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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Agosto 11, 2003

A mentira da juventude

Miguel Marujo

Da Lusa, cito uma breve passagem para comprovar aquilo que escrevi sobre a mentira do «primeiro portal temático» sobre a juventude:



O Secretário da Juventude e Desporto, Hermínio Loureiro, apresentou hoje em Santa Maria da Feira o primeiro portal temático na área da juventude, que estará online a partir de 29 de Dezembro. O novo portal da juventude (www.juventude.gov.pt), apresentado na véspera do dia Mundial da Juventude, "passa a ser a única porta para conteúdos relacionados com os jovens", disse o secretário de Estado.

Com este portal, o Governo pretende ter um site organizado e actualizado "como não acontecia com o anterior", fazendo dele uma nova ambição para a juventude portuguesa. [...]




Os sublinhados são nossos - e sublinham o óbvio.

Agosto 11, 2003

Depois de Marilyn

Miguel Marujo

1. Apetecia-me deixar Marilyn a dar as boas-vindas a todos os que aqui aportam, aos amigos e aos outros. Está mais abaixo.



2. As «Associações Juvenis [estão] em Dificuldades Financeiras» lê-se hoje no Público. No caso reportado, tratam-se das associações que têm campos de férias. Nada que não suspeitasse já. Por estes dias o Governo anuncia com pompa e circunstância o lançamento do «primeiro portal temático» da Juventude. A mentira tem tanto de grosseira como o programa para a Juventude de inexistente na política deste governo. Esta área não dá votos, como o Euro2004, e é perfeita para os "anti-Estado" reclamarem, confundindo a árvore com a floresta.

Recordo-me, quando militante nestas coisas do associativismo juvenil, da luta de muitas associações contra a subsidiodependência. Mas separe-se o trigo do joio: em Portugal, os jovens associados não chegam aos 20 por cento (se me lembro dos números), quando na Dinamarca - por exemplo - anda pelos 100 por cento (corrige-me, Diogo, se estiver errado). Não tem, então, o Estado responsabilidades? Tem. Mas não em substituir-se como uma vulgar associação às associações juvenis. Deve apenas dar dinheiro? Deve, mas co-responsabilizando as associações: valorizando o auto-financiamento destas, obrigando a uma contabilidade minimamente profissional. Mas sem as asfixiar depois de se comprometer no financiamento. Como na notícia do Público.



O que acho extraordinário é o apagamento das associações - e dos seus representantes, como o Conselho Nacional de Juventude (CNJ) - face a estas situações. O facto de as associações dependerem em demasia, ou já estarem asfixiadas, não as deve inibir de criticar o governo, a começar pelo secretário de Estado do Desporto - que parece tutelar a Juventude.



3. «Começar como Acabou». Não sei se o título do Público se refere à vitória do FCPorto ou ao tradicional golo polémico de Costinha.

[Uma provocação afectuosa aos meus amigos, que devem andar de férias, e ao Francisco José Viegas.]



4. Glória fácil, promete um novo blogue de jornalistas (João Pedro Henriques, Maria José Oliveira, os dois "públicos", mais o dê-éne Nuno Simas). O debate sobre a TSF - e a PT como "dona" de muitos órgãos de comunicação social - que ali se propõe é muito interessante. Sobretudo se o lermos a olhar para o que se passa em Itália.

Agosto 09, 2003

Praias

Miguel Marujo

Ainda não fui de férias, ainda não fui à praia. Já trouxe aqui a praia, que entre banhos e trabalhos escreveu alguns textos muito interessantes sobre João Pulido Valente, que - confesso - só agora descobri.



Também só descobri agora a Livraria Francesa. Pelos jornais. O Eduardo Prado Coelho lamentou no Público o seu iminente fecho. E na blogosfera houve quem aproveitasse para zurzir na matéria. Pacheco Pereira, por exemplo, que lamenta a mentalidade estatizante na defesa que EPC faz da Livraria (e tem pena de não ter uma livraria inglesa ou americana à mão - será por que os tipos não nos ligam nenhuma?). Au contraire, o blog-de-esquerda lamenta a perda. Eu que venho de uma cidade onde as livrarias eram anexos de papelarias, lamento o fecho de uma livraria, em francês ou português ou inglês. Há praias que não se deviam perder.



Retiro da estante a bela edição de «As praias de Portugal» de Ramalho Ortigão (Frenesi, 2002). E viajo até à Costa Nova, entre as «praias obscuras» para o escritor, outros pontos adequados à instalação de uma família em uso de banhos. O apontamento é breve - as memórias imensas (intensas): frequentada por algumas famí­lias de Aveiro e seus subúrbios.

Agosto 08, 2003

Rescaldos (sem «error»)

Miguel Marujo

Recordações. Voltei ao Quarteto. Aliás, voltei ao cinema (dois filmes em duas semanas consecutivas é uma pequena conquista!) - agora para ver «25th Hour/A Última Hora», de Spike Lee (belí­ssimo! mesmo de férias, corram a ver, quem - poucos? - ainda não viu). Do Quarteto relembro as suas noites longas de aniversário, a saltar de sala em sala, com gente sentada no chão porque naquelas cadeiras de "pau" já não cabia mais ninguém. Foi assim no meu primeiro ano de Lisboa, já há um ror de anos. Aquelas «quatro salas, quatro filmes» tornaram-se passagem obrigatória, por causa de alguns filmes-que-só-passavam-lá ou de outros-que-já-só-estavam-ali-em-exibição (como o filme de Spike Lee).



Entretanto, mudaram as cadeiras, chegaram e desapareceram as pipocas, os televisores da entrada passaram a transmitir a Eurosport e não os "trailers", o som melhorou (mas continua a ouvir-se a banda sonora da sala ao lado, quando a explosão é maior ou o bandido grita mais alto). Mas o Quarteto foi decaindo: lê-se de quando em vez, sobretudo quando fecha outra sala algures na cidade, e vê-se quando se repara na tela da projecção deteriorada. Ninguém lhe pega? Não vale a pena?



Monopólios. O Quarteto sofre do mal de ser "independente" (que é como quem diz, fora do chapéu da Lusomundo). Em Aveiro, o Estúdio 2002 não chegou ao ano que lhe deu nome e o Estúdio Oita aguenta-se nas mãos da Medeia Filmes, de Paulo Branco. Há mais 14-catorze-14 salas, sete no Fórum Aveiro e outras sete no Glicí­nias Shopping, todas nas mãos da Lusomundo e... Warner-Lusomundo. A diferença é óbvia: ontem, estavam em cartaz oito filmes (apenas um era diferente entre os dois multiplexes, com direito a uma exibição única às 23h45).



Cinzas. Os fogos ainda matam (já vamos em 15 mortos «restritos»), mas a situação está a melhorar, dizem os jornais e a Protecção Civil. Mantendo o que escrevi, há dias, reconheço a serenidade de Francisco José Viegas (que contestei então), recolocando algumas questões importantes. Como escreve, em «equí­vocos sem importância», «Portugal é o culpado. Mas nesses momentos é necessário, rigorosamente, recomeçar. Chorar; mas recomeçar.»



"Páses". O Lidl tem dos melhores iogurtes do mundo. Provem os de pedaços!



Cadáveres. Já tí­nhamos a democracia na Coreia do Norte, segundo Bernardino Soares. Depois veio a condenação da pena de morte em geral e a sua aceitação para a Cuba-que-sofre-o-bloqueio, na versão de Ruben de Carvalho. Agora, temos o «Avante!» a suavizar os crimes do estalinismo - e a clamar pela pureza socialista de Estaline. Os milhões de mortos são justificados pelo «inimigo nazi». Estas teses revisionistas são tão repugnantes como as que querem "apagar" o Holocausto.

Agosto 07, 2003

Públicas vidas

Miguel Marujo

«Desde há dez anos que não falo na minha vida privada» (Santana Lopes, SIC Notícias, citado pelo Público).

«Vivi sete anos com uma pessoa com uma vida pessoal muito intensa» (idem, ibidem).

Agosto 06, 2003

FÉRIAS PRECISAM-SE...

Miguel Marujo

Antes de mais dizer (ainda) presente. Férias só para a segunda quinzena de Agosto.

Tal como o Miguel dizia, perante a catástrofe apetece pouco discorrer. Ou antes ou depois. Durante é complicado, corre-se o risco de reagir a frio, ainda sem os dados todos, chover no molhado, embora chover fosse uma dádiva dos céus por estes dias...

E, no entanto, dizer algumas coisas para que esta "posta" não seja só isto!



Bombeiros.

Imaginei há dias que se poderia reestruturar as Forças Armadas para incluir uma componente de combate aos fogos florestais. Brigadas de intervenção rápidas, treinadas segundo a disciplina militar, com tácticas, porque não dizê-lo, militares de combate ao fogo. Esse grupo de elite, tipo pára-comandos dos bombeiros, teria como mais-valia a eficiência máxima proporcionada pela hierarquia rígida dos militares (não há dúvida de quem manda); o "know-how" especializado, e em constante evolução, das últimas de técnicas de combate; a responsabilidade de coordenar os restantes intervenientes: bombeiros municipais, voluntários, aviões e helicópteros, população...

Estamos a viver uma Guerra, meus senhores! Uma guerra com um inimigo que não dá tréguas!

"Prontos, tábem", mas pelo menos um bocado mais de organização entre Protecção Civil, Bombeiros, Exército, Governo, Presidentes de Associações disto e daquilo, população, jornalistas... bloguistas...



Foguetes.

Apontados como uma das possíveis causas dos fogos. O governo já proibiu, as pessoas não sabem e têm licença... o Sporting já cancelou o fogo-de-artifício da festarola de hoje à noite.

O problema é que a tradição vale muito e qualquer festa que se preze tem de ter foguetes.

Pois eu tenho uma proposta, que imaginei depois de ler outra do Pacheco Pereira no Abrupto (o seu a seu dono). Um dispositivo, atado a uma cana perfeitamente normal, que prescindisse de utilizar técnicas de pirotecnia para se elevar e fazer luz e barulho. Para tal a cana seria lançada através de uma maquineta simples, tipo tiro ao pratos. O dispositivo na ponta da cana consistiria de um flash, normal de máquina fotográfica, de um dispositivo sonoro de reprodução (com colunas de som) e de um temporizador que se encarregava de accionar as anteriores características de forma coordenada. E já me estava a esquecer de um pequeno recipiente com pó para simular o fumo. A coisa bem feita e ninguém notava a diferença. E com um elástico atado, tipo "bungee-jumping", seria um dispositivo re-utilizável. Mais tarde poderia substituir-se a normal banda-sonora "PAM Ranta-pam" por um "PAM Rantam PAM pam RanTAM pam".

E já estou a imaginar um foguete com sons "polifónicos"...



Não liguem. O ano já vai comprido e estes delírios são cada vez mais frequentes.

FÉRIAS PRECISAM-SE JÁ!

Agosto 06, 2003

Verão sem gosto

Miguel Marujo

1. A blogosfera está muito parada. Numa ronda rápida por vários blogues, muitos despediram-se a 31 de Julho ou a 1 de Agosto, dizendo que se calhar "postam" de qualquer lado, mais tarde. Aqui, o ritmo também é outro. Não fomos totalmente de férias (o Zé e o Diogo, sim) - mas sobra pouca disponibilidade para blogar. Sobretudo quando, à nossa volta, a catástrofe - a palavra é esta - é cada vez maior, em número de mortos, nos hectares ardidos, nas frentes de incêndios.



2. Depois: o calor deve andar a derreter alguns neurónios. O ministro do Ambiente meteu incêndios e ex-combatentes da guerra colonial no mesmo fogo. Guilherme Silva (lí­der parlamentar do PSD) disse que «felizmente» o número de mortos é «restrito» para a dimensão das coisas. E, na blogosfera, Pedro Boucherie Mendes meteu as suas pás ligeiras em seara alheia e atirou-se a quem não gostou do que ele escreveu sobre os fogos. Sem nos citar [não sei se nos leu, mas pouco importa para esta matéria - ver "post" anterior] diz que há quem goste de se eriçar por pouco. Quando se goza com a vida dos homens e das mulheres, eriçamo-nos, é verdade. A ele, PBM, fazia-lhe bem a humildade. Ou uns dias de férias. Carlos Vaz Marques (de quem PBM não gosta) explica com calma, sem atear mais fogos desnecessários.

Agosto 04, 2003

A ver arder

Miguel Marujo

Em casa, depois de um fim-de-semana a trabalhar - e a noticiar quase em contínuo um país a arder em desespero - olho distraído para alguns blogues que tento ler diariamente. E páro estupefacto perante a diatribe de Pedro Boucherie Mendes contra a "jornalistada" (num tique-muito-monteirista-portista-do-jornalista-acima-dos-jornalistas) que não se explica, nem explica a geografia dos fogos (deve ser o mesmo PBM que se queixa da estudantada portuguesa que não sabe nada!).

E páro surpreso, pela reacção de aplauso de Francisco José Viegas, que admiro e respeito, ao tom das "postas" de PBM sobre os fogos. FJV mete tudo no mesmo saco e descobre os rostos de quem viveu à custa dos subsídios naquelas caras sofridas de quem vê o fogo tudo levar.

No meio disto, penso, «Como reagiria eu?», se fosse um qualquer Zé ou Maria de Mação ou Oleiros ou Vila de Rei ou Sertã. Tenho dúvidas de que pensasse: «Isto não é nada, melhores dias virão, não vou chorar em fogo derramado». Ou, como escreve PBM, «A vida é mesmo isso, é começar tudo outra vez».

Não! É HIPOCRISIA A MAIS, de PBM. Sentadinho, confortavelmente no seu sofá lisboeta, a escrever no seu computador para o seu blogue, a perorar sobre o «desespero nacional, um desespero sem conta, sem peso, sem medidas»... A incendiar a blogosfera, pensa ele.

Felizmente, no fim da minha ronda, passei pelo

Outro, eu, do (também) jornalista Carlos Vaz Marques. E respirei aliviado. Há quem não se sinta acima dos «desgraçados». Leiam aqui. Vale a pena. Para apagar fogos de palavras mal pensadas.

Agosto 03, 2003

Bilhetes postais

Miguel Marujo

O país real que encheu o peito e o ego de Durão está definitivamente queimado.



A catástrofe dos fogos do dia seguinte foi de facto maior do que a do dia anterior, caro Pacheco Pereira.



Estou ansioso por ouvir (ainda) Pacheco, Vasco Graça Moura e acólitos (também da blogosfera, claro) sobre o último dossier da (muitas vezes sua "bíblia") Economist a propósito de Silvio Berlusconi.



Pelos vistos, não há fuga possível neste Verão. A agenda telefónica do suplemento diário «Fugas de Verão» "afunilou-se": depois do sequeiro de Bagão, o Público regressa com as cartas de marear de Ferreira do Amaral.



A PJ mudou de nome. Agora é a PE - Polícia das Escutas. O TIC em Lisboa mudou de nome - agora responde por TIE (Tribunal de Instruções para Escutas) - e de instalações: está disponível num qualquer telefone perto de si.



O que nos vale é Calvin e o seu inseparável Hobbes, magistrais hoje no silêncio da natureza.



[Verão a gosto (V)] E o que nos vale é a França. Bem podem os americanos mudar o nome das "french fries" para "freedom fries" que nunca terão esta bela impertinente.

Agosto 02, 2003

Bagão feliz

Miguel Marujo

Podia ser um cartaz numa manif da CGTP ou o slogan de trabalhadores à porta das dezenas de empresas que têm fechado portas. Mas não: foi o próprio Bagão Félix que o mandou fazer, sem esconder um sorriso irónico pela provocação. Reza a placa de porcelana: «Cuidado com o Bagão». Com a verdade m'enganas.

Agosto 01, 2003

Verão a gosto (IV)

Miguel Marujo

A Maxmen vai promover um concurso óptimo para este Verão: «Ponha as suas amigas na capa da Maxmen. Andamos à procura da portuguesa mais bela da freguesia!»

Na minha freguesia sei bem quem ganha. Mas vamos estar atentos às freguesias dos outros...