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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Agosto 31, 2004

31 de Agosto

Miguel Marujo

A praia já desaguou na cidade e o fim do mês chegou às carteiras. Os frigoríficos vazios das férias esperam ansiosamente pelas filas que se acumulam nas caixas do hiper.

Agosto 31, 2004

Tanques nas ruas

Miguel Marujo

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Tanques e outros veículos militares tomaram posição esta terça-feira nos acessos à rua Viriato, às Picoas, em Lisboa, para impedir a edição do jornal «Público». Segundo o ministro da Defesa, o jornal da Sonae é responsável por «incitar actos que, em Portugal, são criminosos», e compara a publicação de anúncios classificados a uma clínica de abortos de Badajoz ao «tráfico de droga, [contrabando] ou imigração ilegal». E a rematar, disse Paulo Portas, de dedo em riste: «Não se pode pedir ao Estado que finja que não há lei».

Agosto 31, 2004

Do aborto e de sombras

Miguel Marujo

As premissas de uma paz duradoura são caminhos possíveis para um mundo sem a sombra da guerra: a honestidade na informação, a equidade dos sistemas jurídicos e a transparência nos mecanismos democráticos. E nunca quebrar compromissos assumidos, como se passou com o Protocolo do Quioto e com a reconstrução do Afeganistão, ou não avançar para guerras assentes na metira. Quando esses compromissos são com países pobres, a exigência deve ser ainda maior. Quando as mentiras visam uma "parte" do mundo, o cuidado deve ser outro.



Tudo isto contraria o discurso pós-11 de Setembro, que em nome de uma alegada liberdade, instalou uma mentalidade securitária e desconfiada e uma militarização global da política. Os últimos exemplos patéticos foram uma catástrofe ambiental "combatida" por um ministro da Defesa, falando dos avanços e recuos das forças inimigas - as manchas de fuelóleo, no caso - e, agora, o mesmo ministro a ensaiar uma batalha naval na costa portuguesa, contra um barco dito do aborto.



À arrogância da potência, do «quero, posso e mando», não se pode contrapor (e aplaudir, mesmo que por omissão de condenação) a arrogância do terrorismo, igualmente intolerante para com o Outro e injustificável, que ataca cegamente e mata indiscriminadamente - basta recordar a lista das nacionalidades dos mortos no World Trade Center.



Entre estes dois pólos de extremos, há possibilidades de paz, sementes para a paz. Como os movimentos globais de cidadania, expurgados de quem deles se aproveita para instalar a lógica da violência. Como projectos que procuram respeitar o Outro, como sejam o comércio justo, a economia de comunhão ou o microcrédito/direito ao crédito.



E entre estes dois pólos de extremos, há possibilidades de diálogo, sem medo de recuperar esta palavra, que é porventura um dos mais importantes legados de António Guterres. E, ao contrário do que possa parecer, não é pequeno este legado. Basta olhar para a política governamental nos últimos dois anos.