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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Setembro 16, 2008

Ao menos uma vez...

Miguel Marujo

... ouçam-me: não sei bem quem são as 200 e não sei quantas almas que aqui aportam. Querem conversa, eu dou-lhes. Mas agora, por 15 dias, se me dão licença, vou de férias, andar em bolandas, parar, respirar, observar, enebriar-me na Conchinchina. Fica aqui ao lado uma longa lista de links. Por uma vez, ouçam-me: percorram-nos, leiam. Há tanta coisa boa que não se deve desperdiçar... Por mim, até já.

Setembro 15, 2008

Os vencidos do catolicismo (comentário)

Miguel Marujo

«A Maria de Lurdes Pintasilgo era uma apaixonada pela imagem da "Igreja do limiar" do teólogo Yves Congar. Assim: "Gente que passa junto ao limiar a igreja, uns pensando-se de fora, outros pensando-se dentro. Mas também aqui a fronteira não existe. é um limiar e, só porque por ele passam (pelo facto de existirem naquela cidade, naquele planeta Terra, no mundo), só por isso o que é transcendente diz-lhes respeito. A diferença entre uns e outros não é redutível a 'acreditar' ou 'não acreditar' (...) Por um lado, os que tentam seguir Jesus Cristo fazem-no porque vêem nele o caminho para Deus. Por outro lado, os que amam os mais fracos de entre os fracos são os que estão perto de Deus. Não há uma fronteira visível na humanidade, separando a comunidade dos cristãos da comunidade de toda a humanidade".»

(comentário de JM Pureza, ao post "Os vencidos do catolicismo", que merece o frontispício.)

Setembro 14, 2008

De corrida

Miguel Marujo

Aveiro. A casa, a família, a cidade quase só espreitada, tempo de luz que rasga a planura das águas. De corrida. Um intervalo antes da viagem longa.

Setembro 12, 2008

Suspenso

Miguel Marujo

A folga antecipa as férias que arrancam na próxima semana. Quando a cidade se agita, nós começamos a disparar os últimos cartuchos para desaparecer por uns dias. Dá gosto andar contra a corrente. Nas férias - e nas ideias feitas.

Setembro 11, 2008

Copycat

Miguel Marujo

Manuela Ferreira Leite falou sobre o voto dos emigrantes. Chamou a imprensa para uma conferência onde, disse, "só falo sobre esta matéria". Esta senhora de facto fala pouco e sacou da cartola mais um tema que não preocupa a maioria dos portugueses. Como Cavaco, quando interrompeu as férias dos portugueses, para falar dos Açores.

Setembro 11, 2008

Os vencidos do catolicismo

Miguel Marujo

A expressão para este post prometido tomo-a de João Bénard da Costa, que algures nos anos 90 contou no Independente (e depois em livro) o desencanto com a Igreja do seu tempo que o levou a sair, vencido. Hoje, lendo muitas das suas crónicas de viagem e de cinema redescobrimos partículas de Deus, que parecem ganhar ao Bénard que saiu vencido pela instituição.

 

Hoje, haverá quem se afaste e saia por motivos semelhantes (não escrevo iguais: as épocas, o contexto, são outros). Porque não gosta do que se diz sobre a moral sexual, sobre os divórcios, sobre o aborto ou a participação política. Sobre isto e aquilo. Também há mesquinhez deste mundo. Por causa do padre que não deixa fazer o bailarico ou porque mete dinheiro ao bolso. Por causa do bispo que não vem à paróquia há meses. Eu, por mim, aqui vou despejando mais as minhas fúrias que alegrias. Mea culpa. Mas as fúrias metem-me mais a pensar, as alegrias preferem-se vividas (em tempos de MCE falávamos da importância das pequenas grandes coisas, aquele trabalho discreto que não se alardeia, o gesto que se tem sem pedir recompensa...).

 

Quando escrevi uma dessas fúrias, houve quem lesse ali sinal de uma estóica resistência ou, eventualmente, palerma teimosia em permanecer. Tenho amigos, católicos, que acham que quero vincular a Igreja a este tempo e a este mundo, e que não pode ser porque estas coisas (dos divórcios, uniões de facto, aborto, ordenação de mulheres,... e esta misturada faz-me azia, por serem coisas tão diferentes, cheias de cinzentos, nada a preto e branco) são conjunturais e a Igreja move-se à velocidade de 2000 anos, necessariamente lenta, até imóvel, mesmo que esqueçam (eles) que houve Vaticano II - e não as minhas ideias pequenas.

 

Do outro lado, há uma preocupação de muitos não crentes e ateus (veja-se o Diário Ateísta, que é mais um blogue anticatólico/cristão/religioso, e que prefere o insulto à discussão, do que de defesa do ateísmo) pelas coisas eclesiais, que chega a raiar o absurdo, quando se põem a discutir o documento vaticano sobre a forma como celebramos a Eucaristia: se um católico escrevesse todos os dias sobre o modo como se organiza o PCP ou a Associação República e Laicidade, apontando-lhes maneirismos, anacronismos ou o apoio a ditaduras, inquisições dos tempos modernos, que responderiam eles?... Mandavam-nos para a sacristia.

 

Outros ainda pensam, como Joana Lopes, que por causa das minhas fúrias estarei em rota de colisão: «(...) se optarem um dia por sair, façam-no devagar, sem bater de portas e vão ver que não custa assim tanto. Mas se decidirem ir ficando, então coragem – só isso.» Não me apetece discutir assim: custaria muito sair, porque a minha pertença à Igreja não é posta em causa pelos padres tontos ou de bispos menos razoáveis. Nós somos Igreja, tanto como o patriarca ou o Papa, como o João César das Neves ou o João Seabra. Dizia um amigo, perante o elogio exterior, "mas vocês são católicos progressistas", terrível ideia, que "não, nós somos da mesma Igreja do cardeal ou dos que se ajoelham em Fátima". Mas a minha fé, esta fé, vive-se de modo diverso, vive-se no instante que é sentirmo-nos próximos do abismo na basílica de Assis ou na Capela Sistina. Aí, ou nos Picos da Europa ou no pôr-do-sol de Inhambane, ou na hora da morte estúpida e inesperada de um amigo. Não são os pecados da Igreja que me fazem correr dela, cansar dela, fazem-me antes querer continuar a pôr em cada coisa que faço solenidade e risco, como escreveu Sophia.

 

A coragem em ficar é tão grande como a dos que andam fora. Apetece dizer. Hoje, quando nos dizemos católicos, parece que nos aturam enquanto batemos também nos bispos, em Roma ou na beata. Não passa por isto a minha fé. Não sou um vencido, mas também não entendo que se diga, que se escreva, «há, em Portugal, muito mais intolerância e fundamentalismo religioso activo do que talvez se pense». Os exemplos são os do costume, mas também há dados novos: «Mas esse fundamentalismo obscurantista, e o intolerável moralismo que lhe está sempre associado, existe e aparece agora muitas vezes sob a capa de associações e ONG's beneficentes. Continua a minar este país, o profundo e o urbano, com grandes danos e muitas consequências.» Não percebo se se fala da tremenda acção social da Igreja, que em alguns casos, demasiados casos, está onde o Estado português nunca esteve.

 

Mas menos entendo o uso de palavras como "fundamentalismo obscurantista". É, para mim, tão obscurantista os fundamentalismos trauliteiros de muitos católicos desta praça como agora achar que os ateus detêm a verdade e só eles viram a luz, numa evangelização fundamentalista do espaço público, do País, em que no fundo querem acabar com os católicos, os crentes. No fundo: acabar com a diferença, com quem pensa e vive de modo diverso. Sem tolerância.

Setembro 09, 2008

Dois pesos, duas medidas

Miguel Marujo

«O CDS-PP vai apresentar no Parlamento iniciativas legislativas para alterar "de forma global" o regime do Rendimento Social de Inserção (RSI), que considera actualmente "permeável à fraude". "Actualmente o RSI é permeável à fraude. O regime permite que se transforme uma prestação que devia servir para ajudar pessoas a saírem de uma situação de pobreza e inseri-las no mercado de trabalho numa espécie de mesada", afirmou o deputado Pedro Mota Soares.» [da Lusa]

 

É um sonho pedir que o CDS-PP se preocupe com os crimes de colarinho branco, com as escapadelas ao fisco de milhões de muitos senhores, ou como bem notou Rui Tavares, «neste país onde Paulo Portas ainda não explicou quem é o famoso Jacinto Leite Capelo Rego que generosamente deu dinheiro ao seu partido (nem explicou o "caso sobreiros", nem o "caso submarinos", nem o "caso casino"), os ciganos é que são os malandros». Ou a malta do rendimento mínimo, que Portas não teve coragem para acabar. Este senhor, que dissimula e omite (mente) sobre um vice-presidente, metido no negócio dos sobreiros, acusa o rendimento mínimo de ser uma espécie de mesada. Pois.

Setembro 08, 2008

1975

Miguel Marujo

Os EUA vão nacionalizar duas empresas de crédito imobiliário. Aguardo ansiosamente pelas lições dos neoliberais de pacotilha a defenderem mais uma medida da Administração Bush.

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