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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Outubro 30, 2004

Túnel do Rossio (entretanto, à superfície)

Miguel Marujo

«Artilharia Um renascida. Campolide Parque transforma aquela zona da cidade de Lisboa. [...] No quarteirão que faz fronteira com a rua da Artilharia Um, com cerca de cinco hectares, irá nascer um novo conceito de urbanismo. [...] Neste momento, o projecto está pronto a arrancar, tendo sido aprovado em todos os organismos locais. Resta apenas o parecer da Direcção Geral da Ordenação [sic] do Território. As obras devem arrancar no final de 2005.»



in Expresso Imobiliário Espaços & Casas, este sábado, uma semana depois do encerramento do túnel ferroviário do Rossio, à "cota" daquele empreendimento, que terá uma saída directa para o túnel rodoviário das Amoreiras, desejado pelas «autoridades locais» e actualmente embargado [sublinhados nossos].

Outubro 29, 2004

Finado

Miguel Marujo

Vêm aí os finados. E vêm aí amigos. Com histórias para contar e muitos sítios para visitar. Para ver se estes dias, mesmo de chuva, são mais animados. Quem sabe se nos encontramos também aqui.

Outubro 29, 2004

Mexa-se pouco

Miguel Marujo

Mexia bem se passeia em locomotivas de há dois séculos. Mexia bem anuncia que os passes mais caros é medida de justiça social. Mexia anuncia, mas no dia-a-dia é tudo diferente. Lá em casa, há quem queira deixar o carro encostado e passar a usar o comboio até Setúbal. Mas o cartão Lisboa Viva (que pretende integrar todos os transportes da Grande Lisboa) não serve para a Fertagus. É preciso fazer um cartão novo. «O Metro não chegou a acordo», responde o funcionário. Tem razão: nunca há acordo na articulação de uma política de transportes. Depois admiram-se que o carro volte a circular...

Outubro 28, 2004

A viagem

Miguel Marujo

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Esta manhã, o presidente da CP passeava-se em comitiva para mostrar como estão a funcionar os alternativos. Dei a dica a um jornalista amigo: "pergunta-lhe pelos ecrãs que dão informações erradas...". Assim é: em Sete Rios, no ecrã anuncia-se o "semidirecto" para Sintra, com paragens (no percurso que faço) em Benfica e Queluz-Massamá. Entro no comboio sem olhar e páro em todas as estações. O comboio «Sintra SD» ultrapassa aquele em que sigo na Amadora. O que vale é que umas meninas da CP, à chegada a Queluz, oferecem-me um chocolatinho belga, para festejar a primeira viagem ferroviária há 148 anos. Um charme, esta CP.

Outubro 28, 2004

A mensagem

Miguel Marujo

À minha diatribe sobre católicos e homossexuais, uma leitora (MAP) reagiu dizendo que eu serei «menos "católico devoto"» e, eventualmente, «mais cristão». Deixo as suas palavras - de um tema a que voltarei, também por causa dos comentários lá "postados".



«Sim, meu caro, você é menos "católico devoto" que Mário Pinto. Graças a Deus, quem sabe, você é mais cristão (admitindo, para não julgar, que Mário Pinto é cristão). Mas qual é a sua "pertença" eclesial, em face da "doutrina" e da "autoridade"?!



Eu também passei por encruzilhadas como as suas . Comprometi no seio da Igreja Católica a minha juventude. Até que percebi que pensando como eu pensava, sentindo como eu sentia, eu, afinal, estava fora da Igreja Católica. Fiquei sem Igreja, até hoje. Infelizmente, desfez-se nesse percurso a minha fé. "Infelizmente", digo, porque me ficou o mesmo sentimento descrito por uma Carmelita, assim:



"Quando perdi a fé, sofri por ter deixado de rezar. Por ter deixado de ter alguém a quem me dirigir. Não vejo nada que se lhe possa equiparar, a não ser o desespero absoluto e sem recurso do fim de um qualquer amor".

(in Outside, de Marguerite Duras)



Gosto muito de o ler. E gostei, apesar de tudo, de o ver reagir e demarcar-se como católico. Com paixão pelo Evangelho...
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Outubro 28, 2004

A rua

Miguel Marujo


Um dia espreitei para as suas casas e senti-me acolhido. Da porta do lado saíam músicas belíssimas. Às janelas viam-se belas palavras. E dos seus candeeiros, a luz que iluminava o caminho nem sempre escolhia o ângulo mais fácil. E só se pode gostar de um sítio assim quando ali se canta שיר לשלום (A Canção da Paz).

Parabéns, Nuno, pelo primeiro aniversário da tua rua.

Outubro 28, 2004

A porta

Miguel Marujo

A imagem diz tudo. Rui Gomes da Silva atarantado com as perguntas dos jornalistas tenta abrir uma porta para sair dali rapidamente. Não consegue e tem de sair por outra porta onde se aglomeram os jornalistas. A porta da demissão permaneceu ontem fechada. Quando é que o ministro-para-lamentar perceberá que só tem essa porta para abrir?

Outubro 26, 2004

Filhos de Rousseau

Miguel Marujo

Os miúdos falavam entusiasmados das suas novas escolas. Mas, felizmente, viajavam de autocarro. Não havia por perto nenhuma Maria Filomena Mónica, nem nenhum José Manuel Fernandes, para zurzirem nos pedagogos do Ministério se tivessem ouvido o diálogo que ouvi.

O rapaz pergunta à rapariga: «Sabes quem foi a Vieira da Silva? (É o nome da minha escola...) Foi uma escritora».

Por mim, sorri. Não lhe ia estragar aqueles momentos de glória junto da miúda...

Outubro 25, 2004

Católicos e homossexuais

Miguel Marujo

«Tenho em mente o apavorante episódio contra Buttiglione, no Parlamento Europeu. Primeiro, alguns deputados bombardearam-no com perguntas sobre as suas convicções pessoais sobre o casamento e a homossexualidade. Como católico que é, foi claro e desassombrado, expondo, afinal, a doutrina da Igreja Católica.»



Quem assim escreve é Mário Pinto, professor na Universidade Católica e que escreve todas as segundas-feiras no Público.



E, insiste, mais à frente: «A democracia do século XXI não excluiria ninguém, por delito de opinião, do exercício dos seus direitos políticos, excepto os católicos coerentes. Coerentes são os que livremente estão em união (de inteligência e de vontade) com a doutrina e a autoridade da Igreja - porque há muitos, e até padres, que fazem uma administração autónoma da doutrina e se importam pouco com os mistérios (isto... digo eu).» [o sublinhado é meu]



Já no sábado, no Expresso, João Pereira Coutinho (felizmente, não tem "link"), do alto da sua verborreia imberbe, dizia que a posição de Buttiglione era a de um «qualquer católico devoto».



Sou menos católico devoto que Mário Pinto? E menos coerente que o senhor professor? Não. E permito-me achar que o que Mário Pinto escreve é incoerente (não falo de JPCoutinho: só fala daquilo para mais uma diarreia anti-esquerdista, claro). Até com o que ele diz da «Doutrina». Porque a doutrina não é aquela que Ratzinger emana do Vaticano - é aquela que nasce de Jesus e, por muito que custe a alguns auto-intitulados «devotos coerentes», Cristo anunciou um Evangelho de inclusão, não de exclusão.



Os homossexuais não pecam. Amam. As mães solteiras não pecam. Amam. E o casamento não é a capa de protecção para uma mulher. É um compromisso sério de amor entre dois indivíduos. Dizer o contrário disto, é ir contra o Evangelho. E isto não é uma qualquer «administração autónoma da doutrina [em que me] importam pouco [...] os mistérios».

Outubro 22, 2004

Experiência na matéria

Miguel Marujo

O porta-voz do PSD para a questão do túnel do Rossio foi o deputado do Porto, Marco António, que se «congratulou» pela decisão de fechar a estrutura e assim se preservar a segurança dos lisboetas. No Porto, Rui Rio vai pedir a intervenção de António Preto ou, quem sabe?!, Carmona Rodrigues para anunciar a abertura da Casa da Música.

Outubro 22, 2004

Pouca luz nos túneis

Miguel Marujo

«O túnel [do Rossio] vai sofrer uma intervenção "eventualmente no decorrer deste ano, também para reforçar a sua segurança". A Refer prevê uma intervenção no túnel para "a consolidação, a estabilização e o reforço da estrutura e geometria da galeria; a regularização do sistema de drenagem; a substituição dos vários tipos de via existente por via embebida em laje; a substituição do sistema de suspensão da catenária; e a segurança integrada"».



Não, não é de hoje esta notícia. É de Abril de 2002. Mas só hoje, dois anos e meio depois, é que a Refer se vê obrigada a intervir. Por falhas graves na estrutura. Que já existiam há mais de dois anos e meio. Entretanto, aquele que foi presidente da Câmara da cidade só se preocupou com outro túnel, desnecessário. Mais: o túnel do Marquês pode ter desestabilizado o do Rossio.

Outubro 21, 2004

Viagens cinematográficas

Miguel Marujo

Há quem goste de voar e quem prefira ter os pés bem assentes na terra.

Apesar de esta revelação poder surpreender alguns dos meus melhores amigos, eu pertenço ao segundo grupo. Se pudesse, trocaria todas as viagens que faço de avião por umas boas estuchas de carro, de preferência sendo eu a conduzir.

Mas, quando tem de ser, lá vou até ao aeroporto, faço o check-in e tomo o meu lugar no avião.

Foi o que aconteceu na viagem para Tóquio: teve de ser.



Ora como não há nada de muito interessante para fazer a bordo de um avião, ocupei uma parte importante das mais de duas dezenas de horas de viagem a ver filmes. E vi vários!

Vi, por exemplo, o «Spider-Man 2». E vi também «The Day After Tomorrow». E até vi «Mean Girls». Mas, confesso, o que me deu mais gozo foi ver aqueles que ainda não chegaram a Portugal: «Laws of Attraction», «The Manchurian Candidate» e, sobretudo, «Code 46».



«Laws of Attraction» é uma comédia romântica à inglesa, realizada por Peter Howitt (responsável, entre outros, por «Sliding Doors» e «Johnny English»). Vive, sobretudo, das presenças de Pierce Brosnan e de Julianne Moore, que interpretam os papéis de dois advogados especialistas em divórcios que acabam por se casar e apaixonar (sim, por esta ordem). O costume...



«The Manchurian Candidate» é um remake do filme de 1962, desta vez realizado por Jonathan Demme. Conta com interpretações fantásticas de Denzel Washington e Meryl Streep e a presença certinha de Liev Schreiber. É a história de um grupo de soldados norte-americanos que, em plena Guerra do Golfo, são raptados e vítimas de uma lavagem cerebral com fins sinistros. Mas é também a história da promiscuidade entre os interesses económicos privados e os detentores de cargos públicos. E, desse ponto de vista, faz lembrar a realidade...



Por fim, «Code 46». É difícil catalogar este filme... Romance? Drama? Ficção Científica? Talvez um pouco de cada... Realizado pelo inglês Michael Winterbottom («24 Hour Party People») e contando com as presenças fortes de Tim Robbins e Samantha Morton («Minority Report»), «Code 46» é uma curta história de amor num ambiente futurista, no qual o romance entre os dois protagonistas é impossibilitado por uma incompatibilidade genética decretada por um governo global e totalitário. A história tem um pouco do determinismo genético de «Gattaca», das limpezas de memória de «Men in Black», do controlo social manipulador de «Minority Report», da descoberta cosmopolita de «Lost in Translation» e da violência futurista de «Clockwork Orange». E tem, além de tudo, um cameo de Mick Jones (The Clash) a interpretar uma versão de «Should I Stay or Should I Go?» num bar de karaoke... Lindo!



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