Vasco Pulido Valente tem ontem a sua primeira diatribe semanal. Que é contra a obesidade. O argumento é o de sempre: o Estado quer tratar-nos da saúde, com nutricionistas nos centros de saúde. E lá vem a história do fascismo higiénico, que este senhor vomita recorrentemente, só por causa da proibição de fumar em determinados locais fechados (ele há muitos onde ainda se pode), coisa de bom senso, mas o bom senso não mora na escrita deste senhor.
Mas depois o texto tem um remate espantoso, vindo de quem vem. Lembra VPV que afinal o que o Estado quer é poupar dinheiro, gastando menos com os demasiado obesos ou os gordos que aí andam, ele que vocifera tanto contra outros gastos excessivos. "O Estado não deseja gastar dinheiro consigo", ilumina-nos VPV, que conclui: "Onde fica no meio disto a sua liberdade é melhor não perguntar."
Eu pergunto - e garanto: a minha liberdade não se perde em momento algum por o Estado ter um nutricionista no centro de saúde. A minha liberdade não se perde em momento algum por não ter de levar com o fumo de tabaco dos cinco colegas de mesa no meu local de trabalho.
Mais: quem duvida que o Estado tenha de garantir um rendimento mínimo a quem nada ou pouco tem; quem nega que o Estado tem de garantir serviços básicos de saúde e de educação; quem detesta ver o Estado a dar subsídios de desemprego; é preciso ter muita lata, como tem VPV e a direitalha do costume que o incensa, vir agora dizer-nos que o Estado não deseja gastar dinheiro connosco. Haja paciência para esta gentinha.