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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Dezembro 31, 2005

[fechado para balanço II]

Miguel Marujo

Não elejo o melhor blogue. Como posso escolher algo tão absoluto quando não conheço tudo? Os blogues de que gosto, mais ou menos, e que leio, com mais ou menos regularidade, estão na coluna da direita. Todos estão premiados.
Mas o que posso escolher é o melhor funeral de um blogue, e esse foi o do Barnabé, que na hora da despedida se disse de coisas bonitas e se fez de posts frenéticos em fim de época. O André pedia, então, que «não havendo cadáver, parece-me que não há razão para enterro. Proponho que se mude a metáfora para carnaval de verão. Temos três dias, disfarçamo-nos uma última vez de barnabés, para tudo se acabar na segunda-feira, sob um sol escandaloso.» No fim, com estertor, ligaram a mira técnica e puseram na grafonola o hino de Trinidad e Tobago. Quando morrer, batam em latas. E dêem-me uma festa à Barnabé.

Dezembro 31, 2005

[fechado para balanço]

Miguel Marujo

No cinema, mais uma vez foi um ano de poucas idas às salas. Mas houve coisas que valeram a pena. Balanços mais exaustivos ficam para a casa do lado. Aqui, algumas das imagens de filmes que valeram a pena. Sem outras pretensões


Uma lutadora (e o melhor filme dos que vi este ano):



Million Dollar Baby/Sonhos vencidos


Um super-herói (a sério):


Batman Begins/Batman - O Início


Uma viagem (e uma vida assim contada):


Broken Flowers/Flores Partidas


Um murro (e uma dança e Natalie):


Closer/Perto demais


Um manifesto (e muitas dúvidas em vez de certezas):


Crash/Colisão


Um amor tardio de Verão (e Emily):


My Summer of Love/Um Amor de Verão


Uma surpresa (e a luz e a cidade e Scarlett):

Dezembro 29, 2005

«O que me preocupa é o desemprego, que é um drama para cada um dos 430 mil desempregados»

Miguel Marujo

(Cavaco Silva, primeiro-ministro de 1985 a 1995*,
na terça-feira passada)

Taxa de Desemprego (Total) - Homens e Mulheres
Periodicidade Trimestral

1992
4,1 - 3,9 - 4,1 - 4,5

1993
5,1 - 5,3 - 5,6 - 6,2

1994
6,8 - 6,7 - 6,8 - 7,1

1995
7,4 - 7,0 - 6,9 - 7,3

in Séries Cronológicas do INE, Taxa de Desemprego Total
(* - os valores anteriores a 1992 não estão disponíveis online)

Dezembro 29, 2005

Sem saúde

Miguel Marujo

O ministro Correia de Campos parece que quer que os médicos recebam por doente visto nas urgências. Eu, por mim, proponho que o ministro só receba por despacho assinado!
Ao ministro não interessa que um médico passe 24 horas seguidas a trabalhar (porque 12 horas extraordinárias são obrigatórias ou a urgência fecha) e depois - porque não há médicos suficientes - ainda tenham de ir para as enfermarias, sem descanso.
Ao ministro não interessa que as urgências continuem a receber "aftas" às três da manhã porque é mais fácil pagar a taxa moderadora que aturar as filas dissuasoras dos centros de saúde.
Ao ministro pouca importa se os médicos em formação estão muitas vezes desacompanhados nas enfermarias e nas urgências porque os mais velhos são poucos e não chegam para tudo.
Já sei. Há muitos clínicos que prevaricam, que confundem privada com público, e por aí fora, mas aí aperte-se a sério (que nisto o senhor ministro não mexe): proponha-se a quem está no público um salário justo e sério (e quem não quiser que se dedique à privada), metam-se as pessoas necessárias nos quadros e vai ver que as horas extraordinárias baixam imediatamente.
Escusam de vir aqui os arautos dos médicos-é-que-são-culpados: cá em casa, mora uma, e o que em cima se conta é de quem sofre com um sistema que espezinha as pessoas sob a capa de mudar o que está mal; ela (e eu) preferíamos noites bem dormidas e menos dinheiro das horas extra, sem urgências de 24 horas.

Dezembro 27, 2005

Dias de viagem

Miguel Marujo

A CP chama Intercidades a um comboio que pára em Vila Franca de Xira, Santarém, Entroncamento, Fátima (um ermo no meio de nenhures e não a localidade), Caxarias, Pombal, Alfarelos, Coimbra-B, Pampilhosa, Mealhada, Aveiro, Estarreja, Ovar, Espinho, Gaia, Campanhã, e pára ou segue por aí fora, até Braga ou Guimarães. A CP chama Pendular a um comboio que pára naquelas estações excepto Vila Franca de Xira, Fátima, Caxarias, Alfarelos, Pampilhosa, Mealhada e Estarreja. A CP quer o TGV para quê?

Dezembro 23, 2005

Pressa

Miguel Marujo

Demasiada pressa: fechar páginas, despachar amigos ao telefone, dessintonizar a rádio entre o futebol de meia-noite e a música natalícia, zappar sem fim e sem nada na tv. Fazem-me falta o cinema, as conversas, os amigos, a pausa, a festa, o nascimento. Vêm aí. Com a tranquilidade de dias que precisam de ser vividos com outro ritmo.

Dezembro 21, 2005

A terra, hoje

Miguel Marujo

Um frio de rachar. Um ou dois graus negativos. Vento. Uma impressão de navalhas a serem lançadas pelo ar. Uma velhota no meio da rua, de joelhos, a pedir. Romena ou moldava talvez, pelo aspecto. Com este briol que corta tudo… - aqui, como dar...

Dezembro 20, 2005

No país de Cavaco[ou nós temos memória]

Miguel Marujo

Os agentes da PSP ouvidos hoje no julgamento do caso do jovem baleado durante os protestos na Ponte 25 de Abril, em 1994, recusaram que tivessem sido efectuados disparos por parte dos manifestantes, como foi anteriormente afirmado. O julgamento cível decorre no Tribunal Administrativo e Fiscal de Lisboa, depois de no processo-crime não ter sido provado que foi um polícia quem alvejou a tiro Luís Miguel Figueiredo - que ficou paraplégico - embora fosse provado que houve disparos de balas reais. A defesa do jovem, que tinha 18 anos na altura dos acontecimentos, reclama uma indemnização de 225 mil euros ao Estado. [in Lusa]

Dezembro 20, 2005

Autopalermice

Miguel Marujo

A Volkswagen recebeu benefícios para se instalar em Portugal. Ao longo dos anos, a marca alemã manteve sempre uma situação de privilégio, mas todos os anos aperta os calos aos trabalhadores - ou eles acatam as suas propostas ou os senhores vão montar carros para a Conchinchina. Os trabalhadores aceitaram sempre, com uma responsabilidade social, elogiada pela direita liberal e pelos empresários subsidiodependentes. Este ano, nova prenda no sapato: "ou aceitam ou marchamos". E o inenarrável ministro da Economia adverte que se não for viabilizado o acordo, a culpa é dos funcionários. Não, não é! A culpa é de um Estado (Cavaco, lembram-se?) que aceita as regras de uma multinacional e que todos os anos cede às ameaças, sem nunca negociar claramente com a empresa. Inaceitável.

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