Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Outubro 22, 2003

Desafio estimulante

Miguel Marujo

O que o Jorge escreve é muito estimulante. E merece-me (sou o único jornalista que aqui intervém) uma ponderação grande à qual não posso agora dedicar mais do que esta breve referência. Mais logo, ou se calhar amanhã, "postarei" aqui a minha "retaliação" amiga.

Outubro 22, 2003

Crimes e cooperantes...

Miguel Marujo

Nesta sequência de escutas divulgadas, lamentos gerais e assumpções de responsabilidades vazias, há uma questão que me assalta:

- quem colabora num roubo, também é considerado criminoso...

- é criminoso aquele que compra/vende um bem roubado - sabendo que o é...

- é delito assistir a um crime e não o tentar evitar ou sequer denunciar...



Então... porque carga de água e a que título, pode um jornalista ser cúmplice de um crime de revelação de segredo de justiça sem que nada aconteça?

Ou existirá um juízo moral distinto entre divulgar escutas telefónicas feitas por outros ou fazer as escutas e divulgá-las?

Certo. Em primeira linha os responsáveis são os que deixam transbordar a informação para fora do Ministerio Público (e aí o PGR já devia ter assumido as falhas... como disse ontem o Júdice), mas podemos ser todos cúmplices impunemente?

Quem é mais criminoso: o que rouba ou o que se aproveita do bem roubado para uso próprio? De acordo que o primeiro o é mais, mas ninguém deixa de atribuir responsabilidades ao segundo.



O que mais me espanta é que as nossas classes política e crítica achem perfeitamente normal que os nossos jornalistas ajam em conluio com a origem das referidas revelações... - ainda ninguém tentou saber como foram parar estas escutas às mãos dos meios de comunicação e em troca de quê! Será que têm medo de também eles serem colhidos por estas ondas de devassa?



Já sei que os jornalistas que intervêm na Cibertulia me vão cair em cima... mas ao menos não apelem a argumentos que não sejam a simples conquista de audiências e vendas... o que por si só não é de lamentar. Lamentável é que os jornalistas apelem constantemente à moral e bons princípios quando estão na linha da frente da sua violação!



Espero retaliações...



PS. Quando falo em jornalistas não me quero referir exclusivamente à classe, mas também a gestores de meios de comunicação.

Outubro 22, 2003

Para não perder de vista o essencial

Miguel Marujo

Dei por mim no primeiro dia de férias a deambular por livrarias (FNAC, Bertrand e uma obscura-sem-nome-visível enfiada nos corredores do Metro do Colégio Militar...) e constatei que nenhuma delas punha em destaque Manuel Vásquez Montalbán. É sórdido fazer negócio com a morte? Será, mas não neste caso. Aqui tratar-se-ia de homenagear esse grande escritor e que tem muitas obras publicadas em português. Então: porquê o esquecimento?

[Do Nobel, J.M. Coetzee, quase que podemos dizer o mesmo: apenas a FNAC dispensava um escaparate, plantado num corredor, aos seus livros. Em destaque estava o novíssimo de Margarida Rebelo Pinto.]

Outubro 22, 2003

Há Lodo no Cais.

Miguel Marujo

Numa comunicação do Presidente à população somos alertados para não perder de vista o essencial. Não podia concordar mais com ele, e no meio desta novela mexicana que se tornou o Processo Casa Pia, género "Não perca o próximo episódio que nós também não", já há muito que perdi a pachorra. Apenas duas coisas se me apresentam interessantes e dignas de reterem a minha atenção nos media, se alguma vez lá chegarem:

1. Houve ou não abuso a menores na Casa Pia? Quem Abusou?

2. Quem violou o segredo de Justiça?



Primeiro é uma preocupação clara pelas verdadeiras vitimas neste processo: as crianças (Lembram-se?).

Segundo porque considero muito grave a divulgação de escutas telefónicas, seja lá qual fôr o seu conteudo.

Tirando estas questões tudo o resto parece-me uma açorda (detesto açordas) ao melhor estilo do "Anjo Selvagem": quando tudo parece acabar eles lançam mais uma temporada de polémicas para sustentar o enredo.



Tudo o resto apenas serve para deteriorar, mais uma vez, a confiança que temos nos responsáveis politicos deste pais (Esquerdas, Direitas e Centros). Mas isso nem é uma novidade assim tão grande se atentarmos nos niveis de abstenção que aumentam a cada sufrágio.

Ao melhor estilo do Octávio, "Vocês sabem do que é que eu estou a falar!", apetece-me lembrar enigmaticamente: Por muito menos já anteriormente houve demissões.



(Hoje de manhã não encontrei estacionamento e portantos não estou muito tolerante! Isto sim, estacionamentos, é que é importante!!!)