Julho 11, 2004
Um lamento (ou a cadeira vazia do bispo)
Miguel Marujo
Maria de Lourdes Pintasilgo teve hoje o aplauso de centenas de populares. Anónimos e conhecidos. Mas faltou um aplauso, uma mensagem, uma presença - a de um bispo (qualquer) que fosse da Igreja portuguesa. Pintasilgo não era uma católica ortodoxa, como porventura foi Sousa Franco, e não era A Voz, como foi Amália. Mas na sua heterodoxia foi inovadora e acolhedora de uma outra forma de ser Igreja. E, na sua simplicidade, foi a voz de deserdados ou desalinhados. O senhor cardeal-patriarca de Lisboa, que presidiu aos funerais de Sousa Franco ou Amália, para Pintasilgo não teve sequer uma palavra pública, nem enviou um dos seus bispos auxiliares à cerimónia deste domingo. Às vezes, é difícil ser Igreja nesta Igreja.
Um lamento menor: as cadeiras do «Presidente da República e esposa de Jorge Sampaio» também ficaram vazias.
Um lamento menor: as cadeiras do «Presidente da República e esposa de Jorge Sampaio» também ficaram vazias.