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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Abril 09, 2005

A morte do intelectual

Miguel Marujo

Durante a doença e morte da direita, faltou na televisão e na imprensa uma figura clássica: o "intelectual livre". Fora a reportagem, houve comentário político (cada um a puxar sem vergonha a brasa à sua sardinha), o esguicho sentimental (que se tomava por pensamento) e uma ou outra tremelicante história de um encontro sem história com Sá Carneiro, que o autor imaginou indispensável legar à posteridade. Mas não houve, uma reflexão séria sobre o mandato que acabava e sobre o futuro da direita de um militante de base, com alguma independência e prestígio. Claro que o "intelectual", mesmo o de esquerda, já desapareceu de cena, com a falência pública do marxismo e a pobreza ideológica do "politicamente correcto". De qualquer maneira, era mesmo assim de esperar que da direita, no sentido lato da palavra, saísse alguém com uma opinião nova e pertinente. Não saiu ninguém. Nem Vasco Pulido Valente, que a cada crónica que escreve está cada vez mais a olhar sozinho para o fundo do copo, a maldizer do mundo e dos homens, desconhecendo ou fazendo por desconhecer a realidade para lá das páginas dos quatro ou cinco jornais que lê. Valerá a pena mostrar-lhe o mundo? Não. Nesse mesmo dia, morria o intelectual azedo que é. RIP.


[O texto em itálico é a reprodução do primeiro parágrafo da crónica de hoje de VPV, no Público (sem "link" disponível), alterando apenas a referência que ele faz à Igreja Católica, a João Paulo II e aos intelectuais católicos. O remate é nosso.]

Abril 08, 2005

Longe de Pombal

Miguel Marujo

A venda livre de medicamentos, a redução nas férias judiciais, o preenchimento dos "furos" escolares, o regresso dos hospitais SA ao SNS, a limitação dos mandatos políticos. Há ideias, há políticas, há Governo. Muito longe da fraca cerimónia que começou hoje em Pombal.

Abril 08, 2005

[la une]

Miguel Marujo



«8 de abril (11.30).- El ataúd de madera desafina entre el mármol y el orgullo barroco de la basílica. Pero no desafina con el espíritu ni con el testamento de Juan Pablo II: no ha dejado bienes materiales. Ni los tenía.
De hecho, el féretro de ciprés parece el mismo que las autoridades de cualquier puesto fronterizo emplean aséptica y funcionarialmente para alojar a los muertos anónimos de las pateras.» [Rubén Amón, jornalista do El Mundo, blog Desde el Vaticano]

Abril 08, 2005

[sem modéstia]

Miguel Marujo

1. A ler, obrigatoriamente, o texto de António Marujo, na edição em papel do Público (sem link disponível): «E afinal qual a força deste homem?».
2. E o melhor dossier* sobre a vida, a obra e a morte de João Paulo II, publicado na imprensa portuguesa - sim, pelo Público, de António Marujo.

Perdoe-se-nos a falta de modéstia. As coisas boas cá da casa também têm de ser elogiadas de quando em vez.
* - em formato .pdf, 6MB

Abril 07, 2005

Duas oportunidades

Miguel Marujo

O Papa João Paulo II considerou a possibilidade de renunciar após o Jubileu de 2000, indica o testamento do bispo de Roma hoje divulgado.
Duas oportunidades que esta notícia colocou - uma ganha, outra perdida.
A oportunidade perdida: o exemplo e o debate que geraria a renúncia, num exercício de desapego das coisas terrenas.
A oportunidade ganha: descobrir que os velhos não têm de sofrer e morrer escondidos, numa época em que o culto do corpo só admite pessoas jovens e alegadamente saudáveis.

Abril 07, 2005

Upgrade (a lógica de mercado)

Miguel Marujo

Os taxistas portugueses quase que subiram na minha consideração por estes dias, depois de saber que os romanos têm cobrado cinco vezes mais que a tarifa normal, aproveitando a avalancha de turistas na cidade, e leiloando as corridas. Mas, esta noite, quando o taxista tomou o caminho mais longo e paguei mais dois euros pela corrida pensei que os romanos pelo menos roubam numa lógica de mercado: na lei da oferta e da procura, fazem-se valer. Os portugueses não, inventam distracções. E o mercado só é para aqui chamado, quando a gasolina voltar a subir.

Abril 06, 2005

O pano caído, a chave escondida

Miguel Marujo



Por mais apostas que se façam, caiu o pano sob a sede. As chaves permanecem por entregar. As de João Paulo II foram entregues ao exigente escrutínio do mundo. Os que não professam, apontam o dedo à moral sexual que Wojtyla manteve enclausurada. Os que acreditam, preferem sublinhar o homem de convicções e santo, e aqui e ali assumem o bispo que lutou pelos direitos humanos e sociais. Mas haverá uma chave que ajude a compreender toda a complexidade do seu pontificado?

Abril 05, 2005

«O mundo está mais seguro» (Bush)

Miguel Marujo

A aplicação da pena de morte aumentou em 2004. Registaram-se 3.797 execuções, das quais 97 por cento na China, Irão, Vietname e EUA - por esta ordem. Entre os países onde ocorreram execuções, contam-se igualmente o Afeganistão, Arábia Saudita, Bielorrússia, Coreia do Norte, Egipto, Índia, Indonésia, Japão e Paquistão. Tudo boa gente.

Abril 04, 2005

Assis

Miguel Marujo

Quando frequentava a faculdade, um professor perguntou-nos se tínhamos alguma ideia sobre qual era o país com a mais poderosa máquina diplomática. A resposta de alguns foi imediata: "Os Estados Unidos" ou "A União Soviética". Com o professor a negar essas respostas, arrisquei: "O Vaticano". O professor concordou e acrescentou "Não se elege um Papa polaco por acaso".

Abril 03, 2005

[estatuto editorial]

Miguel Marujo

O tango logo aqui, o Papa nestes dias assim, às vezes uma menina gira, ou receitas de leitão, ou fúrias anti-neoliberais e ataques à universidade católica. Este blogue só fala de uma coisa, mesmo que não pareça: da vida.