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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Agosto 06, 2008

Um país quase imaculado (o PCP admira o capitalismo mais selvagem, desde que seja chinês)

Miguel Marujo

«O PCP destacou hoje o "esforço notável" do governo chinês para manter os Jogos Olímpicos no "estrito campo" desportivo e da amizade entre os povos, considerando que a preparação do evento decorreu "dentro da normalidade".
"É notável o esforço da China para manter os Jogos Olímpicos no estrito campo da afirmação desportiva" e da promoção dos "valores da amizade entre os povos e da paz", afirmou o dirigente do PCP Ângelo Alves, no final de uma conferência de imprensa na sede comunista, em Lisboa.
Questionado pelos jornalistas, Ângelo Alves defendeu que a "preparação dos Jogos Olímpicos [que começam sexta-feira em Pequim] decorreu dentro da normalidade" e desvalorizou as "tentativas de politização" que, disse, "servem a manipulação política".» [da Lusa]
 

Agosto 06, 2008

Ecos

Miguel Marujo

O velho ardina já deve ter morrido há muito, e a memória esconde-me o nome. Era quem me valia ao domingo, com o quiosque da estação fechado. Não sente a cidade falta dele, mas melhor assim. Hoje, o que teria para gritar de manhã? O Comércio, Janeiro, olhó Notícias..., dizia, assim, por esta ordem, em voz estridente. O seu mundo gritado da sacola acabou.

Agosto 06, 2008

Um país quase imaculado (o Janeiro)

Miguel Marujo

Raramente o li. Lá em casa, miúdo, entrava o Comércio, depois com o irmão mais velho na capital começaram a chegar o Expresso e o Diário de Lisboa, este comprado no Duarte dos Jornais aí pelas 18h/19h, quando era (ó sôr Marujo, o comboio hoje vem atrasado, e o meu Pai dizia-me, vamos dar uma volta, a fazer horas). O bichinho de contar nasceu assim, meio cozinhado entre jornais decadentes, outros regionais, paroquiais de pobres que eram. As referências, tantas vezes confundidas com reverências, viriam depois. Mas o Janeiro, por extenso O Primeiro de Janeiro, raramente o li.

 

O que não quer dizer que não sinta tão próxima a iniquidade que os seus jornalistas estão a sofrer à mão de um empresário sem rosto e sem coluna vertebral e de um grupo de alegados jornalistas que fazem o pasquim-substituto. O despedimento ilegal com subterfúgios indignos de 32 profissionais não provoca comoção à nossa direita sempre lesta a propagandear a malandrice dos rendimentos-mínimos, sem cuidar que estas fraudes empresariais são muito mais perniciosas à nossa economia.

 

Olho para as notícias, para as fotografias dos jornalistas à porta do jornal, impedidos de ali entrar, e lembro-me do mesmo suberfúgio canalha com que o Metro me despediu. Eu espero há dois anos pelo Tribunal do Trabalho. Estes camaradas começam um calvário pelos caminhos sinuosos da Justiça deste país. Para penalizar empresários canalhas, para reaverem algum pouco do muito que lhes roubaram na sexta-feira passada.

 

[mais sobre o caso lido na primeira pessoa, por Filinto Melo]