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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Dezembro 31, 2006

[fecho]

Miguel Marujo

Um Bom Ano a todos, de todos os sabores, feitios e cores!



[Das boas festas de um amigo, que não se importará que ponha aqui este excerto: «Mediático mundo louco este, que lança foguetes quando "dá a volta" ao calendário, um dia depois de "idolatrar" a morte na forca como pena justa(???!!!). Há 2007 novas razões para "trabalhar" em nome da felicidade e da harmonia.»]

Dezembro 30, 2006

A ignorância e a derrota da civilização

Miguel Marujo

«O Presidente norte-americano, George W. Bush, já fez saber que a execução do ex-Presidente iraquiano é um "marco importante" para a democracia no país.» Democracia? A pesporrência ignorante de Bush continua a ser óbvia. Em lado nenhum, em tempo algum, a pena de morte pode ser um "marco importante" para a democracia, mesmo a morte de um ex-ditador como Saddam. Bush não aprendeu nada com o Iraque e continua a ser o alegre irresponsável que nos leva para o abismo.

Dezembro 29, 2006

Acabar com os velhos do Restelo

Miguel Marujo

entrada da exposição de Amadeo de Souza-Cardoso, na Gulbenkian
(clicar na foto para aumentar)


De que serve ler os velhos do Restelo presos em sua casa, que nada sabem da vida concreta de todos os dias, pulidos valentes e barretos que se queixam enfiados na sua redoma ricamente paga? Nada, nada mesmo. Olho para o jornal e nada aprendo com eles. Olho para aquela fila de gente, que espera civilizadamente e acho que há um país que afinal vale a pena: a exposição Amadeo de Souza-Cardoso, na Gulbenkian, é um sucesso que se exprime no longo tempo de espera para a ver (a composição das fotos é de hoje à tarde, pelas 17h). Miúdos e graúdos, numa mistura em que a cultura se dessacraliza, e ainda bem. Assim se criam públicos, assim se ensina o gosto.

Dezembro 28, 2006

Ateus crentes

Miguel Marujo

Há uns ateus com os quais não se pode conversar. Eles, só eles, têm a luz, a sua verdade, a sua religião. Falam mal dos outros, sem qualquer tolerância, acusando os outros de intolerância. Esta nova religião tem adeptos, que infestam a caixa de comentários de quem não lhes pede nada e acusam de ser criativos quem lhes deu voz. Enfim, novos crentes, fundamentalistas como outros.

Dezembro 28, 2006

Algozes

Miguel Marujo

A forca já está preparada para Saddam. A medida torna as suas vítimas em algozes ("
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<div style="text-align: justify;">A forca já está preparada para Saddam. A medida torna as suas vítimas em algozes ("<a href="http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=756012&amp;div_id=291" target"m"="target&quot;m&quot;" rel="noopener">punir um crime com outro crime</a>") e não beneficiará ninguém, nem a paz. Apenas Bush deve estar a afagar o seu particular conceito de justiça.</div>

Dezembro 21, 2006

A interrupção voluntária do diálogo

Miguel Marujo

[Hoje, o Público trouxe um texto assinado por Ana Berta Sousa, José Manuel Pureza, Marta Parada, Miguel Marujo e Paula Abreu, sobre o referendo sobre a despenalização do aborto. Reproduzo-o na íntegra, por os artigos de opinião do jornal não estarem acessíveis sem assinatura.]


Somos católicos e assistimos, inquietos e perplexos, à reiteração de uma lógica de confronto crispado por parte de sectores da Igreja Católica – incluindo os nossos bispos – no debate suscitado pelo referendo sobre a despenalização do aborto. Frustrando as melhores expectativas criadas pelas declarações equilibradas de D. José Policarpo, a interrupção voluntária do diálogo volta a ser a linha oficial. E o radicalismo vai ao ponto de interrogar a legitimidade ao Estado democrático para legislar nesta matéria. É um mau serviço que se presta à causa de uma Igreja aberta ao mundo.

A verdade é que a despenalização do aborto não opõe crentes a não crentes. Nem adeptos da vida a adeptos da morte. Não é contraditório afirmarmo-nos convictamente «pela vida» e sermos simultaneamente favoráveis à despenalização do aborto. Porque sendo um mal, não desejável por ninguém, o recurso ao aborto não pode também ser encarado como algo simplesmente leviano e fácil. As situações em que essa alternativa se coloca são sempre dilemáticas, com um confronto intensíssimo entre valores, direitos, impossibilidades e constrangimentos, vários e poderosos, especialmente para as mulheres. Ora, mesmo quando, para quem é crente, a resposta concreta a um tal dilema possa ser tida como um pecado, manda a estima pelo pluralismo que se repudie por inteiro qualquer tutela criminal sobre juízos morais particulares, por ser contrária ao que há de mais essencial numa sociedade democrática.

Por isso, não nos revemos no carácter categórico e absoluto com que alguns defendem a vida nesta questão, dela desdenhando em situações concretas de todos os dias: a pobreza extrema é tolerada como “inevitável”, a pena de morte “eventualmente aceitável”, o racismo e a xenofobia é discurso vertido até nos altares. A Igreja Católica insiste em dar razões para ser vista como bem mais afirmativa “nesta” defesa da vida do que nos combates por outras políticas da vida como as do emprego, do ambiente, da habitação ou da segurança social. Além de que, no caso do aborto, a defesa da vida deve sempre ser formulada no plural. Estão em questão as vidas de pelo menos três pessoas e não apenas a de uma. Por isso, quando procuramos – como recomenda um raciocínio moral coerente mas simultaneamente atento à vida concreta das pessoas – estabelecer uma hierarquia de valores e de princípios, ela nem sempre é fácil ou mesmo clara e não será, seguramente, única e universal. Nem o argumento de que a vida do feto é a mais vulnerável e indefesa das que se jogam na possibilidade de uma interrupção voluntária da gravidez pode ser invocado de forma categórica e sem quaisquer dúvidas.

É de mulheres e de homens que se trata neste debate. E também aqui, o esvaziamento do discursos de muitos católicos e sectores da Igreja relativamente aos sujeitos envolvidos nos dilemas de uma gravidez omite a recorrente posição de isolamento, fragilidade ou subalternização das mulheres, para quem o problema poderá ser absoluto e incontornável, e reproduz a distância que sustenta a sobranceria e condescendência moral de muitos homens (mesmo que pais). A invocação do direito da mulher a decidir sobre o seu corpo é um argumento que, bramido isoladamente, corre o risco de reproduzir de uma outra forma a tradicional atitude de desresponsabilização de grande parte dos homens perante as dificuldades com que se confrontam as mulheres na maternidade e no cuidado de uma nova vida. A defesa da autonomia da mulher, da sua plena liberdade e adultez é indiscutível e será sempre tanto mais legítima e forte quanto reconhecer e atribuir ao homem os deveres e os direitos que ele tem na paternidade. Ignorá-lo é mais uma vez descarregar apenas sobre os ombros das mulheres a dramática responsabilidade de decidir sobre o que é verdadeiramente difícil. A Igreja tem, neste aspecto particular, uma responsabilidade maior. A suas preocupações fundamentais com a família exigem uma reflexão igualmente apurada sobre as responsabilidades conjuntas de mulheres e homens na concepção e cuidado da vida.

Infelizmente, pelas piores razões, o discurso oficial da Igreja está muito fragilizado para a defesa de abordagens à vida sexual e familiar que acautelem o recurso ao aborto. A moral sexual oficial da Igreja – e, em concreto, em matéria de contracepção – fecha todas as alternativas salvo a da castidade sacrificial. É um discurso que não contribui, de modo algum, para a defesa de uma intervenção prioritariamente preventiva, em que ao Estado fosse exigível um sistemático e eficaz serviço de aconselhamento e assistência no domínio do planeamento familiar e da vida sexual. Pelo contrário, o fechamento dos mais altos responsáveis da Igreja a uma discussão mais séria e aberta sobre a vivência concreta da sexualidade denuncia um persistente autismo, que ignora a sensibilidade, a experiência, o pensamento e a vida das mulheres e dos homens de hoje.

Em síntese, o recurso ao aborto é sempre, em última análise, motivo de um grave dilema moral. E é nessas circunstâncias de extrema dificuldade que achamos ter mais sentido a confiança dos cristãos na capacidade de discernimento de todos os seres humanos, em consciência, sobre os caminhos da vida em abundância querida por Deus para todos e para todas. Optar por uma reiteração de princípios universais, como o do respeito fundamental pela vida, confundindo-os com normas e regras de ordenação concreta das vidas é, além do mais, optar por uma posição paternalista, de imposição e vigilância normativas, e suspeitar de uma postura fraternal, de confiança e solidariedade, com os que, de forma autónoma, procuram discernir as opções mais justas. Partir para este debate com a certeza de que a despenalização do aborto é porta aberta para a sua banalização é abdicar de acreditar nas pessoas, em todas as pessoas, e na sua capacidade de fazer juízos morais difíceis. Não é essa abdicação que se espera de homens e mulheres de fé.

Dezembro 21, 2006

Da pulhice

Miguel Marujo

A General Motors fechou hoje as portas da fábrica da Azambuja. A administração deu uma prenda de Natal aos funcionários, vê-se um na reportagem, "para os meus filhos". Da pulhice, em forma de embrulho, tenta encher-se o bodo de quem vai para o desemprego.

Dezembro 21, 2006

A interrupção voluntária do diálogo

Miguel Marujo

«A Igreja Católica insiste em dar razões para ser vista como bem mais afirmativa "nesta" defesa da vida do que nos combates por outras políticas da vida como as do emprego, do ambiente, da habitação ou da Segurança Social. Além de que, no caso do aborto, a defesa da vida deve sempre ser formulada no plural. Estão em questão as vidas de pelo menos três pessoas e não apenas a de uma.»

Hoje, no Público, nas páginas de opinião (contéudos fechados), um texto de Ana Berta Sousa, José Manuel Pureza, Marta Parada, Miguel Marujo e Paula Abreu.

Dezembro 21, 2006

Juro

Miguel Marujo

Li algures que uma tal Associação de Telespectadores tinha escolhido o argumento da novela Jura como a melhor coisa da SIC. Juro pela minha saúde que, em 30 zappings, de três minutos cada, devo ter apanhado umas 30 cenas de cama. Devo ser criterioso, já se vê.

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