Cibertúlia

Há muletas a mais, três mulheres, dois homens, que saem com dificuldade do autocarro, um outro fala com a solidão e olha para todos os lados, há a rapariga de fundos olhos azuis e a matrona preta sorridente. No banco de trás, a mulher diz que nunca mais a despedem, apesar de tantas faltas que dou e um paquistanês despacha-se ao telemóvel numa língua indecifrável. Cores, gentes e feitios muito diversos. O autocarro 12 é a melhor resposta à gafe de Cavaco.

Continuam as vozes contra o Acordo Ortográfico. (Onde andaram estes anos todos, ele que há muito estava aprovado?) Deixo um link para quem é contra - ou melhor, para debate.

No estado do Roraima, Brasil, há indígenas atacados. Vale a pena conhecer e ajudar na sua defesa.

A UEFA inscreveu o FC Porto na Liga dos Campeões. Parece que não está para aguardar pelas decisões que demorarão tempo da justiça desportiva portuguesa. Retire-se o desportiva da frase anterior e ficamos com um retrato de um certo país: com uma justiça lenta, nem a Europa espera ou confia em nós. Um exemplo civil? Maddie, pois claro.

Suiça, 2-Portugal, 0. À primeira contrariedade, a culpa é do árbitro.

«Yakin gave Switzerland the lead when he slotted in through the legs of keeper Ricardo» (BBC). «Shooting through the legs of goalkeeper Ricardo from about 14 meters» (CNN). «Is volley, low and true through Ricardo's legs, forced the Swiss ahead» (The Guardian).

Os senhores bispos vão aprender a partir de amanhã um bocadinho de gestão. A notícia explica que quem lhes dará a aula são pessoas da Associação Católica de Empresários e Gestores. Conhecendo o gosto destes senhores pela flexibilidade (eufemismo pouco católico para falar em despedimentos mais fáceis), das duas uma: ou os senhores bispos começarão a querer aumentar a produtividade com dispensas de trabalhadores ou na procura da maior eficiência  económica vão descuidar os recursos humanos que ainda resistem. Sim, tenho pouca fé nestas aulas.

«[...] Num país em que pelo menos 5% dos residentes nasceram noutras paragens - dos quais dois, Deco e Pepe, estão na Suíça a engraxar o nosso orgulho por sermos portugueses - não podemos deixar de gritar o nosso não a uma directiva vergonhosa, bem como a toda e qualquer tentativa de fazer dos imigrantes os bodes expiatórios da crise que atingiu a Europa.» [do editorial do DN]

A propósito: uma petição contra a directiva que expulsa imigrantes não-comunitários da Europa.

Viu-se ontem. Scolari na conferência de imprensa mostrou como é diferente um certo jornalismo desportivo - o de cá e o de Inglaterra. A insistência nas perguntas difíceis foi feita em inglês.

«[...] Uma vitória do SIM, argumentaram os defensores do "não" irlandês, representaria a introdução da Interrupção Voluntária da Gravidez ou a permissão de casamento entre pessoas do mesmo sexo na República da Irlanda. E foi precisamente isto que o PCP e o BE celebraram.» [CMC, in Câmara dos Comuns]

No dia em que a Europa se tornar palpável para os europeus, os sins multiplicam-se. Não é difícil: basta os políticos quererem fazê-la com as pessoas. De resto, sobra-nos a luz de Lisboa. (Viram-na?)

Chumbar Maastricht, percebe-se. Agora, Lisboa?! Os irlandeses do "não" nunca devem ter visto a luz de Lisboa.

Pormenor: é mentira. Hoje, às 21 horas, sem informar nada nem ninguém (nem no site oficial), a APEL fechou a feira por causa das Marchas e dos Santos. Espantoso. Quem não gosta de uma e outra coisa e tinha aqui uma alternativa, não teve. A APEL é uma vergonha. Ponto.

«Não se compreende que algumas infraestruturas estejam tão dependentes do abastecimento por via rodoviária», acrescentando que «estão a ser estudadas alternativas» [Sócrates, hoje no debate parlamentar]. Já aqui o tínhamos dito.

"O Tratado de Lisboa é absolutamente fundamental para o Governo e fundamental para a minha carreira", afirmou José Sócrates, no debate quinzenal no Parlamento, em resposta à pergunta do deputado do PSD Mota Amaral sobre o silêncio do chefe do Governo quanto ao referendo irlandês. [da Lusa]

... para tanto pecado!

Haja santos!

E há outra coisa que se prova: se os patrões protestam, há sempre soluções e negociações. Se os trabalhadores protestam, o primeiro-ministro não se mostra impressionado.

[leiam lá o Daniel: tal e qual!]