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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 09, 2004

Outra carta

Miguel Marujo

Exmo. Senhor Presidente da República,



Vossa Excelência talvez não tenha violado o espírito da Constituição da República Portuguesa. Mas violou o espírito e a vontade de quem constitui a República Portuguesa.

E isso nunca poderei perdoar, pelo menos enquanto acreditar que a Democracia é o melhor sistema de governo.

A decisão que Vossa Excelência hoje anunciou ao país, constitui uma desilusão, uma decepção, uma traição e, acima de tudo, uma opção, consciente, de retirar aos cidadãos o direito de escolher os seus representantes e o seu futuro.

Depois de hoje, Vossa Excelência conquistou um lugar na História de Portugal, na qual ficará para sempre conhecido como o Presidente da oportunidade perdida. Veremos mais tarde se, para além do ridículo, não teremos a lamentar factos mais graves.

Desejo a Vossa Excelência uma muito má noite. Igual à que muitos cidadãos terão.

Julho 09, 2004

Previsão política para os próximos dois trimestres

Miguel Marujo

Sampaio dissolve o Parlamento e marca eleições intercalares e não antecipadas. O PSD e o CDS põe um processo de impugnação presidencial no Tribunal Constitucional. Sampaio tem uma crise de palpitações e o médico aconselha e a Maria José Ritta obriga a demissão do sampaio. resultado: legislativas e presidenciais na mesma altura. Santana candidata-se a Presidente e Marcelo a primeiro-ministro. Entretanto, Durão não é eleito presidente da Comissão Europeia e recolhe à vida privada. Em contrapartida, Portas vai para comissário europeu. Lobo Xavier sobe a líder e concorre para o Governo, coligado com Marcelo. No PS, António Vitorino e Sócrates desafiam separadamente Ferro em congresso antecipado. Ferro negoceia saída honrosa como candidato à Presidência contra Santana. Cavaco Silva concorre também apoiado pela ND de Manel Monteiro. o resto já não consigo ver com clareza...



José, o perplexo

Julho 09, 2004

A tartaruga

Miguel Marujo

Enquanto suturava uma laceração na mão de um velho lavrador, o médico e o doente começaram a conversar sobre Santana Lopes.



E o velhinho disse:

- Bom, o senhor sabe... o Santana é uma tartaruga num poste...



Sem saber o que o camponês quer dizer, o médico perguntou o que era uma tartaruga num poste.



A resposta foi:

- É quando o senhor vai por uma estradinha e vê um poste da vedação de arame farpado com uma tartaruga equilibrando-se em cima dele. Isto é uma tartaruga num poste...



O velho camponês olhou para a cara de espanto do médico e continuou com a explicação:

- Você não entende como ela chegou lá;

- Você não acredita que ela esteja lá;

- Você sabe que ela não subiu lá sozinha;

- Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;

- Você sabe que ela não vai conseguir fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;

- Então tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá!

Julho 09, 2004

«Toda a unanimidade é burra»*

Miguel Marujo

Depois da quase unanimidade santanista no conselho nacional "laranja", há um conselho de Estado que podemos dar à actual maioria governamental: aceitem os votos de todos os eleitores.



* - Nelson Rodrigues, citado por Ruy Castro

Julho 09, 2004

... por culpa de um livro aberto

Miguel Marujo

Veio na bagagem do Rio de Janeiro: um livro de Nelson Rodrigues. Para conhecer um autor que entusiasmava muito estas paragens. Mas outros livros intrometeram-se. E o livro de contos ficou na estante à espera. Agora rendi-me: depois de assistir a essa ilha de boas conversas que é «Livro Aberto» (de Francisco José Viegas, na RTPN, «à hora que as outras televisões têm concursos e telenovelas») com um convidado especial - pelo humor, pelas histórias, pelos seus livros que desconheço: Ruy Castro, escritor brasileiro e biógrafo de Nelson Rodrigues. Esta manhã adormeci por culpa da leitura até tarde de «Pouco Amor não é Amor»...



Nelson Rodrigues, «Pouco Amor não é Amor», Companhia das Letras, São Paulo, 2002.

Julho 09, 2004

A farsa de São Bento

Miguel Marujo

Depois da viagem na televisão, voltei à Assembleia da República. Ali a meia dúzia de lugares dos deputados da Nação, o barulho é ensurdecedor. Não há uma intervenção em silêncio, ou pelo menos escutada sem o constante vozear das senhoras e dos senhores parlamentares. De todos os quadrantes, as bocas são constantes. Uns quantos rostos nunca vistos a intervir parecem ter uma única missão: compor as bancadas e arremeter em peixeiradas sucessivas contra a opinião de quem toma a palavra. Não se ataca a liberdade de expressão, o que ali se vê é má educação, baixa política. Mota Amaral, enquanto não cita curiosos números, lá vai pedindo algum silêncio.



Em qualquer sala de aula, daquelas hoje muito desdenhadas por senhores políticos e opinadores, a maioria daqueles deputados eram expulsos por mau comportamento. E, por uma vez, a televisão leva vantagem: quem vê/ouve as transmissões da AR-Tv (o ex-Canal Parlamento) não se apercebe desta agitação. E não sai de lá com uma forte dor de cabeça.