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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Maio 07, 2007

Lembrar o essencial

Miguel Marujo

(...)

Dão-nos um nome e um jornal,
Um avião e um violino.
Mas não nos dão o animal
Que espeta os cornos no destino.

Dão-nos marujos de papelão
Com carimbo no passaporte.
Por isso a nossa dimensão
Não é a vida. Nem é a morte.

Natália Correia, lembrada na Vida das Coisas. O José Mário Branco tem uma versão musicada destas palavras que nos assombram. Por estes dias, apetece.

Maio 07, 2007

A Igreja falangista

Miguel Marujo

«O resultado destas eleições vai influenciar em muitas coisas que têm implicações morais muito importantes, como são por exemplo a segurança e a defesa da vida, o tratamento do matrimónio e da família, a educação moral da juventude, a tranquilidade e estabilidade da convivência»: quem assim escreve é o arcebispo de Pamplona. O mesmo senhor que apela ao voto na extrema-direita: «Hoje em Espanha há alguns partidos políticos que querem ser fiéis à doutrina social da Igreja na sua totalidade, como por exemplo Comunión Tradicionalista Católica, Alternativa Española, Tercio Católico de Acción Política, Falange Española [partido fascista] de las JONS [...] Não têm muitas possibilidades de influenciar de maneira efectiva a vida política, ainda que pudessem chegar a entrar em alianças importantes se conseguissem o apoio suficiente dos cidadãos católicos».

Acho espantosa esta cruzada de alguma Igreja espanhola, que começa a ganhar adeptos por cá: em defesa da vida, atropela-se a vida. Contra o aborto, mas a apoiar partidos fascistas que deixaram um rasto de sangue numa ditadura execrável. A favor da vida, mas sem nomear os atropelos sociais, as injustiças de todos os empresários que despedem alegremente de segunda a sexta ou quando fazem opas, enquanto batem no peito ao domingo ou se ciliciam nas laudes. Esta Igreja de Fernando Sebastian Aguilar é uma Igreja hipócrita. A vida conta pouco, para estes bispos, para esta gente tão pouco sedenta de justiça.

Maio 07, 2007

Zurzir

Miguel Marujo

Pacheco Pereira zurze na RTP (porque agora é moda, é fácil e dá leitores) por causa da noite eleitoral da Madeira, que seria incómoda para o PS. Não me lembro de Pacheco zurzir na RTP-Madeira por causa da campanha pró-activa que todos os dias ali se faz por Jardim e companhia, seja campanha eleitoral ou não. Ou atacar o único jornal estatal, que é o pasquim do Jornal da Madeira, financiado por todos nós. É preferível falar de transmissões televisivas, em vez de se criticar um acto eleitoral despesista, extemporâneo, que só existiu por birra de um senhor que berra muito e insulta mais.

[E sobre televisões e raptos: basta andar nos autocarros, entrar nos cafés, ouvir a rua, para perceber que o rapto da menina inglesa interessa muito mais, sobretudo aos cubanos, que dispensam ser todos os dias insultados via RTP ou SIC ou TVI, do meio do Atlântico.]

Maio 06, 2007

Mudar para nada mudar

Miguel Marujo

O que é que pode mudar na Madeira? Mais milhões, a não ser que a torneira seque, como a nova Lei das Finanças Regionais estabelece (e muito bem). De facto, na Madeira isto já começou a mudar. Pode ser que com a teta seca, o palhaço acabe por perceber que quem mais grita não tem sempre razão. E de França? O que vai mudar. Eu, p(l)asmado, aguardarei pela mudança. O que não muda? Este tom de alguma direita que gosta de comemorar e cavalgar as vitórias de uma direita que tem vícios bem mais viciosos que algumas esquerdas que adora criticar. Ou a estrada da senhora Maria é bem mais virtuosa que o aeroporto do senhor José?

Maio 06, 2007

Independência para a Madeira, já!

Miguel Marujo

«O regime - todo, do topo do Estado às juntas de freguesia - precisa bater no fundo porque já não se regenera», escreve João Gonçalves no seu Portugal dos Pequeninos (conhecido paladino da limpeza do regime e pró-Sarkozy para vassourar os idos de 68), sobre os 33 anos do «PPD/PSD», para a seguir aplaudir o que de mais fundo produziu o regime: o palhaço da Madeira. Apetece pedir ao João para pagar a factura do arquipélago com «esse genial anarquista institucional», como chama a Jardim. É que este pigmeu aqui está farto de ver a bandalheira dos seus impostos gastos à desgarrada em folias de placas descerradas e eleições de birra. Ou será que só Sócrates é que merece atordoadas por causa de gastos desnecessários? As máscaras (político-partidárias) caem sempre tão depressa.

Maio 04, 2007

Invejosos

Miguel Marujo

Sento-me ao seu lado no autocarro e torno-me interlocutor. Sem o saber, com direito a palmadinhas no braço, como os amigos fazem para chamar a atenção. O discurso não tem contexto, nem é servido com fio à meada. "São uns invejosos, todos. O Sampaio estava com o superior, quer dizer o patriarca, é superior é, é o superior de Deus, o patriarca, ele é que manda, ele é o representante de Deus na terra." Seja. E continua: "E depois uma pessoa anda arranjadinha, compra uma camisa a um euro, uma saia a cinco, e o Sampaio ao lado do outro não diz nada. Um invejoso, ele também é invejoso." A conversa continua, arrisco um sorriso, um pois a entrecortar o quase monólogo. O autocarro pára, ela quer sair, mas continua a explicar-me em detalhe a tese. Quando o motorista arranca, pede para sair, páre senhor, páre. Todos comentam, riem, gozam, protestam: "Põe-se na conversa e é isto." Ela tem razão: são todos uns invejosos. E apressados. Ninguém quer ouvir histórias.

Maio 04, 2007

Cruz

Miguel Marujo

[Perguntas para o pós-Carmona]
Como poderá sustentar Marques Mendes a não eleição de uma Assembleia Municipal, por «a legitimidade do voto para a Câmara Municipal [ser] diferente da legitimidade do voto para a Assembleia Municipal» (nas palavras do porta-voz Miguel Macedo) se Paula Teixeira da Cruz for candidata a presidente da autarquia?

Maio 03, 2007

«Não abandono o barco»

Miguel Marujo

O capitão julga que ainda navega, mas o barco já está atolado num mar de lama e só os ratos e ratazanas ficaram no porão a partilhar os restos e a imundície. Quando é assim, o capitão já não é capitão de nada, mas finge ou não quer perceber.

Maio 02, 2007

Já vai longa a marcha

Miguel Marujo

Hoje de manhã nova apresentação na junta de freguesia. "Deixe-me despachar este senhor", diz a funcionária para um imigrante que pede algo mais complicado. Um minuto depois, estou porta fora. Quem disse que assim se quer controlar o desempregado? Ninguém o pode afirmar. Assim só se quer diminuir as mulheres e os homens que caem nas malhas do desemprego. Iníquo, continuo a dizer.

Maio 02, 2007

Fundação intocável

Miguel Marujo

«A Fundação Dom Pedro IV é hoje uma das instituições mais polémicas... Esta entidade particular de solidariedade social tem sido acusada de servir interesse imobiliários e Vasco Canto Moniz, o seu presidente há 15 anos, é apontado como sendo o responsável por algumas irregularidades. A RTP teve acesso a documentos e a um relatório esquecido nos arquivos da Inspecção Geral da Segurança Social que propunha a extinção da instituição... Nada foi feito. Será esta uma Fundação intocável?»

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