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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Setembro 21, 2005

O costume

Miguel Marujo

Fátima voltou, os populares batem palmas. Um homem ousa a crítica — logo é apupado e achincalhado. À frente das câmaras de televisão, que é onde o povo ganha coragem. As eleições ditarão a sua vitória. Como Avelino em Amarante, Isaltino em Oeiras e Valentim em Gondomar. Mas os políticos é que são os canalhas do costume.

Setembro 20, 2005

Respigador III

Miguel Marujo

O Público adoptou uma nova política de aumento de preço de capa sem dizer nada a ninguém. Antes, ainda tínhamos direito a nota editorial, justificação do director, ou coisa que o valha. Agora não: despacha-se a coisa com um anúncio factual, sem mais nada na primeira página, no próprio dia do aumento. Tinha sido assim às sextas, quando do lançamento do Inimigo Público, foi assim depois com o suplemento infantil Kulto ao domingo, e, por fim, ontem, com a revista de economia DiaD. Nunca nas campanhas publicitárias a estes novos suplementos, a direcção do Público fez o óbvio: dizer aos seus leitores que ia cobrar mais...

PS - O Público agora custa entre 1 e 1,40 euros. Apenas às terças, quartas e quintas tem desconto...

Setembro 17, 2005

O Sebastião do costume

Miguel Marujo

Candidato apoiado pelo PS queria ex-comissário na estrutura da campanha, mas apesar de se declarar como apoiante entusiástico de Soares, António Vitorino alega «motivos profissionais», «falta de tempo e de disponibilidade» para recusar funções institucionais.

Setembro 16, 2005

Não és nada: a televisão cretina

Miguel Marujo

Sobre o programa da SIC que anda para aí, nada como reproduzir o texto de Miguel Vale de Almeida — que diz tudo.

[Amanhã, parece que a extrema-direita (eufemismo para fascistas e nazis) vai protestar contra a coisa (mais uma vez autorizados pelo Governo Civil, contra a Constituição). Os cretinos são assim: gostam uns dos outros.]

"O 'Esquadrão G - Não és homem, não és nada' é apenas mais um programa cretino duma televisão cretina. A única razão porque merece alguma atenção é por ter ser sido propagandeado como programa cujos protagonistas são gay. No deserto da homofobia é razão que baste para despertar interesse. Ontem juntámo-nos uns tantos e umas tantas aqui em casa para ver a estreia da coisa. Confirma-se: é um programa cretino para uma televisão cretina. Embora sem grande drama (não me parece que o programa faça mossa, assim como não contribuirá para a famigerada "mudança de mentalidades"), perpetua estereótipos de género e sexualidade: os homens (hetero) serão broncos insensíveis; as mulheres (hetero) vêem os seus homens como Barbies para vestir; e os gays (homens) gostam de trapos, amaciadores e comidas com nomes franceses. Programa cretino para televisão cretina num sistema de género e sexualidade cretino. Tudo bem. Mas o mais curioso da noite foi isto: nem no programa propriamente dito, nem no stunt publicitário com a presença do Esquadrão no programa de Herman José, logo a seguir, alguma vez se referiu sequer que os rapazes são gay. Isto é, a sua gayness desapareceu depois do anúncio do programa nas últimas semanas. A sua gayness surge apenas confirmada nos sinais exteriores de... gayness - coisa que só pode acontecer se esses sinais forem os de um estereótipo*. Circularidade absoluta. O silêncio foi tal que quase suspeito que fosse combinado.

Bocejo.

* Um estereótipo não é uma imagem horrenda que deve ser combatida em nome de uma imagem belíssima, definida sabe-se lá por quem e com que autoridade. Um estereótipo é apenas uma forma de pobreza. Não de quem o transporta em si, mas sim de quem o promove/incita nos outros.[...]"

Setembro 16, 2005

O aperto

Miguel Marujo

Carrilho não apertou a mão. Carmona diz que o outro é um grande ordinário. Lisboa merece mais, mesmo! Não mais do mesmo. Felizmente (estou convencido) estarei de férias — longe do país — quando forem as eleições.

Já agora: podiam antecipar o referendo sobre o aborto para Outubro... Evitava ouvir os dislates pró e contra.

Setembro 15, 2005

Deus escreve

Miguel Marujo

Ele não tem "nenhum pretexto para dar o link de novo, é só porque sim". Nós não precisamos de pretextos para ir visitando essa nossa outra casa — é só porque sim. Mas o melhor desse blogue de contemplação é a fotografia que alguns leitores lhe tiram, como este brasileiro: "E Deus Criou a Mulher - que bela forma de começar o dia. Deu até vontade de brigar com os tradutores da Bíblia: Em verdade, em verdade, Deus escreve certo por linhas curvas!"

Setembro 14, 2005

Serviços mínimos

Miguel Marujo

Já devem ter reparado: este blogue vai navegando em ritmo mais pausado, ao sabor de uns dias mais complicados. As contradições explicam-se assim. Têm muitas casas onde aportar, por estes dias. Espreitem a coluna de links.

Setembro 13, 2005

En portugués, por supuesto

Miguel Marujo

El partido del pequeño líder, conocido por empezar sus frases con una citación de un poeta genial — ganda nóia —, todavía quiere defender la lengua y la cultura lusas contra la tomada del poder de una televisión por el grupo Prisa. Sobre el nuevo año escolar, nada se escuchou de su boca.

Setembro 10, 2005

Nova Orleães, Portugal

Miguel Marujo

Fosse Nova Orleães uma cidade do Litoral português (ou num qualquer recanto da União Europeia) e já a nossa alegre direita teria decretado a falência do Estado Providência, da Europa, da Segurança Social, do rendimento mínimo garantido. Como foi ali, no Sul dos Estados Unidos, esses senhores insistem na culpa de todos, de preferência pretos, de deus, de alá, mas nunca do Estado-que-não-intervém e muito menos de Bush. Já conhecemos a lenga-lenga.

[ver também este post]

Setembro 10, 2005

Jornalistas, esses anti-americanos

Miguel Marujo

«Katrina, Tratados como animais»
Apresentado as vítimas como refugiados, fizeram deles estranhos indignos de socorro.

«Os brancos não vivem em Nova Orleães»
Há muito que os negros eram os únicos habitantes das zonas mais vulneráveis da cidade. Além disso, 35 por cento da população negra não tinha automóvel para poder fugir do Katrina.

«George W., incapaz e insensível».
Quando milhares dos seus concidadãos sofriam e morriam diante das câmaras, Bush esteve abbaixo de tudo.

«O Estado é a civilização!»
O caos que se espalhou em Nova Orleães relançou o debate sobre a importância do Estado.

«Onde está a segurança interna?»
Se Nova Orleães tivesse sido atingida por terroristas, as autoridades também não teriam sido capazes de organizar as acções de socorro. Triste lição, quatro anos após o 11 de Setembro.

Acalme-se Pacheco Pereira. Os títulos e entradas que se reproduzem não são da perigosa e anti-americana imprensa portuguesa. São artigos, reproduzidos no Courrier desta semana, com origem nas publicações americanas The Lexigton Herald Leader, The New York Times, Salon, Slate. Tudo gente primária, já se sabe.