Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Abril 22, 2004

A mania da propriedade

Miguel Marujo

Ontem, num debate sonso (valeu-nos José Mário Silva), na Dois:, sobre o 25 de Abril, Pedro Lomba falou na mania da esquerda em achar que o 25 de Abril é só dela. Uma espécie de propriedade privada. Água mole em pedra dura, tanto se martela que até se torna verdade (é assim com a descolonização, por exemplo, esquecendo que ninguém a fez na ditadura). Também ontem no Público, o popular Manuel Queiró defendia mais ou menos o mesmo: «Os 30 anos do 25 de Abril vão ser aproveitados por uma certa esquerda para mais uma tentativa de apropriação da sua memória.»



Mania, pá! O 25 de Abril não é propriedade de ninguém. Mas a verdade é que a direita (ok, alguma direita, ou melhor, grande parte da direita) nunca quis ser proprietária do 25 de Abril. Por ela até se fechava esta loja e passava-se directamente para 1982, a nova data-fétiche dessa direita evolucionista.



Actualizado: também no Blogue de Esquerda se fala disto.

Abril 22, 2004

Não é para brincar

Miguel Marujo

O jogador português Jorge Andrade, do Deportivo da Corunha, fez de conta que batia num jogador do FCPorto. O árbitro austríaco não percebeu a brincadeira e expulsou o português, apesar deste lhe explicar em inglês que era amigo do Deco. Já nem se pode brincar no futebol profissional. Não se pode brincar, ponto. Não se pode fazer humor com a Páscoa, que logo se enxofram os católicos. Não se pode rir dos disparates deste Governo, que logo nos lembram que estamos a enxovalhar a pátria (uma senhora a que nunca fui apresentado). Não se pode investigar o major ou o papa, que logo nos lembram do péssimo timing da polícia que se esqueceu desse desígnio nacional que é o Euro. Não se pode brincar às revoluções que a máquina ideológica do poder (nos) tritura o "R". Os tempos estão difíceis, mas acabarem-nos com a possibilidade de brincar, rir e fazer humor...