoria beneficia de um estatuto conseguido porque a grande maioria não se armou "contra a vacinação". O bem da comunidade é uma responsabilidade de todos.

«Confesso: já fiz isso com a Benedita Pereira.»

Esta casa atura muita coisa e tantas opiniões diferentes, mas como em qualquer uma das nossas casas não se atura lixo. Volta e meia, dá-se o caso: uns anónimos passam por aqui e mandam umas bocas. Respondo, como merece um anónimo: desabridamente. A quem não tem coragem de dar a cara e nome porque hei-de ir tratar com cuidados e educação?

Mais: normalmente, insinuam, insultam, deixam escapar uma boutade, mas depois à resposta vêm perguntar onde é que está o insulto ou a frase que mereça tal trato de polé. E rematam, sempre da mesma maneira: "Não há tolerância." (Mesmo que acompanhem essa frase de todo um tratado de novas insinuações e piadinhas.)

No fundo são como Saramago: pedem para si o que não fazem aos outros. E volta e meia é isto. Eu nestas alturas trato da limpeza da casa, limpo o pó, arejo as assoalhadas, aspiro o soalho e modero os comentários anónimos - repare-se: modero, não proíbo. Mas permitam-me que o lixo fique à porta. A casa quando estiver arejada voltará a abrir janelas e portas.

[PS: não pensem que isto se passa só aqui - um dos melhores blogues que por aí se fazia, suspendeu-se para não aturar o anonimato dos comentários. É ler esta história exemplar.]