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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Janeiro 29, 2004

O escrutínio do Público

Miguel Marujo

Diz José Manuel Fernandes no título do seu (previsível) editorial de hoje no Público, depois de divulgado o relatório Hutton: «Enganos Não São Mentiras». Não, não são enganos, caro JMF. São grosseiras mentiras. Ou não se recorda que Bush e Blair nos prometeram armas de destruição maciça para começar uma guerra que, ela sim, é uma arma de destruição lenta? E que o nosso primeiro-ministro (a despropósito: para quando um editorial escrito por si a criticar tão veementemente o Governo de Durão como fez em relação ao ex-governador da Califórnia?) disse ter visto provas de coisas que não existem?

Mais: o próprio JMF está a sacudir água do capote. O "seu" Público escreveu muitas vezes sobre a iminente descoberta de armas de destruição em massa. Onde estão elas?, pergunto.



A resposta pode ser dada por Hutton:

«(...) os responsáveis de editores tinham obrigação de averiguar a sua veracidade".

· "O sistema editorial (...) falhou".

· "(...) não [averiguou] apropriadamente as [afirmações de Durão] (...)».

Janeiro 29, 2004

Novo exercício de memória

Miguel Marujo

O cabeça-de-lista da lista conjunta do PSD e PP às eleições europeias será anunciado em Março. Lembro-me de, nas anteriores eleições europeias, o Nuno e o Zé terem ficado entusiasmados com a escolha de Pacheco Pereira (e também com Vasco Graça Moura). E zurziam na escolha do PS: Mário Soares. Entre outros motivos, havia sempre um à cabeça: o "bochechas" abandonaria Estrasburgo nos primeiros meses e assim se enganaria o eleitorado. Na imprensa, a generalidade dos "opinion makers" alinhavam pelo mesmo argumentário.



No momento em que se aproximam novas eleições europeias, é interessante constatar:

- Mário Soares abandonará o Parlamento Europeu ao mesmo tempo que Pacheco Pereira e (quase de certeza) Vasco Graça Moura.

- Duvido que o próximo nome venha a entusiasmar... Afinal, o Pequeno Partido (anti-federalista) imporá certamente uma agenda ao PSD. Essa agenda terá nome, sem rasgo nem rebeldia, como é o denominador comum entre a linha europeia dos dois partidos.

Janeiro 29, 2004

A culpa é do macaco!

Miguel Marujo

«Os alunos do 9º ano que em Maio de 2002 fizeram provas de aferição tiveram médias negativas a Português e Matemática, tal como os do 6º ano nesta última disciplina, revela hoje o Público. O ministro da Educação, David Justino, já justificou estes resultados afirmando que «a culpa é do antigo Governo socialista». «São dados que revelam o descalabro do antigo Governo», disse à TSF. David Justino afirmou ainda que a culpa não era das escolas ou dos alunos mas sim do Ensino Educativo. «É necessário uma remodelação dos conteúdos e dos programas», avançou.» [in PortugalDiário].



Exercício de memória: este senhor ministro, que se esqueceu de declarar uns dinheiritos, esquece-se também de algumas coisas essenciais sobre "isto" dos «conteúdos e dos programas»: que, quando da intenção dos governos PS mudarem o programa de Português (empurrando Camões do 9º ano para o ensino secundário), gritou-se "aqui d'el-rei" que querem afogar o poeta. David Justino e Vasco Graça Moura foram os porta-vozes contra o crime de lesa literatura. Postos em sossego no poder, Justino "cortou" ainda mais do programa curricular o senhor Luís Vaz e Graça Moura escrevinhou sobre ser Pipi ou nem por isso. E não houve sobressalto cívico algum. E o Big Brother num livro escolar também deve ter sido opção pessoal de António Guterres e dos seus ministros da Educação, (os muito suspeitos) Marçal Grilo, Augusto Santos Silva e Guilherme d'Oliveira Martins. Haja memória.