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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Maio 20, 2004

Trovoada seca

Miguel Marujo

Lá fora anoitece com o rugir de uma trovoada forte, algures sobre o Tejo. Apresso o passo, para apanhar a roupa, não vá a chuva tecê-las... E trauteio Marisa. «A boiada seca/Na enxurrada seca/A trovoada seca/Na enxada seca/Segue o seco sem sacar que o caminho é seco/sem sacar que o espinho é seco/sem sacar que seco é o Ser Sol/Sem sacar que algum espinho seco secará/E a água que sacar será um tiro seco/E secará o seu destino seca/Ô chuva vem me dizer/Se posso ir lá em cima prá derramar você/Ó chuva preste atenção/Se o povo lá de cima vive na solidão/Se acabar não acostumando/Se acabar parado calado/Se acabar baixinho/chorando/Se acabar meio abandonado/Pode ser lágrimas de São Pedro/Ou talvez um grande amor chorando/Pode ser o desabotoado céu».

Maio 19, 2004

Um pequeno jardim

Miguel Marujo

O bispo do Funchal saiu a meio de uma celebração de crisma, numa paróquia da cidade, a 30 de Abril, para estar presente ao lado de Alberto João Jardim na inauguração de um hotel de 5 estrelas. Chegará a nova Concordata à Madeira? Ou aquela região já é independente?



Outra nota pessoal: o senhor D. Teodoro é o mesmo que, em tempos, num encontro que manteve comigo, ao falarmos dos problemas da pobreza, disse: «Ah! a pobreza... Isso é lá em África...» Pois, o roteiro do Pestana Hotel não inclui uma viagem a Câmara de Lobos.

Maio 19, 2004

Um certo jardim

Miguel Marujo

O líder do CDS-Madeira, José Manuel Rodrigues, mantém as afirmações sobre o peso da União Europeia no orçamento da Região que levaram o presidente do Governo Regional, e do PSD-M, a classificá-lo como «um certo asno». O líder do CDS-PP devolve a "classificação" a Jardim. [lido no DN-Madeira]

Maio 18, 2004

Benvindo

Miguel Marujo

Não é personagem de que se goste este senhor. Anda por aí, a levantar-se ainda noite, arrasta-se nas filas madrugadoras para o autocarro, empurra-se para dentro do comboio e "enlata-se" no primeiro metro que passa apesar do seguinte vir, eventualmente, mais vazio. Chega ao trabalho, pega no capacete que incomoda e trepa até ao outdoor para o arranjar. Olha para o cartaz, com o seu nome: «Benvindo». Agradece comovido o acolhimento que lhe faz a autarquia. À noite, no fim da jornada de 11 horas, que os tempos e os patrões não estão para meiguices, espreita os noticiários que falam do seu país estranho. E ouve o presidente da mesma autarquia que o homenageou a falar dele, como o culpado: «Afirmando que existem "muitos brasileiros, africanos e ucranianos" a trabalhar em Portugal que não dominam bem a língua portuguesa, Santana Lopes assegurou, em jeito de brincadeira, que o responsável pelo erro "apanhará um açoite".» Benvindo, nascido na Amadora, 27 anos, de origem angolana, dorme inquieto. «Que fiz eu naquele cartaz?»

Maio 18, 2004

Um imenso jardim

Miguel Marujo

Há dias, a Madalena, de Glasgow, dava conta da histeria com que os escoceses acolhiam os primeiros raios de sol, estendidos em todo o recanto ajardinado. Nós por cá, com estas temperaturas de quase-verão, continuamos a não saber o que é um jardim. De preferência, sem ervas daninhas.

Maio 14, 2004

Tanto...

Miguel Marujo

... para dizer! E sem tempo para o fazer. Sem vontade. Talvez sentar-me a ouvir «um Amor infinito» dos Madredeus (sim, já sei, que agora soa bem dizer-se que "ah! e tal! os Madredeus já foram, e a voz é isto e aquilo". ná, não me convencem, ok?!).



O fim-de-semana vem aí, não há consenso possível em Fátima, nem na política, com a direita a pedir à esquerda que fale de livros de 1975, a esquerda a apitar à direita porque esta só percebe de futebol. O melhor ainda é mergulhar nos Açores ou saborear o sal com Anja Garbarek.

Maio 14, 2004

O blogue ainda é um garoto

Miguel Marujo

A Sara queixou-se que não conseguia comentar. Respondi-lhe que não, que estava tudo bem. Afinal, parece que não é verdade: os comentários (pelo menos, as experiências que fiz...) não estão a aparecer. Manias de um miúdo com roupagem nova. Prometemos tentar resolver o problema.

Maio 13, 2004

Fátima

Miguel Marujo

Vai um debate animado sobre Fátima no Barnabé. Um "post -er" infeliz do Rui Tavares motivou um aceso programa "prós e contras" na caixa de comentários daquele blogue. [E que motivou aquele meu anterior texto sobre Lúcia...]



Eu, por mim, já aqui o disse: venha o humor que tenha graça, aquele não tem. Sem graça, já nos chega o Herman (saudoso humorista dos anos 80, que me fez rir às gargalhadas com a entrevista histórica à Rainha Santa Isabel).



PS - Confesso o maior divertimento: um «ateu» convicto de nome bíblico André, que por lá se passeia. Haja fé!

Maio 13, 2004

Nota editorial

Miguel Marujo

Guantánamo.jpg

 

De uma ditadura ou dos seus algozes, espera-se (quase) tudo. Mesmo um acto bárbaro e inqualificável, como a decapitação de um homem inocente... De uma democracia e dos seus representantes, espera-se outra coisa: o respeito pela liberdade, pelos direitos humanos e pelo direito internacional. Não faço comparações entre terroristas e as forças ocidentais que estão no Iraque, mas - num plano de legítimas expectativas - os actos de tortura dos soldados americanos ou a existência de Guantánamo tornam-se mais "censuráveis" que a decapitação daquele inocente americano. A guerra deve transfigurar as democracias. Por isso, a paz é o caminho. De mãos limpas.
Há uma superioridade moral na democracia - sim, há uma coisa assim! - e essa é ser diferente muito diferente da ditadura.

Maio 13, 2004

O que é que a irmã Lúcia tem que é diferente de outros?

Miguel Marujo

O Bloco repudiou esta quinta-feira a distribuição de um folheto em Fátima, pelo Comité Libertem Lúcia, a condenar o estilo de vida da irmã Lúcia e a confundir opções individuais de uma mulher adulta com a situação de pessoas feitas reféns por fundamentalistas e terroristas e crianças que são enviadas com cintos cheios de bombas!



Para o Bloco, este folheto apela implicitamente ao voto noutros partidos. O Bloco repudiou a distribuição do folheto e considerou que a mensagem «é um claro exemplo da manipulação de consciências a que a esquerda mais profunda não hesita em recorrer».



[comentário deixado ao "post" Contra o Fundamentalismo, do Barnabé]

Maio 13, 2004

O 13 de Maio

Miguel Marujo

Nos meus tempos de Aveiro, este era o dia seguinte ao feriado. A 12, comemora-se a beata Princesa Joana - et pour cause, o município. Hoje, em retiro lisboeta, o 13 de Maio é o dia em que a religião ganha espaço nos telejornais. Este ano, por causa da paranóia da segurança. Mas também pelo resto. E o resto não me diz muito. Fátima é sempre uma expressão de uma religiosidade que me confunde. Mas que também inquieta... Lembram-se da Paixão de Mel Gibson?



Nota: há mais pistas sobre outros 13 de Maio no Guia dos Perplexos...

Maio 12, 2004

Lembram-se de Arly Cravo? (II)

Miguel Marujo

De Arly Cravo (ele mesmo) recebemos esta mensagem:



«Meus caros,



Meu nome é Arly Cravo, brasileiro, autor e intérprete de uma música que está em seu site "Machão".



Nada contra a exposição de minha música, mas na foto não sou eu. "E agora Arly Cravo!" aí aparece um senhor que não sou eu.



Por curiosidade gostaria de saber como me localizou e por que publicou a minha música com outra foto?



Meu site é www.arlycravo.com. Lá tem muitas fotos minhas para publicação.



Um abraço

Arly Cravo
»



Perante a nossa explicação - «Nós sabemos que, na foto, não é o senhor. A sua música foi utilizada para "comentar" uma situação da política portuguesa», Arly Cravo replicou:



«Agora entendi o sentido da minha música a ilustrar o político.

Fico muito honrado com isso.

Agradeço em muito o prestígio.
»



E nós agradecemos a atenção.

Senhoras e senhores, Arly Cravo!