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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Junho 30, 2004

Questões para estes dias (II)

Miguel Marujo

Deve um primeiro-ministro apresentar-se sorridente, acolitado pela distância, pedir aos que abandonou para não fazerem do seu assunto matéria de luta partidária?

Deve o país convergir neste assunto como no futebol, como pediu o líder parlamentar "laranja"?

Deve um grupo minoritário de portugueses definir o novo líder do país, sem que o país conte?

Deve o país só contar para futebóis e banhos?

Devo eu ir a banhos, por causa do calor extremo, derivado (em futebolês) da avaria do ar condicionado?

Devo ir para casa ver o futebol e aplaudir um país que parece marcar golos na Europa e falhar campeonatos cá dentro?

As respostas estão à vista de todos. No país e no mundo, como diria o outro. O que (me) vale é a Maria, que desde há 12 anos (me) deixa descobrir que há uma esperança imensa em encher tudo de futuros.

Junho 30, 2004

Eleições, claro!*

Miguel Marujo

«Terça-feira, dia em que escrevo, Durão Barroso já foi embora mesmo que esteja por cá. A partir de agora, deixou de poder e de ter a legitimidade para controlar os acontecimentos do seu país. Por muito menos que isto, foi Guterres sacrificado mas, Guterres escolheu a opção moral, o compromisso com o eleitorado. Foi depois da recusa, e na honra desse compromisso, que Guterres falhou.



Faço parte do grupo de pessoas que achava que Barroso nunca aceitaria ir para a Europa, a Europa que o escolheu, li eu nos jornais estrangeiros, como «o mal menor», «o menor denominador comum», e o «José quem?» como dizia o principal jornal alemão (que li em Berlim, assistindo com pasmo aos comentários de todo este episódio visto de fora). Não vislumbro onde está a honra deste convite, que prolonga um projecto de poder pessoal e atira um país em profunda crise social, política económica para o caos.



Dito isto, essa Europa que convida primeiros-ministros em exercício, desrespeitando as ordens políticas internas, enche-me de desconfiança e repulsa. Os cargos políticos de peso não se herdam, conquistam-se. A Europa não deveria convidar políticos no activo, sobretudo aqueles que estão a meio da sua missão. A direita portuguesa ganhou as eleições e tinha pelo menos quatro anos para provar um projecto. Com esta decisão, deitou fora dois anos de trabalho e de sacrifícios dos portugueses, e abandonou-os.



Custa-me a crer que o Presidente da República não decida a favor de eleições antecipadas, porque nenhum Governo, de Santana Lopes ou de outro dirigente do PSD, tem legitimidade moral e política (e, como diria a Sophia de Mello Breyner, a política é um capítulo da moral) para poder governar em paz e firmeza e muito menos para aprovar sérias medidas económicas e financeira ou legislação disciplinadora dos vícios administrativos portugueses. Barroso deixou um trabalho inacabado, e tal como Bush no Iraque, nunca se deve começar nada que não se tenha intenção de acabar.



O povo português teria assim que escolher entre Ferro Rodrigues e Santana Lopes, os dois líderes que os respectivos partidos querem matar, o que torna tudo ainda mais irónico. Porque o PSD não se conseguirá livrar de Santana, tal como o PS não se conseguiu livrar de Ferro, apesar de o tentar matar repetidas vezes e no pior momento. Nos dois partidos, são eles que ganharão congressos extraordinários, e são eles que ficarão. O bloco central acabou, e será também entre a direita e a esquerda que o país terá de escolher.



Barroso não pode querer ser tudo, primeiro-ministro de Portugal em Bruxelas, por procuração e designação sucessória, e presidente da Comissão Europeia. Este Governo acabou, e esta política também. O que vier, será diferente e esperemos que seja para ficar. Portugal não aguenta mais adiamentos nem mais ambições destas. Eu continuo a pensar que o ser. Berlusconi é mais importante que o sr. Prodi. E que Barroso mandou o seu país, e o seu partido, às urtigas. Passe bem.
»



Clara Ferreira Alves (antes conhecida por santanete), in Diário Digital, 29-06-2004, 11:13:47.

Junho 29, 2004

Sim, senhor primeiro-ministro*

Miguel Marujo

«Espantosa, a comunicação de hoje do Sr. primeiro-ministro a um país suspenso das consequências das suas opções pessoais: ficámos a saber exactamente o que já sabíamos desde sexta-feira!

A comunicação resultou em menos do que nada. Ele decidiu, vai mesmo embora (a bem do interesse nacional - disso nunca duvidámos!), confiante de que somos maduros para tratar do imbróglio em que nos deixa. Bravo! Ele já é europeu, nós ainda só somos porteguesinhos! Ele dá as cartas, distribui as tarefas e toma o avião para Bruxelas. Quem fica que feche a luz, porque o "show" já acabou!

Safa! Por que razão fui acreditar que uma das condições que Durão Barroso colocou aos seus pares europeus - garantir que em Portugal a sua saída não causaria instabilidade política - era para valer? Talvez por todo este processo ser demasiado surreal, acreditei nessa...

Agora, começo a sentir a aproximação de eleições gerais... o único modo do Presidente pôr termo à instabilidade instalada.
»



* - Jorge Wemans, in Causa Nossa

Junho 29, 2004

Parabéns?

Miguel Marujo

Segundo a edição de hoje do Público, Pedro Santana Lopes, Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, faz hoje anos. Mais precisamente, faz 48 anos.



Será que Durão Barroso e Jorge Sampaio lhe vão dar o Governo como prenda?

Junho 29, 2004

Antecipadas, já!

Miguel Marujo

Terça-feira, dia 29, 19h00.

Em Coimbra, em frente ao Governo Civil.

Em Lisboa, em frente ao Palácio de Belém.

No Porto, em frente à Câmara Municipal.

Seremos mais contra o golpe de Santana Lopes.

Junho 28, 2004

Argumentos contra Santana

Miguel Marujo

Há um blogue que se apelida de Acidental. É o blogue oficial da proto-candidatura-em-forma-de-golpe-palaciano-de-acordo-com-MFL de Santana Lopes.
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Há um blogue que se apelida de Acidental. É o blogue oficial da proto-candidatura-em-forma-de-golpe-palaciano-de-acordo-com-MFL de Santana Lopes. <a href="http://oacidental.blogspot.com/2004_06_01_oacidental_archive.html#108844217161131819" target0"m"="target0&quot;m&quot;" rel="noopener">Perguntam-nos</a>, inefáveis, quais são os argumentos contra Santana: «<i>"Não tem condições" para ser PM. Aqui, entramos no domínio do misterioso. Muitos o afirmam, mas ninguém o explica devidamente. Parece-me que agora é a altura para o fazer. Está na altura de desenvolverem os argumentos e não se ficarem pelas insinuações e pelas opiniões pessoais (todas respeitáveis mas, como diziam os gregos, e com o todo o respeito, a opinião é o nível mais baixo do conhecimento).</i>» A minha opinião (pelos vistos, "baixa") é: devemos ter um primeiro-ministro devedor?, não cumpridor de contratos? Não falo de política, claro. Mas os acidentais amigos podem perguntar ao incidental candidato...
<br />
<br />PS - Sobre a legitimidade democrática perguntam sempre por «<i>João Soares [que] subiu a presidente da Câmara de Lisboa sem ir a votos por Jorge Sampaio ir para Presidente? Ou quando Nuno Cardoso passou a presidente da Câmara do Porto, quando Fernando Gomes foi para ministro</i>». Nunca se lembra em casa própria: Girão Pereira abandonou a Câmara de Aveiro para um lugar de eurodeputado do CDS e deixou lá plantado o seu vereador Celso Santos.

Junho 28, 2004

Muda o disco...

Miguel Marujo

Durão resolveu falar hoje. Em directo de Istambul, já longe da terra. Porque as suas preocupações já são longínquas. Santana nega ter sido convidado para substituir Durão. Cá na terra, que daqui não o deixam ainda fugir, apesar de estar em trânsito da Baixa para São Bento, sem passar pela casa da partida e de, no sábado a sua casa ter sido um rodopio de gentes e beija-mãos. Mas não: tudo o que vemos, ouvimos e lemos devemos ignorar. Eles não nos estão a tratar da saúde, não. Eles só querem tranquilidade e estabilidade, que a paz, pão, povo e liberdade já é outra canção. Eles querem enganar-nos, mais uma vez, mas nós devemos ser parvos, que não percebemos o desígnio nacional.

Junho 28, 2004

Durão Barroso e o Campeonato da Europa

Miguel Marujo

Desde há quase uma semana que as notícias sobre o Euro 2004 têm tido a concorrência das notícias sobre a possibilidade de Durão Barroso deixar o Governo para assumir o cargo de Presidente da Comissão Europeia. Um destes dias - acho que foi na sexta-feira -, a RTP até teve o desplante de abrir o Telejornal com uma notícia que não era sobre futebol!



O que é que se passa neste país?! A Selecção está a dois dias de disputar o acesso à final do Euro 2004 e anda-se a perder todo este tempo para falar da possibilidade do Durão Barroso ser o próximo Presidente da Comissão Europeia e do Santana Lopes ser Primeiro Ministro?!



Mas que raio de critério é que se está a utilizar para estabelecer as prioridades?! Hã?!



Ontem, à hora do Dinamarca - República Checa, até estava convocada uma manifestação, em Belém, "contra santana lopes primeiro-ministro! Abaixo um governo da treta!"... Está tudo doido?!



Só espero que o Durão Barroso, que, a acreditar nos jornais de hoje, está a preparar uma comunicação ao país para um dos próximos dias, tenha o bom-senso de não escolher o horário da semi-final da próxima quarta-feira... Ou este país ainda muda de governo sem que ninguém dê por isso!

Junho 26, 2004

Ainda a quente.

Miguel Marujo

Pontuação gramatical ao calhas.
Eleições sim. Eleições não. Se o Primeiro-Ministro se vai embora, não deveria haver outro sem consulta popular. Não é necessário, vota-se programas politicos e não nomes. Isso é muito bonito e teórico, na prática quando se vota sabe-se em quem se está a votar. Também não é bem assim, apenas alguns (não me lembro de percentagem, minima de certeza) votaram no CDS (no Paulo Portas) e no entanto lá foi ele parar ao Governo. Não se pode fazer duas eleições tão em cima uma da outra. Mas não se pode porquê? É preciso a todo o custo evitar instabilidade politica no país que dificultaria ainda mais a retoma. Mas quem quer que seja nomeado para substituir o Durão não fará uma grande remodelação? Não criará isso instabilidade? Há politicas que serão descontinuadas. Mas qual retoma, qual carapuça? Alguém está a ver aqui alguma retoma? Não é preciso eleições, não compliquem. É preciso sim senhoras!


Pessoalmente.
Não vejo grande motivo para eleições. Eleições para eleger quem, que partido? Que alternativa? Esta última então foi o cúmulo da fotocópia. Entre o PS e o PSD venha o Diabo (com uma lupa, ou mesmo um microscópio) e escolha. Os outros não são (ainda?) alternativa para governo. Sinto que estamos mal servidos na politica. Parecem todos iguais, germinados numa mesma incubadora de apoio a nados precoces. Ou pior, num tubo de ensaio para sintetisar formas de vida básicas.



Epílogo.
Provavelmente foi uma reação ainda a quente e daqui a uns dias arrependo-me de algumas coisas que aqui disse. Mas olhem, tá dito, tá dito. É que neste momento sinto-me um bocado decepcionado com este país. Não haverá para lá um lugarzito, na Europa, para mim? E já agora porque não o Mourinho para Primeiro-Ministro? Ou o Scollari? E porque é que tem de ser português? Não podemos importar um politico do estrangeiro? Mas que seja bom.

Junho 25, 2004

Impressões do dia depois...

Miguel Marujo

1. Três sapos engolidos numa só frase: «Primeiro Scolari, depois Rui Costa e, finalmente, Ricardo. Foram eles os heróis maiores de uma jornada épica [...].» Bruno Prata, in Público.



2. As senhoras que combinaram hoje a camisa com a malinha ou o lenço com a saia, em mais ou menos discretos tons de vermelho e verde.



3. O lapso da noite: «A alegria em Luanda... e agora em outras cidades portuguesas». Carlos Daniel, na RTP1.



4. O mau perder dos jornais tablóides ingleses, acolitados pela circunspecta BBC, que pelos vistos desconhecem regras básicas do desporto que eles dizem ter inventado. Mais do que o caso «Andrew Gilligan/armas do Iraque», este é um sinal da decadência da instituição inglesa.

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