Agosto 29, 2003
Najaf a ferro e fogo
Miguel Marujo
Não era difícil de prever... A notícia do dia refere-se à explosão de um carro armadilhado, ocorrida à porta da maior mesquita de Najaf, quando os fiéis terminavam as orações de sexta-feira... Parece que há cerca de 75 mortos, entre os quais o ayatollah moderado Mohammad Baqir al-Hakim, que já tinha sofrido uma tentativa de assassinato no domingo passado... Até parece mentira que a minha última posta foi precisamente sobre os confrontos em Najaf...
Não sei se viram as notícias de ontem. Se viram, ficaram a saber, como eu, que a administração Bush indicou, pela primeira vez, que poderá estar disposta a aceitar uma força multinacional no Iraque, que actue sob os auspícios da ONU... desde que seja comandada por um americano!
Quem fez este anúncio foi Richard Armitage (o sub-secretário de estado norte-americano) e, apesar de todas as cautelas de linguagem, a verdade é que isto pode significar uma mudança considerável na posição americana que tem insistido que todas as questões militares, económicas e políticas no Iraque, devem manter-se sob o controlo exclusivo dos EUA.
Desenganem-se os néscios: permitir à ONU um papel de liderança no Iraque tem por único objectivo conquistar o apoio do Conselho de Segurança para um novo mandato que autorize a ocupação do Iraque por parte dos americanos.
De qualquer forma, este é apenas mais um episódio da guerrilha institucional entre o Departamento de Estado e o Pentágono. De facto, na passada segunda-feira, o secretário da defesa, Donald Rumsfeld, foi questionado sobre se conseguia imaginar soldados americanos a lutar sob o comando da ONU. A resposta foi clara: "I think that's not going to happen."
O Pentágono é um tradicional opositor da ideia de colocar soldados americanos sob outro comando que não seja o seu próprio. A última vez que tal aconteceu foi no âmbito da força das Nações Unidas que interveio na Somália... com os resultados que se conhecem!
Por outro lado, sabe-se que o secretário de estado Colin Powell é bem mais apologista deste género de soluções e há quem diga que as negociações entre ele e o secretário-geral da ONU, Koffi Annan, se encontram avançadas. De qualquer forma, digo eu, nenhuma decisão será tomada antes da abertura da sessão anual da Assembleia Geral da ONU, no final de Setembro.
A ser verdade, esta solução poderá ser meramente estratégica; mas também pode indiciar que a Casa Branca começa a duvidar que o plano do Pentágono possa resultar. Não nos esqueçamos que no próximo ano há eleições presidenciais nos EUA e que o ritmo a que os militares americanos têm morrido no Iraque desde o final da guerra não deve trazer muita popularidade... E ainda lá estão 138000 soldados!
O General John Abizaid, máximo líder das tropas americanas no Iraque, veio ontem dizer que não precisava de mais tropas americanas, mas, ao mesmo tempo, sempre foi encorajando os aliados muçulmanos (tais como a Turquia e o Paquistão) a enviarem tropas de manutenção de paz...
Ele tem razão: mais tropas americanas não vão ajudar, antes piorar as relações com a população iraquiana. O problema é que não me parece que haja muitos países dispostos a enviar soldados para manter uma paz como a que se vive actualmente no Iraque...
Não sei se viram as notícias de ontem. Se viram, ficaram a saber, como eu, que a administração Bush indicou, pela primeira vez, que poderá estar disposta a aceitar uma força multinacional no Iraque, que actue sob os auspícios da ONU... desde que seja comandada por um americano!
Quem fez este anúncio foi Richard Armitage (o sub-secretário de estado norte-americano) e, apesar de todas as cautelas de linguagem, a verdade é que isto pode significar uma mudança considerável na posição americana que tem insistido que todas as questões militares, económicas e políticas no Iraque, devem manter-se sob o controlo exclusivo dos EUA.
Desenganem-se os néscios: permitir à ONU um papel de liderança no Iraque tem por único objectivo conquistar o apoio do Conselho de Segurança para um novo mandato que autorize a ocupação do Iraque por parte dos americanos.
De qualquer forma, este é apenas mais um episódio da guerrilha institucional entre o Departamento de Estado e o Pentágono. De facto, na passada segunda-feira, o secretário da defesa, Donald Rumsfeld, foi questionado sobre se conseguia imaginar soldados americanos a lutar sob o comando da ONU. A resposta foi clara: "I think that's not going to happen."
O Pentágono é um tradicional opositor da ideia de colocar soldados americanos sob outro comando que não seja o seu próprio. A última vez que tal aconteceu foi no âmbito da força das Nações Unidas que interveio na Somália... com os resultados que se conhecem!
Por outro lado, sabe-se que o secretário de estado Colin Powell é bem mais apologista deste género de soluções e há quem diga que as negociações entre ele e o secretário-geral da ONU, Koffi Annan, se encontram avançadas. De qualquer forma, digo eu, nenhuma decisão será tomada antes da abertura da sessão anual da Assembleia Geral da ONU, no final de Setembro.
A ser verdade, esta solução poderá ser meramente estratégica; mas também pode indiciar que a Casa Branca começa a duvidar que o plano do Pentágono possa resultar. Não nos esqueçamos que no próximo ano há eleições presidenciais nos EUA e que o ritmo a que os militares americanos têm morrido no Iraque desde o final da guerra não deve trazer muita popularidade... E ainda lá estão 138000 soldados!
O General John Abizaid, máximo líder das tropas americanas no Iraque, veio ontem dizer que não precisava de mais tropas americanas, mas, ao mesmo tempo, sempre foi encorajando os aliados muçulmanos (tais como a Turquia e o Paquistão) a enviarem tropas de manutenção de paz...
Ele tem razão: mais tropas americanas não vão ajudar, antes piorar as relações com a população iraquiana. O problema é que não me parece que haja muitos países dispostos a enviar soldados para manter uma paz como a que se vive actualmente no Iraque...