Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Novembro 29, 2006

Cuidar

Miguel Marujo

Andar em Lisboa a horas incertas, por ruas deformadas, no meio de obstáculos. O peão é bola de "flipers" entre passeios de buracos, artérias esventradas, tapumes de indiferença. Se os nossos governantes (chavão onde cabe tanto e tão pouco) não habitam esta cidade, que fazer? Insistir, bater na tecla, insistir. E continuar a pé.

Novembro 29, 2006

«Flexisegurança»

Miguel Marujo

«[...] A tensão entre a protecção legislativa do emprego (que é frequentemente considerada como apresentando grande rigidez) e a maior flexibilidade do mercado de trabalho (também frequentemente apontada como condição estratégica de competitividade) reflecte-se na existência de práticas não legais de relação laboral altamente flexível e precária bem como no apontar de orientações consideradas eficazes em alguns países da UE, e que, segundo alguns, deveriam ser adoptadas em Portugal.

Entre essas orientações tem ganho, recentemente, relevo cada vez maior a chamada “Flexisegurança”, a qual mereceria, a nosso ver, uma discussão mais alargada e aprofundada.

Com efeito, as condições institucionais e sócio-culturais do nosso País, tais como uma fraca cultura negocial, a fragmentação e défices de representatividade que caracterizam o nosso sistema de relações laborais (...) e, ainda, o baixo nível de protecção social no apoio à empregabilidade e ao desemprego, tudo isso levanta dúvidas sobre a oportunidade/possibilidade de se seguir, hoje, em Portugal essa orientação. Acresce ainda que a “flexisegurança” é exigente do ponto de vista dos encargos financeiros a que dá lugar.

Paralelamente à discussão deste tema, considera-se indispensável que se aumentem fortemente os esforços (preventivos e correctivos) para que o legislado e o convencionado colectivamente sejam efectivamente aplicados e prontamente sancionados os eventuais desvios. [...]» [Comissão Nacional Justiça e Paz, «Relações Laborais em Portugal: que perspectivas?», sublinhados nossos]

Novembro 28, 2006

Nomes

Miguel Marujo



Painel com os nomes dos mortos no WTC, no 11 de Setembro, no Ground Zero. [Nova Iorque, EUA, foto MM, Outubro de 2005]

Novembro 28, 2006

Rostos

Miguel Marujo



Fotos de imigrantes chegados a Buenos Aires, entre finais do século XIX e inícios do século XX. [Museu da Imigração de Buenos Aires, Argentina, foto MM, Dezembro 2004]

Novembro 28, 2006

Vão gozar outro!

Miguel Marujo

Eu fiz isto tudo durante seis anos: flexibilizei horários e funções, demonstrei «maior capacidade de adaptação interna aos objectivos da empresa», e no fim, um senhor que nunca me viu nem perguntou o que fazia resolveu que «o trabalhador em causa ficava com o direito a um maior nível de segurança e protecção social» e assinou a carta para me pôr na rua, ao abrigo do «período experimental». Despedir neste país é fácil. A «flexisegurança» neste país funciona sempre para as empresas, nunca para os trabalhadores.

Novembro 27, 2006

«No pussy blues»

Miguel Marujo

While everything is quiet and easy
Mr. Grinder can have his way...
--Memphis Slim, 1941


On 5th April 2006, Nick Cave, Warren Ellis, Martyn Casey and Jim Sclavunos entered RAK studios, London, for a week with producer Nick Launay and recorded thirteen songs. It was mixed in September at Metropolis Studios. Calling themselves Grinderman, the album is set for a March 2007 release.

Novembro 27, 2006

Sem saúde

Miguel Marujo

Correia de Campos tem as suas neuras. Diz apostar na clínica geral, mas garante que não põe os pés nos centros de saúde, prefere "entupir" as urgências. Diz que não paga horas extraordinárias, mas quem engordam os gastos são os tarefeiros, pagos a peso para preencher equipas que não têm médicos que não entram nos quadros. E agora diz que «os grupos privados [do sector da saúde] têm a sua política e pagam aos senhores jornalistas para porem notícias nos jornais e nas televisões», mas mantém um pequeno-almoço mensal com jornalistas previamente inscritos, para quem os seus assessores eram (são) particularmente insistentes para irem... Coisas.

Novembro 26, 2006

Lisboas

Miguel Marujo

Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante!

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade, rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa é não haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora - ah, lá fora! - rir de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes à mostra


«Pastelaria», Mário Cesariny, in Quinze Poetas do Século XX [selecção e prefácio de Gastão Cruz, Assírio & Alvim, Dezembro de 2004].

Com Mário Cesariny, o Chiado da minha Lisboa era familiar. Com o César Oliveira, os meus dois primeiros anos de Lisboa, foram de aprendizagem.

Novembro 24, 2006

Panda para adultos (II)

Miguel Marujo

«Depois de tentativas falhadas com Viagra, medicamentos ocidentais e receitas afrodisíacas da medicina tradicional chinesa, os especialistas descobriram a solução ideal para convencer os pandas a acasalar: mostrar aos machos vídeos pornográficos. Filmes de pandas a rebolar com pandas têm feito maravilhas pela proliferação da espécie.» [in DN]
Bem me parecia que aquilo do Panda não era inocente...

Novembro 22, 2006

Lx Repórter

Miguel Marujo

Novembro 22, 2006

Sem rosto

Miguel Marujo

Procurei saber como está o meu processo. No posto de atendimento, onde entreguei a papelada toda: «Ainda não há nada. E aqui não lhe sabemos dizer. Só telefonando para a secção de desemprego, mas é muito difícil», diz-me a funcionária a arrastar o muito difícil. É um facto: liga-se e nunca ninguém atende, para os diferentes números. Maldito Estado sem rosto.

Novembro 22, 2006

Fazer prova de que estás vivo, não és criminoso, não roubaste o Estado, não assinas sob pseudónimo,

Miguel Marujo

Por portas travessas (é assim, sempre, que se sabem as coisas) soube que a Segurança Social tem dúvidas sobre se o despedimento teria sido voluntário ou não! Claro, claro. Mas tirarem essas dúvidas atempadamente, não? Não, espera-se dois meses, não se diz nada, e agora vai lá o despedido para explicar do seu involuntarismo na causa do desemprego. Só neste país, como canta Sérgio Godinho.

Novembro 22, 2006

1925-2006

Miguel Marujo

Nos Óscares deste ano, Robert Altman revelou ter sido submetido a um transplante de coração. «Recebi o coração de uma mulher de 30 anos. Por isso, penso que ainda me restam mais 40 anos. E pretendo utilizá-los.» O filme da vida dele passa desde ontem no cinema paraíso.

Pág. 1/5