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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Junho 20, 2004

Quem pinta a bandeira

Miguel Marujo

Ó menina vai ver nesse almanaque

Como é que tudo isso começou

Diz quem é que marcava o tic-tac

que a ampulheta do tempo disparou

Se mamava de sabe lá que a teta

O primeiro bezerro que berrou me diz, me diz

Me responde por favor

Prá onde vai o meu amor

Quando o amor acaba

Quem penava no sol a vida inteira

Como é que a moleira não rachou me diz, me diz

Quem tapava esse sol com a peneira

E foi que a peneira esfuracou

Me diz, me diz, me diz por favor

Quem pintou a bandeira brasileira

Que tinha tanto lápis de cor me diz, me diz

Me responde por favor

Prá onde vai o meu amor

Quando o amor acaba

Diz quem foi que fez o primeiro teto

Que o projeto não desmoronou

Quem foi esse pedreiro esse arquiteto

E o valente primeiro morador, me diz, me diz

Me diz um morador

Diz quem foi o inventor do analfabeto

E ensinou o alfabeto ao professor me diz, me diz

Me responde por favor

Prá onde vai o meu amor

Quando o amor acaba

Quem é que sabe o signo do capeta

E o ascendente de Deus Nosso Senhor

Nosso Senhor

Quem não fez a patente da espoleta

Explodir na gaveta do inventor me diz, me diz

Me diz por favor

Quem tava no volante do planeta

Que o meu continente capotou

Me responde por favor

Prá onde vai o meu amor

Quando o amor acaba

Vê se vê no almanaque, essa menina

Como é que termina um grande amor

Me diz, me diz

Se adianta tomar uma aspirina

Ou se bate na quina aquela dor

Me diz, me diz

Me diz daquela dor

Se é chover o ano inteiro chuva fina

Ou se é como cair do elevador

Me responde por favor

Prá que que tudo começou

Quando tudo acabar


Chico Buarque, «Almanaque». Chico fez 60 anos. Nós cantamos com ele e sonhamos para logo à noite.


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A blogosfera rejubila: percorram a coluna de links para os blogues e descubram os mil e um jeitos de festejar o sexagésimo aniversário de Chico. Façam o favor de espreitar a Praia, a Glória Fácil, o Barnabé, o Blogue de Esquerda (onde começaram as comemorações), o Aviz, as Terras do Nunca, o Adufe, o País Relativo, o Enchamos Tudo de Futuros, e outros que ainda não li...