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Cibertúlia

Dúvidas, inquietações, provocações, amores, afectos e risos.

Agosto 23, 2003

As (minhas) geografias de Lisboa

Miguel Marujo

A sair de Lisboa...
Há muitas geografias «nesta Lisboa que eu amo». A dos "lugares" da cidade. A das casas nos "lugares" da cidade.
Uma casa nos Olivais, depois da Expo, é uma casa «à Expo» ou «perto da». E da Expo ninguém diz que mora na freguesia de Santa Maria dos Olivais (a sul) ou Moscavide (a norte). Chelas é vizinha, mas pouco. A reconversão das "zonas" de Chelas em "bairros" resiste a preconceitos e hábitos.
A Rua da Emenda, onde vivi, não era Chiado, estava longe do Cais do Sodré e escondia-se de Santa Catarina. Quando o Pedro e eu demandámos a casa do anúncio que dizia «Lapa», quase tocávamos as Janelas Verdes, onde já era Rua Presidente Arriaga. Aí, no Beco da Bolacha, éramos espectadores da luta de classes pelas traseiras dos palacetes da Lapa, em salas iluminadas de glamour e empregados pretos de farda (verdadinha!). Talvez por isso nos sentí­ssemos no «cu da Lapa».
Quando na Rua da Fé, podia dizer que vivia ao pé da Avenida da Liberdade, mas depois de melhor explicado, o interlocutor não disfarçava a pena por me esconder no casario envergonhado e velho da colina de Santana.
Chegado à Possidónio da Silva, multiplicam-se as explicações e os desenhos: junto à presidência do conselho de ministros (mapa institucional), à Josefa de Óbidos (mapa educativo), aos Salesianos (mapa eclesial) e aos Prazeres (mapa necrológico).
Há quem pergunte por Alcântara ou Campo de Ourique. Que não à primeira, que sim nos limites do segundo. Novo contexto ensaiado: «Abaixo dos Prazeres». Nos joelhos?, interrompe maliciosamente alguém. Não, responde-se! Entre os Prazeres e as Necessidades, então? É. É isso mesmo!

Agosto 23, 2003

Traffic

Miguel Marujo

De volta de férias dou com a Cibertúlia num turbilhão.

Bem vindo Filipe.

Este ambiente frenético não me tem deixado acompanhar como gostaria o correr da pena.

Efectivamente na floresta, meu lugar de trabalho, não acedo à net com facilidade.



No entanto estou com JPP em relação ao cinema francês. Se pudesse seguia o exemplo do Pepe Carbalho e ia queimando-os numa bela lareira de Agosto. Não a todos evidentemente guardava o Jacques Tati, o Jean Vigo, o Jean Renoir, o Louis Malle ou pelo menos ficavam reservados para ocasiões bastante especiais.

O cinema americano seguia-lhe o exemplo. Silvestre, Ronaldo e Arnaldo seriam queimados com o fervor pátrio apenas igualado pelo nosso Paulinho das feiras a passar revista ou de joelhos na missa.

Bom, bom é beber um fino numa esplanada numa noite de Verão.



Portugal é imenso !!! Creio que era o Orlando Ribeiro que dizia que Portugal não era pequeno, era sim muito enrugadinho.

Quantos de vós já tinham ouvido falar do concelho de Góis ou de Oleiros. De Vila de Rei ainda se vai ouvindo pois Melriça é o centro do País. Chegou pois a hora do país olhar para o seu umbigo.

Estas férias fiz a A23, são dezenas de quilómetros de auto-estrada em que apenas se vê terra queimada.

Provavelmente alguma coisa terá de mudar para que tudo fique na mesma.

Ainda não é desta que vos falo da floresta portuguesa mas não está esquecida.