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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 12, 2006

Insensatez

Miguel Marujo

Estranho ecumenismo o que junta em Jerusalém rabis, xeques e arcebispos: todos juntos contra a parada gay. Mas nunca os vi juntos contra a violência entre facções religiosas.

Julho 10, 2006

Família e famílias

Miguel Marujo

Todos têm uma família. Mesmo um solitário na cidade deve sentar-se no esconso de uma qualquer tasca a espreitar o seu Benfica. Já o Papa tem a mais fácil das famílias: enorme, gigante, um mar de gente que tem um lar, a que chama a Casa do Pai, mas que acaba por não arreliar muito. Não deixa a louça por lavar, não chega tarde a casa, não grita nem amua, não acorda com remela. Quer dizer: faz isto tudo, mas longe das janelas do Vaticano.

A família de todos os dias, do quotidiano, das arreliações e dos aconchegos, essa, por opção o Papa deixou-a para trás. Mas ainda bem que assim é: se todos gostassem do amarelo, o que seria do azul?! O que me incomoda é que Bento XVI venha do púlpito da sua casa serena defender a família, que é um-pai-uma-mãe-e-filhos-quantos-forem. Indissolúvel. Também acho, mas acho para mim. Quando casei, assumi que é assim que quero viver. Com ela, para ter filhos, queremos ter filhos, os que conseguirmos, e a vivermos todos os dias para sermos felizes. Mas não quero impor esta vida assim a quem não for feliz assim. O Papa ao falar daquela família esquece muitas outras famílias. E nestas, muitas famílias de cristãos. O Papa ao falar assim esquece que devemos incluir antes de excluir. Mais: a família, núcleo essencial das nossas comunidades, deve ser também espaço de inclusão. E se nela persistir a violência, que sentido fará mantê-la indissolúvel?

Hoje, numa realidade em que as famílias se constituem de formas tão diversas (pais divorciados, filhos que convivem com padrastos e madrastas e irmãos do "outro lado", pais solteiros, famílias homossexuais com filhos naturais e adoptivos,...), mais valia fazer o discurso onde se falha tantas vezes. Mesmo nas melhores famílias, nas famílias de todos os dias. O discurso da inclusão, do amor. Tenho ideia que há dois mil anos um tipo que incomodou consciências e se deu com os pecadores lhes disse precisamente isto. Sem defesas dogmáticas. Essas, deixo para o Buffon.

[Declaração escusada de interesses: sim, tenho familiares e amigos divorciados, recasados, pais e mães solteiros, pais homossexuais, filhos e filhas que têm "meios irmãos" e os consideram irmãos de sangue.]

Julho 09, 2006

[modas]

Miguel Marujo

"Este ano de 2006, a moda para as meninas, será o biquíni de três peças: chapéu, óculos de Sol e chinelo de pé."
[comentário de um leitor do PortugalDiário sobre os 60 anos do biquíni]

Julho 08, 2006

Se...

Miguel Marujo

Se isto, se aquilo. É um desporto nacional, a que também me dedico, mais do que devia. Mas aquele voo do Nuno Gomes a três minutos da humilhação fez-me pensar como teria sido se...

[actualizado: perguntar não ofende: porque é que nenhum dos muitos jornalistas portugueses presentes na Alemanha perguntou uma vez que fosse por Nuno Gomes, durante todo o campeonato?]

Julho 07, 2006

40 anos [de conspirações]

Miguel Marujo

O meu Pai conta-me sempre a história (pelo menos de quatro em quatro anos, quando há Mundial). Há 40 anos, o jogo era em Liverpool e foi mudado para Londres, obrigando a selecção portuguesa a uma viagem de comboio em vésperas de jogo decisivo com a Inglaterra. Perdemos - e ainda hoje o meu Pai aponta o dedo à viagem de última hora e ao cansaço dos magriços. Fomos relegados para a discussão do 3º e 4º lugar. Hoje, parece repetir-se parte da história, de novo com o anfitrião: o alegado mau tempo em Estugarda (nas imagens não se vê intempérie nenhuma na cidade) fez desviar o avião para Frankfurt, obrigando a eventual viagem de autocarro. Se perdermos, podemos sempre apontar o dedo ao mau tempo. Sempre se varia da desculpa esfarrapada do árbitro e da conspiração sul-americana.

Julho 07, 2006

Tabard

Miguel Marujo

Para África vamos protegidos como deve ser e não há mosquito que se aproxime com o Chanel nº 5 dos repelentes. Aqui, às primeiras horas de calor, eles passeiam-se tranquilamente à nossa volta. Tenho de comprar Tabard.

Julho 05, 2006

[oração]

Miguel Marujo


Cash's once mountainous voice trembles and breaks in a set of songs both somber and spiritual. "Oh, Lord, help me to walk another mile, just one more mile," Cash sings on the disc's opening line. "I'm tired of walking all alone." [CNN]

Julho 05, 2006

Bandeira vermelha

Miguel Marujo

Julho é o mês de praia. Hoje, pela fresquinha das 8h30, o trânsito à volta dos Salesianos era pior que em dia de aulas: aos carros dos papás que querem deixar os filhos dentro da escola, juntavam-se os autocarros para levar os catraios para a praia. Agora que o sol já abriu (anda tímido o rapaz), só me recordo que, em tempos, o meu mês de Julho de praia dava direito a uso de t-shirt pelo menos até às 11 da manhã. Na Praia da Barra ou na Costa Nova, manhã que se prezasse tinha nevoeiro ou neblina até essas horas. Depois abria-se um dia fantástico. A única coisa que estragava a manhã era a bandeira vermelha. E não eram precisas multas.