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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 30, 2005

Da indignação

Miguel Marujo

O blogger.com proporciona um lettering apropriado à indignação: letras assim-assim, garrafais e monstras. Para acabar de vez com a EDP, por exemplo.

Julho 29, 2005

Da falta de pudor

Miguel Marujo

[ou a história exemplar de um monopólio]

A EDP cobrou vários milhares de euros ilegalmente a, pelo menos, quatro mil clientes, entre os quais eu. Protestei, com a lei do meu lado, fizeram de conta que não era com eles, que era o culpado, fizeram de mim um caloteiro, com ameaças de suspensão de serviço, sem nunca apresentarem qualquer argumento legal.

Agora, depois do Instituto do Consumidor ter dito que a empresa violava a lei, e do provedor confirmar a ilegalidade, a EDP (e a Lisboagás, que manteve o mesmo comportamento para comigo) veio reconhecer o erro, mas apresenta um chorrilho de mentiras, como prova a troca de correspondência mantida comigo:
1 - diz a EDP, no comunicado de hoje: «é praticamente inevitável a ocorrência marginal de falhas no tratamento de tão elevado volume de informação».
Mentira: invoquei a legislação, com citações do artigo que me defendia. Nunca a EDP reconheceu o erro, atacando-me por nunca fazer a leitura por «fax, internet ou telefone», como se fosse essa a obrigação do cliente e não da empresa ou como se o cliente fosse um qualquer funcionário da empresa;
2 - acrescenta a EDP, hoje: «todas [as reclamações] são rigorosamente analisadas e resolvidas, de acordo - como não pode deixar de ser - com as leis e regulamentações aplicáveis».
Mentira: a EDP ignorou, pelo punho dos seus responsáveis da «Direcção de Clientes Residenciais e Pequenas Empresas», a legislação em vigor fazendo orelhas moucas a todas as minhas queixas, por telefone e escritas.

Agora, a EDP anuncia que os «montantes irão ser descontados nas próximas facturas que serão acompanhados de uma carta de esclarecimento». Poupem os esclarecimentos e as mentiras. Devolvam o dinheiro de uma só vez.

Julho 29, 2005

Da memória que importa

Miguel Marujo

«Uma semana apenas após a reunião dos líderes dos oito países mais ricos do mundo, ficou a saber-se que o anúncio do perdão integral da dívida de dezena e meia dos países mais pobres era afinal fantasioso. Que afinal se perdoa apenas a dívida de que são credores os próprios Estados, quando o dinheiro que sufoca e queima é devido a privados. Que afinal, mesmo o perdão efectivo, há-de ser confirmado pelo FMI, depois de certificado que não se criará um grave precedente para a sacrossanta disciplina financeira internacional. João Paulo II falou duramente das estruturas de pecado do mundo contemporâneo. A dívida dos países mais pobres e a gigantesca hipocrisia que ela move são pecados sérios. São, literalmente, pecados mortais.» [in Palombella Rossa]

Julho 28, 2005

Da memória selectiva

Miguel Marujo

Lembra Pacheco, em campanha contra Soares: «Este vosso autor foi o último a confrontar eleitoralmente Mário Soares, nas eleições europeias de 1999. Não serve de argumento de autoridade, mas talvez convenha lembrar que, quando Soares anunciou a candidatura, se previu um cataclismo para o PSD.» - e segue a memória do cataclismo que não aconteceu.

Falta acrescentar que a campanha do PSD afirmou à exaustão que Soares abandonaria o Parlamento Europeu ao fim de meses. Não abandonou: cumpriu o mandato. Mas isso, a Pacheco não convém lembrar.

Julho 28, 2005

Idade para ter juízo

Miguel Marujo

Na Quadratura do Círculo, Lobo Xavier critica a provecta idade de Mário Soares, mas recusa-se comparar a idade de Ratzinger, eleito Papa com 78 anos, ao possível candidato à Presidência da República aos 80, por se tratarem de governos diferentes. Eu também acho: mói menos um Presidente português na sabedoria dos 80 que Bento XVI na dobra desses 80. Aos bispos (como o de Roma), pede-se o limite de 75, para a resignação. Aos presidentes, impõe-se um mínimo de 35 para serem eleitos. Ao Papa, impõe-se uma vitalidade para chegar às igrejas locais. Ao chefe de Estado português, impõe-se que durma a sesta a horas certas, para não adormecer nos momentos decisivos do mandato.

Julho 27, 2005

Pós-modernos

Miguel Marujo

À porta da megastore dos telemóveis, dois funcionários da empresa fazem uma pausa para fumar, mas continuam furiosamente a teclar mensagens.

Julho 27, 2005

O hábito faz o português

Miguel Marujo

José Milhazes pediu aos microfones da TSF que lhe mandassem café, no calor do golpe de estado falhado na Moscovo de 1991. O Luís pediu-me que lhe levasse um fervedor (uma coisa nortenha, ao que parece, perante a admiração lisboeta) para a Bruxelas de 1998. O Pedro lamenta-se pelo café que não se expressa na capital europeia e aproveita para pedir o bacalhau, azeite, vinho verde, presunto e chouriço, mas também pastilhas de café expresso para o Diogo. Podemos ter uma nova geração emigrante, cosmopolita, que olha para o país criticamente, mas que não abdica de velhos hábitos nas coisas mais comezinhas. Até a fazer blogues, como antigas cartas para a terra.

Julho 26, 2005

[petit ou gros?]

Miguel Marujo

Eh pá, quase que lhe sinto o cheirinho...
Esta é sem dúvida a maior das provações que pode passar um emigra tuga "qu'a quitté son Portugal" como ouvia um dia destes a Linda de Suza a cantar no rádio dum destes cafés belgas "provincio-exóticos", enquanto tomava esta mistela a que teimam chamar café (expresso, ainda por cima).
Qual cremezinho levemente acastanhado, qual quê? Água de lavar a máquina do café, é o que é... Mas o cúmulo é ter que pedir um expresso "petit" porque doutra forma somos presenteados com o chamado balde! Vai um gajo ainda meio a dormir, logo de manhãzinha, pede um expresso, não porque goste (sim, porque a nossa memória ainda não está activa) mas porque lhe é essencial para ver se recupera o mínimo de capacidades, de forma a não parecer demasiado estúpido durante o dia todo, e leva com um gélido "petit ou gros?".
'dasse! Apetece bater-lhes! Bater-lhes não, espancá-los, forte e feio, até que aprendam a fazer um expresso, uma bica e um cimbalino, todos ao mesmo tempo, enquanto fazem o pino, cantando José Cid e sorrindo para a clientela...
E tu vens-me falar de creme, corpo e sabor?!
Até me apetece chorar...

[não resisto a recuperar o comentário ao post sobre as bicas do Pedro Dias, cibertertuliano de outras épocas, emigrado em Bruxelas e comentador (agora) quase diário nesta casa]

Julho 25, 2005

Contra as italianas

Miguel Marujo

[ou uma bica cheia, por favor]

Bica "curta"
Volume total - ± 25 cc
Conteúdo de cafeína 87,0 mg

Bica "normal"
Volume total - ± 35 cc
Conteúdo de cafeína 94,5 mg

Bica "cheia"
Volume total - ± 45 cc
Conteúdo de cafeína 98,1 mg

Podemos concluir que um café espresso (a vulgar "bica"), resulta da pressão a que a água atravessa as partículas de café moído e da consequente emulsão que essa pressão origina, das substâncias gordas do café - os óleos aromáticos e os colóides -, o que caracteriza e distingue esta bebida das restantes pela sua densidade, creme, corpo e sabor persistente na boca.

Reconhece-se um bom expresso pela cor e textura do creme à superfície, o qual deverá ser levemente acastanhado (cor avelã) e com ligeiras nuances mais escuras no centro e sem "bolhas". A sua espessura deverá ser de três a quatro mm e consegue-se analisar essa espessura se ao deitarmos açúcar na bebida, o creme consiga sustentar durante poucos segundos essa quantidade de açúcar, indo-se depositando no fundo da chávena de forma gradual.

[de um e-mail]

Julho 25, 2005

Das presidenciais

Miguel Marujo

Na dança das eleições para Belém, há um fenómeno que me transcende: não são as presidenciais supra-partidárias? São - mesmo que a maior parte das vezes os candidatos surjam naturalmente dos partidos. Mas, ontem, o PCP manteve a intenção de apresentar o seu candidato e o Bloco de Esquerda (tiques velhos de quem se diz moderno) anunciou o mesmo. Ou então, em nova jogada de modernidade, os bloquistas anunciarão o apoio a um independente (devidamente negociado durante um ano).

Julho 25, 2005

Dos jornais

Miguel Marujo

Também eu preferia encontrar um outro candidato, que não Mário Soares (nem Manuel Alegre, que Cavaco não é o meu, claro - ainda tenho memória!). Mas perante a candidatura quase consumada assustam-nos os novos do restelo com a idade do senador. Definitivamente, os velhos querem-se escondidos, para as mentes jovens das nossas elites.

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