Cibertúlia

Bruno Bourel, "A béke szigete", Budapeste 1985

Carmona Rodrigues não avançou para Lisboa talvez porque sonhe com um lugar no PSD de Manuela Ferreira Leite, eventualmente governo, onde todos os bons arguidos à casa do pai tornam.

Dizem que José Manuel Fernandes pode deixar o Público. Está na Briefing, que cita o Negócios. Com nova directora, Bárbara Reis. E adianta-se a contratação de uma brasileira para chefe de redacção. Ou então, digo eu: Simone Duarte vem editar uma revista light-social que o Público/JMF quer lançar. Sim, leram bem: o Público/JMF quer aligeirar a coisa, ser ainda mais P do que é.

O PP (também conhecido por CDS ou CDS-PP) grita nas ruas que "Há cada vez mais PME's a pensar como nós". Eu fiquei a pensar que produto será este, que coisa estranha é "PME's".

Pesquisei longamente e não descubro nada. Parece que os senhores publicitários do PP e os senhores dirigentes do PP querem referir-se com esta sigla a "pequenas e médias empresas", assim no plural. Mas como o português é coisa desconhecida para estes senhores, resolveram tornar a sigla num qualquer palavrão em inglês, língua que admite (diz uma gramática que apanhei) "normalmente 's ou s' para pessoas, seres vivos em geral e alguns casos especiais para indicar posse". Acho que devo pensar como eles: os rapazes do PP tiveram falta de autoridade nas escolas, só pode.

A bizarria que é um partido que apregoa a verdade e tem um nome de mentira.

Veredicto, a pedido: muito bom.

Esta noite, Sacanas sem lei.

Hoje de manhã, a língua e as feições denunciavam a origem daqueles dois calceteiros de Lisboa. Até aquele "eh pá" dito com sotaque e riso eslavos.

«E de repente acham-se naturais coisas extraordinárias. Os campos de concentração onde, por essa Europa fora, se amontoa gente que não fez mais do que procurar uma vida melhor para os seus filhos. Recambiar para a guerra e para a fome seres humanos. Deixar morrer no mar quem aqui tenta chegar. Construir muros, cercas electrificadas, torres de vigia. Pagar a ditaduras para serem nossos guardas fronteiriços. Dizer-se que um ser humano é ilegal.» [Daniel Oliveira, no Arrastão]

Quando era pequenino caí num caldeirão de omo.

«Que a comunidade internacional e os vários governos saibam dar os sinais justos aos próprios cidadãos para utilizar os recursos naturais de maneira justa e em benefício das populações futuras.» Bento XVI, dixit. O título do post é de Maria de Lourdes Pintasilgo.

Há tempos pedi à minha empregada que me preparasse uvas para um jantar lá em casa. Devo pedir desculpa?

«“Quando hoje lemos sobre as deportações dos judeus sob o nazismo perguntamo-nos: seguramente as populações não sabiam. Mas estes comboios cheios, as vozes, os gritos nas estações, ninguém os via nem ouvia? Na época era o totalitarismo e o terror que faziam fechar os olhos. Hoje não. Uma indiferença tranquila, resignada, talvez mesmo uma aversão ao Mediterrâneo.” E conclui: “nenhuma política de controlo de imigração permite que a comunidade internacional deixe um barco carregado de náufragos entregue ao seu destino”.»

[editorial do Avvenire, diário da Conferência Episcopal italiana, via Daniel Oliveira, num post absolutamente essencial; por cá, os nossos bispos andam preocupados a aplaudir vetos.]

«[...] Nuno Gomes entrou no Benfica-Marítimo, havia 0-1 e o Benfica empatou; Nuno Gomes entrou no Guimarães-Benfica, havia 0-0 e o Benfica ganhou.» [Alexandre Pereira]

Bombordo, esquerda: vermelho; Estibordo, direita: verde. E discutia eu e o pai de S., na paragem do autocarro, que as cores dos auscultadores (vermelho e azul) seriam baseadas nas cores utilizadas nos mares.

Hoje o i fez bispo o padre Manuel Morujão, porta-voz dos bispos. O Vaticano anda distraído.

O vidro da loja está sujo, cheio de pó, as letras anunciam baças "Fotos a cores". Mas as fotos na montra são todas a preto-e-branco.

A morte tropeça nestes dias quentes, quase inverosímel, nunca há um tempo para ela. Mesmo que nos digam ser a única certeza destes tempos.

«Com a aproximação de eleições, os "poderes" aconchegam-se. Marcam posições. Num momento em que a tentação para "tomar partido" é muita, espera-se que os "poderes" religiosos saibam a diferença entre religião e política.» [Joaquim Franco]