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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Julho 31, 2004

Estranha produtividade (working in progress)

Miguel Marujo

Chega-se a casa ao fim da tarde. O buraco que foi aberto de um lado ao outro da rua já foi tapado. Toscamente. Numa das extremidades ficou ainda um pequeno buraco, eventualmente para que os moradores vejam que foi um cano o objecto da obra. Lembram-me em casa que aquela obra já tinha sido começada no sábado passado, quando outro obreiro fez um primeiro buraco, na extremidade oposta. Estranha produtividade, esta. De facto.

Julho 30, 2004

O Zeca vai a Aveiro

Miguel Marujo

Zeca Afonso nasceu em Aveiro há 75 anos (festeja-se segunda-feira). Mas Aveiro nunca o homenageou como deve ser. Antes, a autarquia do CDS (de Girão Pereira e Celso Santos) não viu necessidade de lembrar o músico, nem sequer atribuir um nome de rua ao filho da terra*. Preferiu antes dar nome de ruas a Adelino Amaro da Costa e Sá Carneiro, eternos mitos de uma certa forma de fazer política.



Agora, a autarquia (é verdade, mudou a "sua" cor há um par de anos) repõe a justiça e promove as comemorações do 75º aniversário do nascimento: inaugurando uma artéria da cidade com o nome do Zeca e com um concerto, pelas 21:30 horas, de segunda-feira, no Rossio, com Vitor Almeida e Silva e Sérgio Godinho a cantarem músicas de Zeca Afonso. O espectáculo tem entrada livre.



[* - Não, não é má vontade minha em relação à vereação daqueles tempos: por essas alturas, a Escola Secundária nº1 de Aveiro tentou mudar o seu nome para Escola Mário Sacramento (figura local de contestação ao regime da Outra Senhora). Não podia ser, decidiu então o CDS ainda maioritário: era um comunista e não se podia influenciar as criancinhas...]

Julho 29, 2004

José Manuel terá ido a Aveiro?

Miguel Marujo



Este cartaz é de data desconhecida. Arrisco os anos 70. E arriscava dizer que um certo jovem pode ter apanhado o comboio (mas nunca o foguete, esse antecessor ronceiro do burguês alfa pendular) para ir a Aveiro discutir a «situação política actual». Talvez aí também não desejasse eleições. Mas por outros motivos: afinal, a luta das classes operárias seria mais entusiasmante a abafar umas quantas mobílias das faculdades.


O cartaz está "depositado" num arquivo online extraordinário, que descobri graças ao nosso amigo rato de biblioteca.

Julho 29, 2004

Damasceno Monteiro, finalmente!

Miguel Marujo

Lembram-se? Quisemos saber quem era o senhor da toponimia de Lisboa, não o do livro de Tabucchi. E finalmente tivemos resposta: «Manuel Salustiano Damasceno Monteiro foi Presidente da Câmara Municipal de Lisboa de 1854 a 1858, à qual prestou valiosos serviços, alguns em épocas bem calamitosas.» A rua dedicada a este senhor misterioso fica nas freguesias da Graça e dos Anjos, não se conhecem denominações anteriores e o nome foi atribuído por edital municipal de 19/06/1890. Tem início no Largo da Graça e termina na Rua Maria da Fonte.



[Confesso: fui ajudado pelo novo serviço online da Divisão de Alvarás, Escrivania e Toponímia da Câmara Municipal de Lisboa. Foi aí que descobri que os nossos amigos Galarzas vão ser homenageados a 1 de Outubro.]

Julho 27, 2004

Darfur[um parêntesis no nosso pequeno mundo]

Miguel Marujo

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Não é possível permanecermos indiferentes. «[...] Ao anunciar a solução final aos seus oficiais, assegurando que no futuro ninguém se recordaria dos judeus, Hitler terá dito: "Quem se lembra hoje do que aconteceu aos arménios?".


A memória colectiva tende a ser demasiado curta em alturas cruciais. Já depois da ONU ter reconhecido oficialmente o genocídio como crime contra a Humanidade, o mundo voltou a repetir o colectivo encolher de ombros face ao Camboja – onde os Khmer Vermelhos de Pol Pot mataram mais de dois milhões de pessoas em dois anos –, a Timor Leste, à Bósnia e ao Ruanda. Agora, a História volta a repetir-se em África com a tragédia de Darfur.


Sobre Darfur, Samantha Power escreveu no início de Junho: "Cerca de 30 mil pessoas foram já assassinadas, e perto de milhão e meio foram vítimas de limpeza étnica, afastados das suas aldeias e terras de cultivo. Centenas de milhar foram encurraladas em campos de concentração, patrulhados por milícias janjaweed, apoiadas pelo governo, que violam mulheres e matam os homens que tentam sair em busca de comida para as suas famílias. Outros vagueiam pela região sem alimentos nem água. Entretanto, Khartoum tem bloqueado e manipulado a ajuda alimentar internacional." [...]»

[Nuno Guerreiro, Rua da Judiaria]

Julho 27, 2004

Bom dia!

Miguel Marujo

Foi uma notícia que nos chegou pela manhã, pela fresquinha. O Rui Valente transformou-a em e-mail para os amigos: «Nestes tempos que correm as boas notícias são para celebrar. A Sofia nasceu, deixando o Zé e a Susana babados, e os amigos contentes. Ainda bem. Parabéns.»

Julho 27, 2004

O perigo de ir de férias*

Miguel Marujo

«Prazos e desperdícios. Houve um queijo fresco Matinal que não resistiu às minhas férias: um queijo, dois iogurtes, um leite com chocolate, um líder da oposição, um representante português na Unesco. O prazo de todos tinha passado (e a minha cabeça noutro lado). Avaliei o desperdício e prometi - ao frigorífico - cuidados.» [Ana Sá Lopes, in Glória Fácil]



* - o bom é ter estes regressos! Já só falta a Vanessa aos domingos...

Julho 25, 2004

(evangelho segundo São José)

Miguel Marujo

«O decretar pelo Governo de luto nacional pela morte de Carlos Paredes causa perplexidade. Não porque Carlos Paredes não seja uma personalidade digna de tal distinção. É claro que é. A sua obra e o seu génio engrandeceram e enriqueceram o país e, por isso, deve ser distinguido na morte como o devia ter sido em vida.

A questão é outra. Por que razão não foi decretado luto nacional quando da morte de Sophia de Mello Breyner Andresen e de Maria e Lourdes Pintasilgo? Porque em causa estão duas mulheres? Quais os critérios que o protocolo de Estado e o Ministério dos Negócios Estrangeiros usam para decidir sobre quem é susceptível de tal homenagem? O Presidente da República não tinha obrigação de estar atento? [...]

Mesquinho país onde a ignorância atrevida é compensada com comendas e benesses e o conluio negocista e caciqueiro impera, e que ignorou duas mulheres cuja dimensão humana é maior, muito maior que as suas apertadas e ridículas fronteiras.
»

[São José Almeida, Público]

Julho 24, 2004

(salmo)

Miguel Marujo

«Muito boa, a ideia de descentralizar, levando vários ministérios para fora de Lisboa. Santana sabe, melhor que ninguém, que esta cidade está simplesmente inabitável.» [RAP, Gato Fedorento]

Julho 24, 2004

(primeira leitura)

Miguel Marujo

Não parto. Não me calo. Mas, a cada dia que passa, apetece mudar de vida. Mudar a vida. Ou, nas palavras certeiras de MST: «Imagens dispersas, notícias que não sei se dão vontade de rir ou de lamentar, reflexões que ora apontam para a revolta instintiva ora para a desistência. Não sei como é que os outros se sentem - a maioria das reacções de que me apercebo são um encolher de ombros de quem já se conformou a esperar sucessivamente o pior. Mas eu acho que pior não é possível. Não é possível que alguma vez tenha acontecido ou venha a acontecer tamanho triunfo da mediocridade, como o desta democracia cozinhada entre Santana e Barroso. Como é que foi possível?». Continuaremos aqui. Para tornar impossível.

Julho 24, 2004

Sabor a sal

Miguel Marujo

É um dos sítios mais belos e serenos da blogosfera. Um equívoco ao início levou-me a classificá-lo como «blogue amigo». Mas acabei por "acertar": é uma magnífica companhia diária, como são os amigos. Há um ano que é assim.

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