Era de desconfiar: Campos e Cunha foi bastante elogiado nos blogues de direita por causa de um texto no Público sobre a Bela Vista. Não li a coisa, no dia, só cheguei ao artigo hoje, onde o ex-ministro das Finanças ataca o fim do serviço militar obrigatório como causa (muito importante) para o que se vive(u) no bairro de Setúbal.
O drama mostrado pelo senhor da SEDES (essa magnífica instituição de banalidades) é desmontado brilhantemente por Vasco Barreto: «Na verdade, o SMO não parece ser a panaceia social que Campos e Cunha propagandeia, porque não funciona no Brasil - que eu saiba, a Bela Vista ainda é mais segura do que muitas favelas. Acresce que o serviço militar obrigatório recrutava aos 18 anos e o crime tem inscrições abertas a partir de idades bem mais tenras. O que traria então o SMO aos bairros sociais? Nada. Ou então traria mais mortos. É que uma das particularidades dos tiroteios nos nossos bairros problemáticos é a gritante falta de pontaria. Com recruta e sessões nas carreiras de tiro, os nossos marginais voltariam ao bairro com valências acrescidas.»
Eu não precisava ir tão longe. Bastava recordar-me como eram as minhas viagens às sextas-feiras de comboio, no Interregional de preferência, para Aveiro: hordas de selvagens, vestidos de azul e verde, arrotavam cerveja e obscenidades e ululantes piropos. Mas está visto: estes senhores que opinam sobre tanta coisa não andam de transportes públicos e falam do que desconhecem.