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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Janeiro 31, 2009

Festa

Miguel Marujo

Há um ambiente permanente de festa e contestação, a manifestação feita mais do que meras passeatas (o nome com que no Brasil se diz da manif), em que a palavra de ordem é acompanhada do gesto e do corpo. Dar o corpo ao manifesto, é tradução literal para o que aqui se vê: índios que pintam branquicelas, jovens que tatuam liberdade. E há o carimbó que se entranha no corpo. Terra danada.

Janeiro 31, 2009

A chuva que foi ficando

Miguel Marujo

Ontem a chuva veio um pouco antes das 15h, e foi ficando... Demorou-se pelas ruas de Belém, encantou-se com o verde do Amazonas que espreita a cidade. Assim, não dá tréguas a quem não se habitua ao calor que se pega, aos cheiros que se metem connosco. Refrescante. Muito longe da chuva que, dizem-me, cai sem parar em Portugal. O clima tem uma maneira particular de mostrar a cara de um país.

Janeiro 31, 2009

Situacionismo (quando me explicaram o caso Freeport)

Miguel Marujo

Há uns anos, ainda no Portugal Diário, contactaram-me porque teriam uma história fabulosa que envolveria o ministro do Ambiente. Fui, ouvi, tomei apontamentos, e comecei a perguntar: documentos, pessoas com quem falar, algo mais substantivo que o simples ouvi dizer. A história acabou por cair. Uns tempos depois acabou no Independente, imediatamente antes das eleições. Como tentaram comigo, terão tentado com outros. Nem todos terão publicado ouvires dizeres.

Janeiro 31, 2009

Situacionismo (pergunta básica sobre jornalismo)

Miguel Marujo

Continuo à distância a ver os jornais portugueses para verificar uma overdose sobre o Freeport. E leio a bomba da manhã: as luvas pagas a Sócrates, como garante uma "secretária" de um tipo da empresa. Depois vou ler a notícia e constato: 1. a PJ ouviu a senhora em 2004; há cinco anos! Pelos vistos não viu ali matéria para avançar; 2. mais importante ainda - a senhora "ouviu dizer". Desde quando é que ouvir dizer é facto jornalístico?

Janeiro 30, 2009

Situacionismo (caso prático)

Miguel Marujo

Há um português que fora do país é admirado, ouvido com atenção, aplaudido de pé, como sociólogo que é, pensador. Hoje aqui em Belém havia um bruáá em crescendo com a intervenção de Boaventura Sousa Santos, é dele que falo. Mas como o homem é de esquerda, com ideias eventualmente subversivas, isto já não preocupa os situacionistas.

Janeiro 30, 2009

O situacionista (correspondência inédita de JPP)

Miguel Marujo

[um regresso instantâneo à terrinha]

 

Antes de partir para Belém, falei do verdadeiro situacionista, Pacheco Pereira. Espreitei hoje o seu Abrupto-Povo Livre para constatar que

1) Pacheco Pereira regressou a 1975, onde os meninos do MRPP gostariam de ditar a voz do povo, em todos os jornais.

2) José foi em tempos de Casa Pia uma voz quase rara de alguma lucidez na histeria antipedófilos-todos-arrumadinhos-no-PS, mas agora, porque lhe dá jeito, inverte o discurso e usa o argumentário que antes criticou para atacar o PS e Sócrates. Basta escrutinar o que o senhor escrevia, apesar de ele não gostar de escrutínios.

3) Ainda comentei por mail, também antes da partida, a atitude dele no seu blogue. Apesar de ele publicar mails dos seus leitores, dizendo que eles fazem o Abrupto, está visto que é muito selectivo nos leitores. Como nada publicou, deixo aqui essa correspondência inédita de JPP:


Pasmo com a análise furiosa que o sr. se presta ao caso Freeport. Tanta luva de pelica com outros casos de justiça morrem por terra na sua análise a este caso, talvez (retiro talvez), apenas porque envolve José Sócrates.

Curioso, curioso, nunca lhe li uma linha abrupta com o mesmo apontar de dedo sistemático sobre o estranho caso dos sobreiros de Benavente e o militante Jacinto Leite Capelo Rego do CDS, nos tempos de Durão-Portas. Mais: o sr. sublinhou a mentira grosseira de Manuela Ferreira Leite sobre a Lusa e o TGV e Espanha, sem nunca cuidar do bom nome do jornalista correspondente em Madrid.

O situacionismo é o que lhe convém. Apenas e só.

Janeiro 29, 2009

Berlim fica longe. Isso da queda do muro é mesmo o quê?

Miguel Marujo

Euforia à porta do Ginásio da Universidade Estadual. Chávez, Morales, Lugo e Correa estão para chegar. Por todo o lado, livrinhos-quase-vermelhos de Hugo, as t-shirts com Lenine, a luta continua, Uh, ah, Chávez no se vá, canta-se. Pop stars da luta bolivariana, o calor aperta, bebo um guaraná. Três reais, que é como quem diz a espoliação dos privilegiados. Fica bem ali.

Janeiro 29, 2009

Territórios

Miguel Marujo

O Fórum Social Mundial decorre em vários sítios de Belém do Pará, o chamado "território do Fórum", na descricão das autoridades. Os principais são dois campos universitários enormes, que obrigam a caminhar muito. Mas junto a eles, há uma verdadeira imersão neste Brasil de contrastes. Imensos bairros-quase-de-lata, caídos à beira da estrada, que deviam interpelar mais quem aqui está do que, de facto, acontece. Afinal, há uma fronteira que separa estes territórios.

Janeiro 28, 2009

Agora sem acentos

Miguel Marujo

Hoje arrancam debates, sessoes, exposicoes, mostras, manifestacoes. Espreito rapidamente na sala de imprensa os jornais portugueses e descubro-os todos preocupados com um porto da liberdade. Mas nao, nao falam de Belem, falam de uma coisa que aterrou em Alcochete. Mundo pequenino, esse.

Janeiro 28, 2009

Belém. Meia dúzia de linhas em linha lenta

Miguel Marujo

A net continua à velocidade da pedra, o calor pega-se à pele, os corpos denunciam-no, a chuva vem rigorosa pela tarde, às 15h/16h, os mosquitos roubam-nos a paciência, o Fórum é uma amálgama de gentes, ideias e vontades, Belém tem um charme dolente, a saudade impregna-se em edifícios velhos, Jesus é sucesso gritam carros de vidros fumados, a polícia mostra-se muito no meio de moleques, a manga chega ao porto em horas de viagem, urubus esvoaçam os restos do mercado, o eléctrico que parece só existir em carris e sinais, a Rua de Aveiro que existe no mapa, mas que não vi. Belém entranha-se.

Janeiro 24, 2009

O mundo desagua em Belém

Miguel Marujo

Um convite inesperado e o ok do jornal leva-me nos próximos dias à foz do Amazonas. Parece que terei lá Lula, Morales, Chávez ou Lugo (a acompanhar-me, what else), e a nossa direita vai aproveitar para zurzir no folclore, esquecendo que ali germinaram muitas ideias interessantes. A ver se trarei coisas que valham a pena. Aqui. E nas páginas do jornal.

Janeiro 23, 2009

Simplex... qb

Miguel Marujo

Contas antigas com a Segurança Social obrigam-me a ir ao balcão. Esquadrinhei a carta à procura de um código para o multibanco. No atendimento, confirmam-me: não, só pode fazer estes pagamentos nos nossos balcões.

Janeiro 22, 2009

A formiga no carreiro

Miguel Marujo

Como tudo já parece ter abafado as palavras do cardeal-patriarca, constatemos: parece que pelo menos para uma coisa boa serviram. Descobriram-se mil e uma coisas positivas no islamismo, não se pintou durante uns dias a realidade árabe e a diversidade muçulmana a preto e branco.

Janeiro 22, 2009

Situacionista

Miguel Marujo

  De dedinho em riste, assobiando...

 

JPP, assim se apresentou na blogosfera nos seus ditos primórdios, mais tarde Pacheco Abrupto Pereira, interrompeu o seu exercício pequenino do último ano e meio (cartas de leitores mais fotos mais poemas mais livros mais textos da imprensa onde escreve) para nos entreter com uma alegada interpretação do situacionismo da comunicação social portuguesa. A ver se nos entendemos: o comentador do Público, SIC-N (e às vezes SIC), Sábado, RCP e internet [sim, leram bem, Pacheco ocupa todos os meios de comunicação social, tem mais audiência que muitos jornalistas portugueses] zurze na suposta preferência dos jornalistas para baterem no PSD e apoiarem o PS.

 

Percebemos bem, com os exemplos dados, o que incomoda Pacheco: se um jornalista dá voz às críticas a Ferreira Leite e ao PSD, mesmo que de um laranjinha, é situacionista, pró-socrático; se um jornalista calha escrever ou entrevistar uma voz da oposição, mesmo que socialista, a Sócrates já é um anti-situacionista.

 

Não cabe na cabeça de Pacheco que um jornalista seja apenas factualista. Por exemplo: Ferreira Leite disse uma mentira grosseira sobre um profissional da Lusa. Pediu desculpa? Não. Aliás, Aguiar Branco não a corrigiu, sublinhou ainda mais a mentira. O que nos afirma Pereira? Que os jornalistas é que são situacionistas ao dar esta notícia - da mentira de Ferreira Leite. Percebemos tudo muito bem: Manuela disse que não deviam ser os jornalistas a definir os critérios editoriais (talvez os senhores da S. Caetano à Lapa); Aguiar Branco esclareceu que o PSD questiona os critérios editoriais. Pois: JPP seria um bom director para todos os órgãos de comunicação social. Deixávamos de ter situacionismo. Teríamos o povo livre, herr diktator.

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