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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Novembro 18, 2003

14 em 3

Miguel Marujo

Não há dúvida que faltava o Marujo para animar a malta. Em três dias meteu catorze. Devem ser os ares de Vera Cruz...

Novembro 17, 2003

Impressões de quinze dias lá

Miguel Marujo

O "cliché": o Brasil é um país de contrastes. Que se sentem no asfalto, olhando os morros do Rio de Janeiro. Que se espreitam nas manchetes ensanguentadas dos jornais, nas grades dos prédios de classe média, nos vidros fumados de carros potentes. Mas há outros brasis, para além deste retrato apressado de turista reincidente. Um desses retratos é aquele que volta e meia amantes daquelas terras nos trazem, só como eles sabem: Francisco José Viegas, Jorge Marmelo ou Rui Baptista. Eles (pelo menos eles) trazem-nos histórias das mil folhas que se escrevem e nos seduzem ali, naquele pedaço de terra. Os livros são obras de arte, que apetece tocar, ler, comprar, olhar, admirar, cantar. O livro ali é bem tratado, seja na cosmopolita Rio ou na pequena Paraty. Metade daqueles livros em Portugal - e este país respirava melhor.

Novembro 17, 2003

Impressões de quinze dias longe disto

Miguel Marujo

Saí porta fora e quando voltei a casa encontrei tudo mais ou menos na mesma. Muito desarrumado, portanto. As manchetes dos jornais voltaram a falar do mundo, mas só porque dois jornalistas cá do burgo se meteram em trabalhos. Antes disso, numa rápida volta pelas gordas de jornais já amarelecidos e da leitura fora de tempo de blogues descobri um umbigo animado com um casal de suposto jet-set apanhado com jóias não declaradas, uma actriz que vomitou o camarão estragado e foi tornada em fenómeno paranormal, a adequada resposta para-católica de duas estátuas que lacrimejam e curam, a provedora da Casa Pia que elogiou processos sumários dos tempos absolutistas de D. Miguel e a expulsão dos infiéis de hoje (pedófilos, who else?) para paragens exóticas que lá as criancinhas podem ser abusadas pois então, o aniversário de Cunhal que recebe cada vez mais encómios da mesma direita que critica a esquerda por eventualmente se subjugar perante Fidel, a inauguração contínua de estádios apadrinhadas pelo regime de agora esquecendo as críticas de ocasião quando assumiram o poder e os beija-mão a sua santidade o papa do norte transformados em caso nacional, a assobiadela dos bispos às vaias dos benfiquistas (serão sportinguistas? portistas? beiramarenses?) ao senhor primeiro-ministro, quando não ouvi idêntica reprimenda à assobiadela tenística com que o então primeiro-Guterres foi presenteado (o ténis é coisa de finos? ou os bispos não vêem aquele desporto?), as cidades que continuam a ser pensadas ao acaso com parques mayers pagos a peso de Gehry e torres quase aprovadas só porque são do Siza e um túnel que até "vai servir para alguma coisa" como diz o presidente da autarquia de Lisboa.



Uff! Respiremos. Deixo quatro sugestões. Atrasadas, mas que merecem a leitura - e reflexão: um retrato sobre a vida religiosa (dito assim, "simplisticamente") de Luís Osório, no DNa, de 8 de Novembro, sábado; um texto que procurou descobrir o melhor da pior escola do país, como assinalaram as estatísticas frias do Ministério, assinado pela excelente Sónia Morais Santos, também no DNa, mas deste último sábado, 15 de Novembro; a reportagem ontem, domingo, na Pública sobre a excisão, de Sofia Branco (já premiada por outra reportagem sobre o mesmo tema) e, por fim, o ódio de estimação de algumas lojas e botequins, Miguel Sousa Tavares, com nova leitura pertinente sobre o Iraque e a ida da GNR.



[Torno este "post" maior e cito parte de MST, porque o texto desaparece dentro de dias]

«[...] não sou contra o envolvimento de forças portuguesas além-fronteiras, onde e quando a intervenção for legítima e estiver em causa a segurança colectiva do mundo em que nos integramos ou a salvaguarda de direitos fundamentais violados de forma sistemática e intolerável. Com uma condição adicional: que a intervenção militar não seja um fim em si mesma, mas um meio para atingir uma solução política. Por isso, fui a favor de uma intervenção séria, ao lado dos Estados Unidos, na primeira Guerra do Iraque, onde se tratava, de expulsar Saddam do Kuwait e evitar que, de seguida, deitasse mão ao petróleo do Médio Oriente e iniciasse um processo de chantagem sobre o Ocidente (curiosamente, um governo de que Durão Barroso fazia parte reduziu esse apoio à coligação internacional a uma ajuda menos que simbólica e quase na fronteira da cobardia). Por isso, fui a favor da intervenção na Bósnia, onde uma guerra civil étnica de uma desumanidade impensável na Europa de hoje era uma ofensa intolerável à consciência de todos nós.



Por isso mesmo, também, fui contra a intervenção no Kosovo, que não tinha - como não tem até hoje - "follow-up" político que deixe prever o fim da presença militar internacional e que só foi levada a cabo porque os Estados Unidos queriam bombardear Belgrado e Milosevic e, de caminho, livrarem-se de toda uma geração de armas em final de período de validade.
»

Novembro 17, 2003

Ditosa pátria

Miguel Marujo

Com este título, Francisco José Viegas "postou" - e muito bem - sobre a inauguração do novo Estádio do Benfica. Tenho pena que a ditosa pátria tenha esmorecido, agora que se inauguraram em directo na TV pública uma rua e uma loja.

Novembro 17, 2003

E as vacas sagradas, conhecem?

Miguel Marujo

Portugal tem muitas vacas sagradas. Passam por nós todos os dias, são utilizadas a todo o momento, gostamos delas - e queremos sempre mais. Margarida Rebelo Pinto, ela mesma, revela-nos tudo: «Isto é Portugal: carros e telemóveis. Telemóveis e futebol. Futebol e carros. Carros e carros, Futebol e futebol. Ou seja, mais do mesmo.»

Novembro 16, 2003

Site (mili)meter

Miguel Marujo

É divertido ver quem nos lê. Descobrir leitores (certamente perdidos) na Ásia (Rússia? Bangladesh? China?), ou algures no eixo EUA (André, és tu?)-Guiana-Brasil-Paraguai-Uruguai... E é divertido ver como andaram tantos (escassas dezenas, nada comparável à glória de outros, mas tantos para nós) a alimentar o site(mili)meter da Cibertúlia, mesmo durante estes tempos de esperado sossego.

Novembro 16, 2003

Repórteres da sorte

Miguel Marujo

Ainda bem! Carlos Raleiras foi libertado. Maria João Ruela estará a caminho de Portugal. Mas sobram algumas perplexidades, algumas dúvidas e algumas irritações (como as que João Pedro Henriques deixa no Glória Fácil) sobre o dia em que os jornalistas foram notícia.

Actualização: o sempre pertinente Terras do Nunca também deixa algumas notas sobre os jornalistas portugueses e as guerras. Também o "TSF" Carlos Vaz Marques conta que a libertação de Raleiras foi celebrada com tinto... e lembra que há reportagens que implicam mais custos.

Novembro 14, 2003

Repórteres do azar

Miguel Marujo

Carlos Vaz Marques tem um camarada de redacção desaparecido no Iraque. Mas não tem medo em escrever sobre o azar que se abateu sobre os jornalistas portugueses no Iraque, num alerta que é também um grito sobre o aventureirismo com que se faz jornalismo de guerra em Portugal - e que devia responsabilizar também os patrões da comunicação social, não apenas os profissionais. Outro jornalista, João Pedro Henriques, também promete voltar ao tema, mas «quando tudo se resolver». Esperemos que, para Carlos Raleiras, tudo se resolva bem.

Novembro 13, 2003

O baile da paróquia

Miguel Marujo

Nos voos da TAP, os passageiros podem assistir a um breve serviço noticioso da SIC que resume, em quatro ou cinco notícias, algumas das "histórias" do dia. Mas o serviço é mau. Dito de outro modo: é um serviço paroquial, burocrático e que se limita a um "boa viagem" do apresentador de plantão como sinal de que se trata de algo preparado para os aviões da TAP. Para os estrangeiros, será ainda pior: nas duas viagens que fiz tivemos direito a notícias sobre suspeitas de pedofilia (what else?!) de um professor de Évora, Casa Pia, nada de política (excepto o beija-mão que agora todos fazem à Casa Pia), João Vale e Azevedo, uma perseguição policial que acabou mal e o retrato da violência sobre os polícias, as obras do novo túnel das Amoreiras que complicaram ainda mais os acessos a Lisboa e uma única notícia do mundo: um advogado atingido a tiro por um seu alegado ex-cliente nos Estados Unidos.

É este o mundo da SIC, é este o mundo que a companhia aérea estatal portuguesa tem para mostrar aos seus viajantes, portugueses e estrangeiros, com direito a tradução em "canal inglês". Um mundo de vistas curtas, que se resume ao baile da paróquia. Será que Pacheco Pereira não viaja na TAP, para nunca se ter indignado com este serviço público de iniciativa privada?

Novembro 13, 2003

Primeiros passos

Miguel Marujo

O ritmo é ainda de férias. Doze dias longe de quase-tudo ajudaram a retemperar forças. Agora redescobre-se o mundo-como-ele-é. Pior: redescobre-se que o país não foi de férias, como lhe fazia bem. Bastou ler meia-dúzia de títulos da imprensa no avião de regresso ou ouvir na voz do comandante que o Benfica continua o mesmo. Depois: os e-mails de sempre ("pay your debt", "girls", "virus"), o blogger em baixo (Due to planned maintenance, Blogger will be unavailable for a few hours starting at 11pm (Pacific) on Wednesday, November 12. Thanks for your patience) e uma absoluta incapacidade de ler uma ínfima parte do que se escreveu na blogosfera. Valham-nos as águas calmas da Cibertúlia, com as chuvas de Novembro em Coimbra (obrigado, Saraiva) e o entusiasmo do João Borges (sim, o disco é muito bom e de onde veio, veio por metade do preço, com o nome certo de Maria Rita, JB!).



Devagar vamos chegando.

Novembro 10, 2003

Debaixo dos caracóis dos seus cabelos.

Miguel Marujo

Porque nunca entendi a Cibertulia como um monólogo venho preencher alguns minutos da ausência do Miguel. Queria partilhar com vocês algo de Coimbra, porque só de Coimbra posso falar, porque é em Coimbra que trabalho e vivo.

Em Coimbra choveu de manhã e agora está sol. Acredito que ainda vá chover hoje e em seguida, num volte-face nunca visto, venha a ficar sol. Ou não. E depois vai anoitecer, o que não invalida que volte a chover.

Estou à minha secretária a trabalhar, enquanto olho para fora, pela janela, para vos poder fazer a crónica do tempo que faz em Coimbra. O Caetano Veloso está a cantar "Meia lua inteira" dentro de umas pequenas colunas que tenho em cima da minha secretária, consequência de prodigios da tecnologia que ainda hoje me espantam.

O meu trabalho, programador, permite-me estar a escrever isto e os meus colegas ficarem a pensar que, pela forma como ataco o teclado e carrego em teclas atrás de teclas, estou a trabalhar no duro. Na verdade coloquei um processo a correr e tenho que estar à espera que acabe para poder continuar a trabalhar. E entretanto pus-me a blogar, porque o Miguel nunca mais volta de férias.



Pensei em escrever qualquer coisa de pertinente sobre a actualidade portuguesa ou internacional... mas não há pachorra.



O processo acabou e tenho que voltar ao trabalho. Isto de Blog's é muito melhor numa perspectiva consumista mas eu não gosto de silêncios incómodos, de cortar à faca. Gosto deles contemplativos ou significativos, mas não incómodos.

E se o Miguel não voltar? [arrepio].



P.S.

Demoro sempre mais tempo a inventar um titulo para os Post's do que a escrevê-los. Normalmente (sempre) deixo isso para o fim. E agora? Como vou intitular este? Bolas. Tenho que voltar para o trabalho... Olha porque não... obrigado ó Caetano.

Novembro 04, 2003

Ana Rita

Miguel Marujo

Sim !!!! A que vinha na revista do Expresso. Comprei, ouvi, amei. Tem em comum com a mãe (Elis Regina) a "espessura" da voz. As letras são boas, os arranjos de uma simplicidade fantástica. Depois do popular "tribalismo", há um regresso ao novo intimismo brasileiro. Passem por lá.

Novembro 01, 2003

Momentos únicos

Miguel Marujo

© Jorge Colombo (para M e M)

Estou de partida, por uns dias. Sem saber o que é isso de blogar. Fora de tempo - e (quase) fora deste mundo. Há outros "cibertúlicos" por aí. Pode ser que eles resolvam tomar este barco...

Novembro 01, 2003

Early night blogs

Miguel Marujo

Leituras nocturnas antes de ir de férias (e uma actualização pela fresquinha):



1. Um blogue - mais um a "linkar" em futura actualização da coluna de favoritos -, que também me chega por e-mail. «Miniscente», uma criação de Luí­s Carmelo que, numa visita impressionista, agrada - e não só à vista. A visitar com tempo, noutras tardes e noites.



2. Era impossível manter a nossa OPA (oferta pública de acolhimento) a Ana Sá Lopes depois da resposta que nos deu. Ficámos derretidos.



3. O nosso médico recorda os doentes que lhe passam numa urgência:

«[idade] 95 - [sexo] Feminino: agitação, sons imperceptíveis, grunhidos, gemidos, psicose senil, acamada, suja, urinada, escariada, abandonada dentro da família. Quando mostram a vida dos 113 anos, esquecem-se de muitos anos sem vida. Estes casos não convêm expor nos monitores das nossas televisões. Expor doentes, só com casas com piscina, da nossa nova burguesia, ou quando cheira a negligência médica ou do Estado. Quando a negligência é das famílias, as televisões escondem-se.

Este e outros breves retratos num retrato que ministros, políticos e jornalistas podiam espreitar.



4. A viagem de transportes do Terras do Nunca em dias cinzentos. E de como a (minha) alternativa não será blogar. Mas sair. Para longe - de férias (de tudo).

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