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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Setembro 30, 2005

Há palavras que nos beijam

Miguel Marujo

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

[à M., nos seus 29 assombrosos anos
com Alexandre O'Neill]

Setembro 28, 2005

É p'ra já!

Miguel Marujo



align=justify>«A importância do clitóris é algo subjectiva. Tem uma função essencial no prazer sexual mas, para além disso, a sua mutilação não afecta nenhuma função vital [nomeadamente] a função reprodutiva.» Esta é uma das pérolas parlamentares de um senhor que já foi deputado do CDS que agora se candidata à Câmara Municipal de Vale de Cambra.

Sem acesso ao seu outdoor de campanha na net (ó Rui, fotografa lá isso!), imaginem a figura aqui posta olhando para o infinito, sobre um fundo azul-céu e umas nuvens... A frase, o slogan, a grande ideia de campanha? "Miguel Paiva, é p'ra já!"

Setembro 26, 2005

Tão amigos que eles eram

Miguel Marujo

"O programa mais perigoso do ponto de vista político é o do professor Carmona Rodrigues. É um programa que diz que é tudo mau, que é tudo para fazer de novo, apesar de ele (Carmona) ter sido vice-presidente e ser agora presidente" da autarquia, afirmou Maria José Nogueira Pinto numa acção de pré-campanha no Chiado. [da Lusa]

Setembro 26, 2005

Quem desdenha...

Miguel Marujo

O director do Público dizia há pouco tempo, num trabalho sobre os jornais gratuitos nas páginas do seu diário, que os gratuitos são uma compilação de breves notícias de agências noticiosas. Deve ser por isso que o Público diz hoje na sua primeira página que o novo carro da Volkswagen não será produzido em Palmela, citando a imprensa germânica de fim-de-semana, notícia que o Metro (um dos tais gratuitos) deu há uma semana, citando fontes da empresa.

Setembro 25, 2005

Alegrete

Miguel Marujo

O que faz correr Manuel, o poeta? Não sabemos. Eu não sei. Essa coisa da República é vaga qb para não se perceber o que o faz correr. Mas registem-se duas coisas positivas: 1) agora ficaremos a saber o real apoio que terá Alegre; 2) obrigará Soares a conquistar também o centro-esquerda...

Setembro 23, 2005

Semana negra

Miguel Marujo

Nunca como esta semana, descemos tão baixo, dirão os mais críticos. Ou os mais cínicos. Que me desculpem: já estivemos muito mais baixo, em quase 50 anos de ditadura. Nisto, não alinho no tom habitualmente autoflagelador dos opinadores (que nos males da pátria passam sempre uma esponja a esses anos - vd. Pulido Valente). O que torna esta semana má, mais do que o achincalhamento da justiça por Fátima Felgueiras, a juíza e a PJ, é o achincalhamento da democracia pelos populares que se prestam à aprovação destes "candidatos". Os políticos são maus, gatunos e o diabo a quatro, espumam os populares de raiva, mas quando têm oportunidade de se ver livre daqueles que são mesmo maus, gatunos e o diabo a quatro, juntam-se para os aplaudir...

Setembro 22, 2005

Campanhas e encomendas

Miguel Marujo

No post anterior falo de um tema que, há tempos, tinha abordado sobre a RTP e publicidade obscena. Agora, recuperei o post com a notícia da actuação da Autoridade para a Comunicação Social, e logo ali caiu um comentário sobre as medidas de Sócrates e críticas a uma suposta gente que ladra enquanto a caravana passa. Coisa encomendada, para pejar caixas de comentários dos blogues? Parece. Mesmo num blogue assumidamente à esquerda (pelo menos, por mim — solitário autor, de quando em vez ajudado, como nos últimos dias pelo João, no mundo da bola), estas encomendas sabem mal, às almas.

Setembro 22, 2005

Alguém nos ouviu

Miguel Marujo

O organismo que regula os media decidiu hoje instaurar um processo de contra-ordenação contra a RTP por ter transmitido um documentário sobre José Mourinho com um título semelhante ao anúncio protagonizado pelo mesmo treinador.
A Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS) considerou, de acordo com uma deliberação hoje divulgada, que o documentário sobre José Mourinho, tr ansmitido pela RTP 1 a 12 de Agosto, contém "graves indícios de infracção [ao artigo do] Código da Publicidade que regula os patrocínios em televisão".
O documentário, produzido pela BBC com o título original "The Special One", foi transmitido em Portugal com o título "Ganhe Como Eu", frase que é também o slogan da campanha publicitária que o técnico português protagoniza para o banco BPI e que patrocinou o programa. [da Lusa]

Setembro 22, 2005

Universo Futebol II

Miguel Marujo

Universo Futebol: tremendo universo este do futebol. Vamos actualizando este quadro, que o Tiago publicou ao longo das jornadas. Ao aplicarmos a regra do nosso companheiro lagarto, e se entendermos os últimos resultados como tendência, daqui a 3 ou 4 jornadas as equipas votadas à censura serão outras. Como muito bem disse o Joca as contas fazem-se no fim. Os enxovalhos são diários ou jornada a jornada, mas se ajuda recordar, não são as equipas que jogam o futebol mais bonito que ganham campeonatos, são as que ganham pontos. E ainda não existe nota artística... Mais acrescento que li num jornal desportivo (já não me lembro qual, confesso) que o Sporting tinha deixado de jogar um futebol esteticamente evoluído (seja lá o que isso for) para se tornar mais pragmático. A continuar assim é melhor voltar ao artístico... Digo eu.

Setembro 22, 2005

Defendermo-nos

Miguel Marujo

Aqui há dias dizia que, felizmente, não estava cá para ter de decidir o meu voto nas autárquicas. O Rui lamentava-se nos comentários do que fizemos à democracia, para que o melhor fosse fugir ao voto. Não fujo — as férias já estavam combinadas antes de Sampaio escolher a data. Mas, ausente, fico aliviado: não terei de pensar arduamente até ao dia, em quem votarei. Se votasse em Felgueiras (ou Amarante, ou Oeiras, ou Gondomar) o caso seria diferente: seria mais que um dever cívico votar, seria um voto de defesa da democracia — em Lisboa, que me desculpem, não é assim. Não será assim.

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